QUANDO PEDIR PERDÃO?

Quando jovens, temos a certeza equivocada que somos os senhores do nosso destino, com poder sobre a própria vontade e convictos que todas as escolhas que fazemos são as corretas e melhores para nossa vida.

Não percebemos que nos falta ainda um longo caminho para percorrer até atingirmos maturidade espiritual a fim de lidarmos com situações delicadas e escolhas definitivas que podem mudar nossas vidas e nos levar a um caminho que jamais projetamos.

Quando jovem fui assim, impulsivo, sonhador, aventureiro, volatilmente apaixonado pela vida e pelo amor, por histórias de amor que só lia em livros baratos e antigos de bancas de jornal. Cometi os erros mais estúpidos em nome do amor, talvez por querer negá-lo, por não suportar sofrer mais ou por não saber lidar com a dor da ausência do que tanto me completava e necessitava desesperadamente ter colado em mim.

Procurei projetar em outra pessoa a ilusão daquilo que precisava para suprir a falta do que me completava. Pensava eu que minha escolha não seria nociva, por querer por vontade própria que ela fosse passageira, e foi aí que cometi o maior erro até então de minha vida: Acreditar que segredos jamais serão descobertos.

Quando se ama verdadeiramente e se erra, você se revela, por culpa, por remorso, por medo de perder o que tanto zela e tanto ama desesperadamente. Diferente da grande maioria das pessoas, que cometem seus erros e oculta projetando a culpa em circunstâncias chulas, eu não conseguia deitar a noite na cama e ter um sono tranqüilo. Traí não apenas a quem tanto amava, mas aos meus princípios, a tudo aquilo que sempre tive orgulho de sustentar.

Por querer negar o que a vida me dera com tanto carinho, joguei no precipício toda uma possibilidade de uma história que só lia em contos de amor. Joguei fora um motivo pelo qual acordar todos os dias, por lutar para que o hoje fosse mágico, o amanhã sonhado entusiasmadamente e o ontem guardado com carinho.

Fidelidade é mais do que apenas estar disposto unicamente para uma pessoa. Têm haver com princípios, com planos, com sonhos, com o amor próprio e universal. A fidelidade amorosa vai mais além, pois mexe com seu interior e te coloca a prova, ainda mais quando se está distante. É provação pior que tortura física, pois machuca o coração lá no fundo onde só quem passa por isso sabe do que escrevo.

Como um ciclo, a vida me deu outra chance, numa nova história de não cometer os mesmos erros. Agora, com o espírito mais forte e sereno, posso compreender melhor as provações que passamos para ter aquilo que mais desejamos no mundo, e entender que para amar e ser fiel a um sentimento basta apenas desejarmos e cultivarmos aquilo no que acreditamos e nos completa verdadeiramente.

* Victor Matheus