POSITIVIDADE, SEMPRE

Que sonhos habitam o seu coração? Quais deles foram realizados? O que falta para torná-los reais? Você já deu o primeiro passo em busca da sua felicidade? Desde pequeno, vivi e convivi mais no mundo do Pequeno Príncipe do que na vida real, me agarrando a cometas de manga, jambo, acerola, caju e coco, simplesmente por não gostar do mundo no qual eu vivia, por achar as pessoas ruins demais, por não gostar de novelas, preferir jogar futebol de botão, ler livros da biblioteca da escola, jogar xadrez e ouvir música que não entendia o que o cantor pronunciava.

O tempo passou, e aprendi com a montanha russa de experiência e emoções ao longo dos meus vinte e poucos anos, que nossa relação com o mundo lá fora, além das pessoas, dos cachorros e gatos, do mundo virtual, deve ser sempre, em todas situações, mesmo as ruins, positivas, sinceras e construtivas. Caminhar sempre para frente, não importa o que aconteça. 

Quantas vezes nos pegamos a dizer “porque a vida é ruim?”, “porque tal coisa não deu certo?”, “por que ela, ou ele não me ama?”, “porque meu time não ganha?”... Pô! O erro está em como você se relaciona com o mundo. Em vez de perder nosso precioso tempo reclamando de tudo e de todos, porque não começar uma faxina interior e mudar nossas atitudes? Já escrevi muito sobre isso nessas linhas, mas o exercício de repetir os mantras devem ser feitos, pois é na repetição que aprendemos, até tornar esses atos reflexos do nosso subconsciente espiritual e motor.

Há muito tempo que não sei o que é dizer para o mundo que algo está ruim, que aquilo ou isso não vai dar certo... Pode parecer conformismo ou auto-suficiência, mas não é... Ser otimista só faz bem pra alma, evita o envelhecimento e nos deixa mais belos. É um fato comprovado na prática. Um sorriso distribuído na sala de aula, no trabalho, na faixa de pedestre, um abraço apertado e sincero, simples palavras mágicas como “obrigado” e “por favor” pode transformar nossos dias ruins em dias inesquecíveis. Mesmo na fila do banco, na chatice de esperar impaciente para pagar as contas, podemos encontrar um novo amor, um velho amigo, um flerte, ou algo interessante para se distrair.

Exercer a positividade sempre. É isso que deve contar no final do dia. Agradecer a vida por nos dar boas experiências, compreender que os momentos ruins também fazem parte da nossa jornada, e aprender com nossos tropeços. Evoluir sempre. Dizer para o mundo o que desejamos para nós é o primeiro passo para caminharmos numa boa direção. Eu aprendi isso há um bom tempo, com muito exercício, sem medo de tentar, arriscar e perder. E você, o que está esperando para fazer o mesmo?

* Victor Matheus

PASSO A PASSO, TEMPO AO TEMPO

O mundo anda tão complicado mesmo ou somos nós que não percebemos que a vida pode ser mais simples de ser devorada? Que na ansiedade de abraçá-la, começamos nossa jornada apressadamente, mas no fim do caminho degustamos cada passo de uma vez, demoradamente, subliminarmente, tranqüilamente, contemplando cada segundo de nossa existência até a partida definitiva desse mundo.

Nossa jornada é como lenha. Pare e pense na filosofia anti didática desse que vos escreve: Quando nascemos, temos uma urgência descomunal em devorar o mundo; Pequeninos, usamos o tato, o olfato, e principalmente o paladar para conhecer o mundo lá fora; É fato, criança que não come areia, pedra, morde a barra da saia da vó não é saudável... Criança que não corre descalço na rua, não fura o pé, não arranca o dente com linha de costura, não dança lambada, música da Xuxa, da Angélica, da Mara Maravilha, gosta de Smurfs, Caverna do Dragão, não é saudável... Opa! As crianças dos meus tempos...Isso ainda acontece hoje em dia? E temos pressa...muita pressa... Na ânsia de abraçar a vida, não temos controle nos passos. É um corre pra cá, um corre pra lá, guri pulando, guri tropeçando, guri caindo e se levantando, guri dando risada da própria travessura... Quando começamos nossa caminhada nesse mundo nossos passos são rápidos, corridas infindáveis por sede de conhecimento.

O tempo passa, e nosso corpo vai amadurecendo, então depois de correr, pular, tropeçar, conhecer o mundo lá fora, suas cores, sabores, sons e formas, a urgência dá lugar a um estado mental e físico que chamo de “entendimento de propósito”. Geralmente nesse período da vida os conflitos emocionais dominam nossos dias. Descobrimos o lado de dentro, e um novo universo é apresentado: O mundo das emoções. A urgência agora acontece no lado de dentro da gente, em amar, em sonhar, em querer o mundo todo dentro da gente agora mesmo! Estabelecemos nossas primeiras relações, e deixamos de lado a parte mais gostosa do tempo. A infância agora habita nossa memória. Seguimos em frente porque só temos esse lugar para onde ir. A maioria de nós sobrevive a esse período. Alguns com cicatrizes de espinhas no rosto, outros que não aceitam a chegada dos tempos de gente grande, os eternos peter pans, mas num tudo, sobrevivemos.

Então, depois dos tropeços, da pressa em abraçar o mundo lá fora, de entender o universo interior, separar Deus, pai e mãe, Buda, Universo, água, vinho, amor, e ódio, e outras coisas, começamos uma etapa que molda por definitivo quem seremos daquele ponto em diante. Gosto de chamar esse período de “Assepsia Emocional”. Selecionados nesse período de nossa jornada só o que deve permanecer de bom em nosso mundo. Não ligamos mais para coisas por menores. Contas a pagar ainda nos atormentam mas começamos a contemplar a vida de forma mais serena, mais harmoniosa. Aceitamos nossos defeitos e evoluímos inconscientemente, involuntariamente. É como se uma chave virasse dentro de nossa alma e nos mostra-se que não precisamos mais remar contra a maré. Que melhor mesmo é deixar a onda nos levar, e que o tempo nos guiará até o melhor porto. 

E no fim de nossa jornada, depois das corridas, tropeços, da busca e entendimento do nosso propósito dentro do universo, da assepsia emocional, finalmente chegamos a parte mais interessante e sublime de nossa caminhada. Os passos agora são demorados, os olhos correm devagar nas aquarelas do dia, temos mais tempo para tudo, e principalmente tempo para nós mesmo. Olhamos com carinho para o que ficou guardado no livro da saudade. Chega a vez do ciclo mais incrível, que alguns têm a dádiva de vivenciá-lo, o qual chamo de “passo a passo, tempo ao tempo”. Nesse período a vida passa a ter um sabor especial. É como se voltássemos ao início de tudo, mas com sabedoria... É o ciclo do fim de nossa jornada nesse mundo, e quem sabe o primeiro de um nova jornada que chegará em breve. Acredite.

* Victor Matheus

SIGA EM FRENTE

O que é a vida senão a soma de dias bons, dias ruins, dias de chuva, dias de sol, dias nublados e dias com chocolate? Ando pensando muito sobre esses ciclos. Vez ou outra o passado resolve retornar ao nosso presente. Decide simplesmente bater na porta, ocupar os espaços e reivindicar os títulos conquistados. As velhas emoções cheias de poeira, guardadas na gaveta da saudade tomam conta novamente dos pensamentos, das vontades voluntárias do corpo, inconsciente dos sonhos.  Isso acontece em sua vida também?

Penso... Penso... E penso de novo porque de tudo isso agora? Quando nosso espírito diz para o mundo que está tudo bem, que podemos seguir em frente, algo lá de trás, que ficou há muito tempo deixado de lado, resolve, não tão simples assim, reaparecer em nossa jornada. Isso me faz pensar e reafirmar novamente que a vida é feita de eternos ciclos. Uma engrenagem de histórias cuidadosamente organizadas não por nossa vontade. Apenas pelo acaso. Apenas pelo resultado de nossas escolhas. Talvez aquela velha história do que costumamos escrever nestas linhas, de compartilhar com o mundo o que queremos que o mundo nos devolva seja mesmo uma lei universal.

Nem sempre estamos preparados para lidar com essas experiências, por mais que digamos ao espelho que somos fortes, que somos serenos, que somos mansos como uma lagoa... Remexer em cicatrizes as vezes pode doer muito, e fazer do que era saudade, um sentimento estranhamente ruim e incomodo. As dores do amor, as dores da ausência, as dores das mágoas são tão nocivas ao nosso espírito que se tornam capazes de quebrar completamente nossas barreiras construídas cuidadosamente para não permitir nos machucarmos mais. Respiro dias assim. De repente, é preciso deixar um pouco de espinho tomar conta dos nossos dias, até brotar novas rosas, ver o arco íris de novo.

Para muitos, momentos assim não servem para nada além de lágrimas, mas pra mim, até  em capítulos turbulentos, há beleza para se contemplar. Por isso eu sigo em frente, insisto, persisto no foco, continuo na fé, dos dias melhores. Eu sigo a jornada, deixo o passado me visitar, mas não dedico muito tempo a olhar pra trás. Vou abraçando o mundo, e se ele me devolve coisas nem sempre boas, eu sei que tem propósito também. Não podemos sempre sorrir pra vida, mas nem por isso deixamos que ela se torne um fardo para nosso espírito. Quando a gente aprende algumas lições, como enfrentar os tropeços, confrontar nossos medos, deixar o passado voltar a tona e não sentir mais as feridas gritando no peito, nos fortalecemos. A vida tem dias bons, dias ruins, mas a gente segue em frente, sempre.

* Victor Matheus