TENTE OUTRA VEZ

Confesso que há momentos na vida que a fonte seca momentaneamente. Quando isso acontece o que fazer? Buscar no divino as respostas para nossas angústias? Nos encolher feito casulo, repelir tudo e todos por medo ou insegurança, ou apenas ter paciência e esperar um novo sol nascer?

O ano de 2011 marcou profundamente minha existência em todos os aspectos. Como uma verdadeira montanha russa, fui do alto ao profundo das emoções, oscilando ciclicamente, experimentando todos os sentimentos dia após dia, vivenciando novas histórias e reescrevendo meu destino. Também foram muitos os tropeços, mas em contrapartida muitos sorrisos eu vi brotar no rosto das pessoas que amo, e em mim mesmo. No final dessa jornada vi que tudo, torto ou reto valeu a pena.

Valeu a pena cada dia, mesmo os ruins, os de angústia, de abraçar o travesseiro e chorar, os dias chuvosos, de solidão, de incertezas, de medo de estar caminhando no escuro. Valeu a pena cada segundo que respirei, sentindo o sopro da cruviana encher meus pulmões de vida, compartilhar as alegrias, os abraços, o beijo, o sexo, o amor, a paixão... celebrar as amizades verdadeiras, me reencontrar depois de caminhar perdido sem direção, me refazer, reinventar, aceitar os erros, e principalmente exercer  o amor.

Quantas vezes a gente pode ter durante o ano o privilégio de tentar outra vez? De recomeçar, mesmo sabendo que tropeços poderão acontecer e mesmo assim mergulhamos no abismo infinito das possibilidades que a vida nos dá de sermos felizes? Já parou para pensar como somos privilegiados, e mais ainda, abençoados por ter a chance de caminhar nesse mundo, mesmo que as vezes nossa estrada tenha espinhos e topamos em pedras nem sempre boas? Pare por um segundo e reflita, olhe ao seu redor, filtre tudo e deixe apenas as coisas boas. Consegue sentir novamente a mesma emoção do passado ao lembrá-lo? Sente o coração batendo forte quando se lembra do beijo demorado, do cheiro da pele, do corpo quente após o gozo, do sol nascendo, brindando uma noite inesquecível?

Devemos apenas, somente mesmo, e isso eu faço pra mim uma regra, guardar apenas o que foi bom durante todo o ano que passamos. As experiências negativas também se tornam válidas como aprendizado, mas desnecessárias de serem cultivadas no coração. Deixe pra lá o que aconteceu de ruim, afinal lágrimas também fazem parte de um belo rosto, e as vezes, ou melhor, muitas vezes são o melhor remédio para curar as feridas adquiridas em nossa caminhada nesse mundo. Use a vassoura do esquecimento para deletar do seu espirito aquilo que não soma mais a sua vida.

Entre tantos segredos do mundo novo, o mais nobre de todo é o cultivo do amor, em toda sua amplitude. A lição que fica no fim de mais esse capitulo de nossa vida é que sem amor no que fazemos, no que sonhamos, no que vivenciamos tudo perde o sentido. A paixão nos move todos os dias, e este desejo deve permanecer sempre. Sem medo, sem receio, se for preciso a gente pula no abismo quantas vezes for. Tente, tente outra vez, e de novo, e mais uma vez, e não desista nunca de buscar sua felicidade. Eu aprendi que para ser feliz não precisa de motivos. Também aprendi que se a gente abraça o mundo, o mundo nos abraça.... é como sempre compartilho: Que hoje seja um ótimo dia, o melhor da nossa vida, porque tudo acontece agora e não há tempo para se perder. 

Feliz 2012.

Victor Matheus

A COR DO PECADO


Um simples gesto. Apontou os meus olhos instintivamente para o seu mundo. Estava ela adornada de sorrisos, belíssima em retrato, envolta num manto vermelho exalando fogo e paixão, quase uma deusa estrelar de fruto proibido, ainda que saboroso e tentador, mas proibido.

Não sabia ainda de minha devoção até aquele instante, mas fui desarmado contra vontade com a tal situação. Não há mais como esconder esse fogo que arde no peito, essa vontade insana de lhe rasgar os tecidos, de assoprar seu corpo lentamente até sentir os pelos arrepiarem. O que está acontecendo comigo? Aonde chegarei com estes devaneios? Será o fogo da paixão consumindo meu equilíbrio?

Lentamente fui acordando desse delírio, me impondo uma auto censura necessária para aplacar os pensamentos carnais imaculados. Pouco adiantou. Aquele quadro pintado de beleza não sai mais do pensamento. A vontade de tê-la corpo no corpo, trocando fluídos, saciando a libido está consumindo meus dias desde então. Que aperto estranho no peito, que descontrole é esse que me domina? Aonde esse rio de desejo vai transbordar?

Com disfarce, sutilmente procuro insistentemente sufocar as idéias mais insanas que agora habitam meus pensamentos. Confesso ao espelho os meus segredos, vomito no papel as angustias, a tortura de ouvir a respiração dela e navegar em pensamentos impróprios para tal situação...

Só me resta relutante, sufocar essa vontade danada e sem jeito de pegá-la pelo quadril e lhe arrancar um beijo! A lógica grita ao pé do meu ouvido que eu mantenha o respeito... A cor do pecado tem nome, tão musical que posso pronunciar pausadamente no relevo daquele corpo, mas tudo que tenho é somente um retrato, um definitivo retrato que tirou a paz e o meu sossego...

Victor Matheus

#fragmento do conto A COR DO PECADO.

O CAMINHO DA FELICIDADE

Certa vez um tal Gandhi disse que “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”. Não sei de que forma esse simples mantra pode ecoar no seu coração mas no meu causa sempre uma profunda e positiva reflexão que me faz enxergar além da linha que beija o horizonte e suspende minha consciência ao ponto de me comungar com o divino.

Acredito no poder das palavras, na capacidade que elas têm de transformar profundamente nosso inconsciente que por muitas vezes está seco de sentimento e vida por algo magnífico como um quadro de Da Vinci, uma melodia de Paganini, um céu estrelado de verão, um álbum de fotografia da nossa infância, um passeio no parque de diversão.

Tem dias que a gente acorda com vontade de andar sem direção, apenas caminhar para frente, seguir sem olhar para atrás, divorciado da saudade, sem pensar num abraço compartilhado, num sorriso que te faz bem, um último pensamento de carinho a quem se ama antes de adormecer e se revitalizar para um novo dia, um novo sol nascente... Simplesmente caminhar sem destino, sem medo do mau, apenas ouvindo a voz do coração e conversando com o silêncio.

Há dias intensos também, que dá vontade de engolir o mundo num gole só! A ordem é fazer tudo no agora, de imediato, e pra já, sem censura ou medida de conseqüências quase sempre nocivas quando a vontade é da carne e não do coração... É uma vontade danada de respirar todo ar do mundo, de querer distribuir sorrisos, doar amor, se dividir em mil pedaços, virar luz e ainda assim continuar vivo. Uma mão dupla de ação, energia, sentimento, que nunca tem ponto de chegada. As vezes é até estranho, mas quem nunca sentiu isso um dia?

E ainda há dias de se pedir perdão, de refletir sobre os erros, de purificar o espírito, de estender a mão e se permitir outra chance. São dias de recomeço, de novos ciclos. Mas e as palavras e seus poderes místicos que citei no começo da prosa? Ah! O segredo está bem diante de nossos olhos, basta crer... Porque perder tempo reclamando da vida, quando a mesma vida te dá infinitas possibilidades? Por que lamentar o que passou e que nunca mais voltará se na próxima esquina pode estar um novo amor? Por que se entorpecer de ilusão ou fingir que está tudo bem ao invés de derramar lágrimas sem receio, apertar o travesseiro e esperar a chuva passar? Não há por que ter vergonha de nossas fraquezas.

São dias assim que percebo como sou um cara de sorte, abençoado por ter o privilégio de fazer parte desse universo, me encontrar e reencontrar infinitamente, por estar sempre buscando estabelecer laços verdadeiros e sinceros de sentimento e afeto com outras pessoas, trocar abraços, olhares de carinho, apertos de mãos, sentir o calor do espirito transcender a matéria e caminhar para frente. Eu sou mesmo um cara de sorte e eternamente grato por essa dádiva.

E o poder das palavras? Existe mesmo? Já dizia Drumond que “Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”... Ainda bem que não sou o único que pensa assim.

* Victor Matheus

OPERAÇÕES MATEMÁTICAS DO DIA A DIA


Encontramos em nosso dia a dia muitas metáforas dispersas aleatoriamente que podemos aplicar de forma prática, dinâmica, que realmente são capazes de transformar nossas vidas. Uma delas me chamou a atenção essa semana, durante alguns momentos quando o pensamento toma conta do corpo e paramos nossas ações repentinamente. Cheguei a seguinte conclusão que podemos aplicar as operações básicas da matemática em situações das mais diversas do cotidiano, podendo colher bons frutos. É claro, não podemos generalizar a receita mas experimente utilizar também.

Compartilho então algumas dessas “metáforas”, que pelo menos para mim, funcionou de forma satisfatória, então vamos dividir com os demais. Porque não? Opa! Está vendo aí? Acabamos de aplicar uma operação, a divisão. Divida seus pensamentos, seus sentimentos, e não exite nunca em demonstrar para quem tem valor em sua vida o quanto essa pessoa é especial. O mundo está carente de afeto e nada melhor que se dividir para multiplicar.

Multiplicar? Aí está outra operação matemática em nosso dia a dia. Não falo exatamente de perpetuar a espécie, mas de multiplicar boas energias e vibrações. Sorrisos distribuídos gratuitamente multiplicam sorrisos, abraços igualmente, e um bom dia para o “vizinho” do banco ao lado do ônibus com certeza se multiplicará em outros logo a seguir. Somando as forças em favor da mesma ação podemos tornar simples gestos forças geradoras capaz de transformar a vida de quem nem imaginamos. Já sonhei isso certa vez.

Então se somamos forças, estamos aplicando outra operação matemática, por que nada melhor que somar nessa vida. Mãos unidas tem força maior, mentes trabalhando no mesmo objetivo reduzem o tempo de esforço e assim por diante. Isto é somar, e ir mais além. Podemos em qualquer situação somar com o próximo ao lado, como por exemplo na faixa de pedestre, quando uma senhora ou senhor de mais idade precisa de auxílio e muitas vezes necessitam de alguem para estender a mão e ajudá-los a atravessar a rua. Porque não fazer? Por medo? Por vergonha? Negar ajuda não faz bem e empobrece o espírito.

Agora você se pergunta: E a subtração? Onde fica nessa história toda? Poderia aqui discorrer sobre essa operação e contextualizar com nosso dia a dia, mas este exercício deixo para você que compartilha comigo esse espaço. Multiplique essa semente e ajude a somar a corrente de bons pensamentos, energias e vibrações, porque afinal muitos por aí pensam no lado negativo da vida, em reclamar de tudo, com medo do fim do mundo e esquecem de viver o agora, pensar para frente e não se machucar ao olhar para atrás. Para mim, menos também é mais, pois onde não há, seja o que houver, devemos levar, fazer diferente e transformar de forma positiva, para depois dividir, e se multiplicar. Assim o ciclo se repete. Exercite. Fará bem para você, como faz para mim. 


* Victor Matheus 

TEMPOS SABÁTICOS

A vida é um eterno ciclo de capítulos com início, meio e fim. Cada um deles, em suas dimensões, quando unidos pintam um belo livro, de ficção, realidade, romance, drama, comédia, ou tudo junto e misturado.

Eu, enquanto ser pensante não ligo muito para as coisas materiais desse mundo, apesar de ser réu confesso quando o assunto são os vícios, pois muitos deles eu tenho, mais cármicos do que materiais, mesmo assim vícios que precisam ser extinguidos.

Ser viciado em sentimentos nem sempre é bom pois acabamos nos tornando dependentes de tal elemento que não podemos comprar em bocas de fumo, em casas noturnas ou na parada do ônibus tornando-os raros e extremamente danoso ao espírito. Encontramos apenas dentro de nós mesmos e quando temos uma overdose, sucumbimos de vez ou nos tornamos mais fortes.

Temos então várias formas de vícios, mas como lidar com todas elas? Há tratamento para os eternos amantes? Para os viciados na dor? Para os representantes do desapego? Para os missionários da misericórdia? E quem pode julgar o que é certo ou errado, o torto ou o reto?

Quem sabe é a hora dos tempos sabáticos, da reclusão, da autoflagelação do espírito para expurgar o que há de excesso e preencher o que está vazio. Precisamos cultivar mais a compaixão, a fidelidade e boas vibrações. Falta abraço nesse mundo, sorrisos e apertos de mão e tem sobrado tanta indiferença, egoísmo e solidão que chega ao ponto que dizer palavras simples e sinceras soam como caretice ultrapassada ou papo sentimental.

O que é certo e errado nessa história toda? Sinceramente não sei, mas sei que se nos virássemos do avesso e colocássemos na mesa o que há de mais secreto em nossos corações, talvez o mundo seria mais colorido, justo e harmonioso. Nisso eu acredito.

* Victor Matheus

A MINHA VIDA É O ROCK N'ROLL


Na última quarta feira, 13 de julho, comemorou-se o Dia Mundial do Rock. Até aí tudo bem, uma data comemorativa celebrada mundialmente. Então, questionei a mim mesmo o que essa data em especial significa em minha vida. A resposta? Se não tudo, mas grande parte de um todo, de uma história de 20 e poucos anos vividas volatilmente sem medo do perigo, mas com tesão para se viver 4 vezes mais.

Ao flertar meu passado, percebi que a música, em especial o rock, anda de mãos dadas comigo desde quando mal sabia pronunciar as palavras. Lembro de ver um vídeo meu pequenino, pouco mais de 2 anos, dançando freneticamente e cantando “Hey Jude”, na versão de Ritchie, lá pelos já cults anos 80.

Logo depois, com cerca de 7 anos, descobri os discos de vinil, e numa atitude arteira, roubava-os para escutar sozinho na minha casa, enquanto meus pais trabalhavam. Não sabia que língua aqueles cantores falavam, mas o som me seduzia e me enchia de uma estranha vontade de fazer parte daquele mundo.

Aí veio o primeiro instrumento, o violão, os primeiros acordes ensinados por meu pai. A impaciência por tentar ler partituras me fez largar os estudos formais de música, e resolvi caminhar pelas próprias pernas e aprender do meu jeito, torto ou não, mas do meu jeito.

Então chegou a adolescência, e uma urgência em gritar para o mundo que eu fazia parte dele, e queria ser ouvido. Conheci o rock nacional oitentista, veio a guitarra, a primeira banda, as primeiras composições, e os shows. Descobri que o melhor lugar para se estar depois do útero de minha mãe era o palco.

Ali, durante alguns minutos, ou várias horas, me sinto uma pluma levitando ao sabor do vento, o corpo aditivado de adrenalina, a mente em total expansão, e um sentimento de que não há lugar melhor para se estar.

Ao rever minha pequena trajetória nessa vida, percebi que qualquer pessoa, quando almeja algo verdadeiramente e busca isso com o coração, sem medo dos tropeços, nada pode pará-la. Hoje, eu sei, que amores podem passar, dias ruins podem vir, a tempestade pode chegar, mas no fim de tudo, se eu tiver minha guitarra, um papel e caneta, já me basta para estar em equilíbrio. Hoje eu sei, que a minha vida sempre será o rock n'roll.

* Victor Matheus

UM FUTURO BOM


Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. O mantra cantado quase canonicamente por Raul Seixas reverberou a primeira vez na minha alma quando ainda era garoto e me fez entender que para qualquer sonho que tivermos nessa vida, só basta corrermos atrás e unir as mãos.

Desde muito cedo, sempre fui à luta pelos meus sonhos, que foram se transformando ao longo do tempo e se realizando um após o outro, conforme a trilha sonora se modificava na minha consciência. Tive a oportunidade, como artista, de tocar para grandes platéias, com bandas e cantores consagrados, gravar minhas canções, lançar um disco. Senti minha missão cumprida. Já estava satisfeito, mas à medida que os sonhos se realizam, percebi que novos surgem e o ciclo se perpetua.

Agora, quero mais, estar na frente e atrás do palco, proporcionar para quem admiro, gosto de graça e vejo talento, ter o mesmo êxtase e a mesma experiência que tive no passado. Porque não compartilhar sonhos se podemos faze-los todos se tornar reais?

A gente consegue sentir amor, pelos filhos postiços, e conseguimos ter o mesmo gozo ouvindo uma canção não feita por nossas mãos. É possível sim, unir as mãos e mentes e caminhar juntos numa direção que leva a luz. Hoje sei que isso é possível, e acredito fielmente nessa reflexão.

Precisamos sempre renovar os ânimos, erguer a cabeça e dar o próximo passo, sem medo dos tropeços ou da incerteza, por que sempre um futuro bom estará por vir, já dizia a oração.

Ainda serei um eterno engraçado a escritor e poeta, modesto guitarrista que tenta cantar, que hoje tenta alçar novos vôos, sem medo do precipício, e enquanto mirar num futuro bom logo à frente, jamais desistirei de alcançar tudo que quero. E essa a verdade que eu mentalizo.

* Victor Matheus

CULTIVE O AMOR


Pare e pense por alguns segundos: Qual foi a última vez que você deitou na grama e contemplou um céu estrelado? Aliás, você já fez isso alguma vez na vida? Agora pense por mais alguns segundos: E quando foi a última vez que você acordou com o sol nascendo, sentado confortavelmente numa cadeira de balanço, ouvindo atentamente o canto dos pássaros, o sabor do vento, e o calor do sol aquecendo sua alma?

Vivemos num mundo atual de tanto egoísmo, que esquecemos muitas vezes da beleza do universo ao nosso redor. Falamos línguas diferentes, nos isolamos atrás de computadores, pagers, celulares chegando ao ponto que cartas, bilhetes e telegramas se tornaram coisa do tempo da vovó, o que não é nem de longe muito tempo assim. Então eu me pergunto qual o real sentido dessa ilusão? Vivemos realmente na matrix ou acabamos nos condicionando a esse mundo artificial onde damos mais valor ao numero de comentários em nosso facebook, de twitters e afins ou apenas ao que realmente importa em nossa vida, as relações afetivas, os sentimentos cultivados, a comunhão com o próximo?

Quando esse panorama desenhado nos revela um futuro pessimista, eis que me vem na lembrança uma canção que escrevi há algum tempo. O refrão “cultive o amor, cultive amor, só amor” me fez lembrar outra vez que não importa o quão distante estamos do mundo real e ideal, das pessoas, das línguas, dos costumes, pois quanto temos música, falamos no mesmo tom. Percebi que nosso esperanto são as notas, os acordes. É quando verdadeiramente nos dividimos com o próximo, quando cultivamos os mais nobres sentimentos, e quando nos esquecemos do material, do egoísmo, e de toda e qualquer semente que não seja importante para nosso crescimento pessoal.

Por mais que tudo pareça ruim, que as lutas pareçam perdidas, que falte a força para o próximo passo, e que o medo em arriscar persista em nosso pensamento, não devemos jamais desistir de cultivar os verdadeiros sentimentos em nossa vida, e o primeiro deles, o amor, é a porta para todas as possibilidades que temos logo a frente. Quando há amor no que fazemos, nos conectamos com o universo de forma profunda e intensa, e percebemos que somos partes de um todo maior, capaz de transformar lágrimas em sorriso, escuridão em luz, por isso cultive o amor, cultive amor, só amor.

* Victor Matheus 

CRESÇA INDEPENDENTE DO QUE ACONTEÇA


Hoje não escreverei sobre música ou cultura, mas sobre algo mais íntimo, profundo, que transforma todo ser humano. Hoje escrevo sobre o que nos faz crescer. A roda gigante,a montanha russa de altos e baixos na qual damos o nome VIDA.

Ainda é difícil para um rapaz dos seus vinte e poucos anos escrever sobre sentimentos tão nobres e profundos, pois eu sou um mero coadjuvante e recém chegado ao mundo. Ainda estou aprendendo com os erros e acertos, mas no pouco tempo de existência nesse universo, aprendi que para qualquer ato na vida, para apreciar a roda gigante, degustar os altos e baixos dela, precisamos ter sempre em nosso coração bons sentimentos que se multipliquem gratuitamente.

As vezes damos valor a tanto status, ao melhor carro, a garota mais bela, a festa mais badalada, que esquecemos pequenas frações do cotidiano que tem valor inatingível e duradouro, mas que deixamos passar por falta de sensibilidade. Pare e pense: Qual foi a última vez que você abraçou seus pais, beijou-os no rosto, olhou profundamente em seus olhos e disse que os amava? Quando recentemente resolveu parar tudo, e ir a casa de um velho amigo de infância somente para saber da sua vida, relembrar boas histórias, dar gargalhadas e cultivar uma amizade verdadeira? E o grande amor? Aquela história mal escrita que teve um fim repentino, já parou para tentar fazer um final diferente e melhor?

Muitas vezes em nosso caminho, deixamos escapar frações de felicidade plena que são como sementes que precisam ser cultivadas. Um “bom dia” para um estranho, um abraço no irmão, um beijo quente e duradouro na pessoa amada, uma mensagem de carinho podem transformar completamente o dia de alguém, e por que não perdoar aqueles que te feriram um dia?

Há dor e maldade nesse mundo suficiente para nos consumir, mas também há muito amor, luz, e pessoas capazes de transformar nosso dia e fazer dele algo inesquecível para todo o sempre. Aprendi que não precisamos de muito para sermos felizes, apenas distribuir sorrisos e abrir nossos corações para o que é bom e verdadeiro na vida. Devemos crescer em todas as direções, independente do que aconteça, pois no final de nossa jornada, poderemos olhar para atrás e ver que valeu a pena cada alto e baixo da montanha, apreciar a vida lá do topo da roda gigante, e agradecer por ter feito parte desse universo. Somos partes de um todo, e no fim seremos todos um de novo.

* Victor Matheus

A MEDIDA DO SUCESSO

Sabemos o que ser de nossas vidas desde o momento da concepção. Está impresso no DNA as características físicas, emocionais e vocacionais. É uma conclusão empírica que faço apenas considerando a sabedoria adquirida nos meus poucos anos de existência física nesse universo.

A busca pelo sucesso é uma ação exclusivamente pessoal. Cada um de nós, e somente nós, podemos determinar a medida dele: Para uns, um bom emprego que pague as contas, casamento, filhos, a compra da casa própria, a serenidade espiritual e o bem estar físico. Para outros, a ambição se torna maior, ultrapassando o senso comum e priorizando o lado material. Nesse contexto podemos colocar grande parte das pessoas, sem julgar suas razões.

Decidi ir contra a maré. Após 10 anos de carreira artística, atingi satisfatoriamente meu ideal de sucesso. Conquistei tudo aquilo que me propus como músico a fazer. Gravei canções e discos, fiz shows e turnês pelo Brasil de Norte ao Sul, dividi o palco com grandes ídolos da minha juventude, viajei de barco, ônibus, avião, carro, carona, fui reconhecido por fãs em lugares pitorescos, dei autógrafos, e como diz o rei Robertão “...chorei, sorri...emoções eu vivi”.

Não alcancei o status de astro em nem tenho essa pretensão. Deixo para os prepotentes. Tão pouco ganhei dinheiro suficiente ao ponto de fazer da música uma profissão. Passo pouco mais que dias contatos durante o ano na estrada, divididos em finais de semana por conta dos compromissos de trabalho, estudo e pessoais. Sou feliz por ter vivido tudo isso e não mudaria nada.

O reconhecimento como artista e músico influente admirado pela minha arte, uma voz que sempre é ouvida e valorizada por suas opiniões, o aplauso do público, proporcionar diversão para as pessoas que me assistem mesmo que muitas vezes sendo menos de algumas dezenas, a satisfação de dividir o palco com dois amigos,gozar do prazer de estar fazendo o que mais amo nessa vida e dar orgulho aos meus pais são as conquistas que sempre almejei quando era apenas um garoto afoito, magro, cabeludo, cheio de espinhas, com violão nos ombros e um sonho de ganhar o mundo.

Não pretendo ser exemplo de nada pois cabe a cada pessoa saber onde quer chegar e que sucesso alcançar. Sinto apenas uma vontade de compartilhar minha história, para quem sabe servir de inspiração ou simplesmente um exemplo do que não fazer para aqueles que compartilham dos mesmos sonhos que eu. A vida é muito breve para nos lamentarmos por aquilo que deixamos de fazer por medo, receio ou dúvida. Por isso, corra atrás dos seus sonhos,seja determinado e serás um ser humano completo em sua essência, em paz com o espelho e feliz consigo mesmo.

* Victor Matheus

QUANDO PEDIR PERDÃO?

Quando jovens, temos a certeza equivocada que somos os senhores do nosso destino, com poder sobre a própria vontade e convictos que todas as escolhas que fazemos são as corretas e melhores para nossa vida.

Não percebemos que nos falta ainda um longo caminho para percorrer até atingirmos maturidade espiritual a fim de lidarmos com situações delicadas e escolhas definitivas que podem mudar nossas vidas e nos levar a um caminho que jamais projetamos.

Quando jovem fui assim, impulsivo, sonhador, aventureiro, volatilmente apaixonado pela vida e pelo amor, por histórias de amor que só lia em livros baratos e antigos de bancas de jornal. Cometi os erros mais estúpidos em nome do amor, talvez por querer negá-lo, por não suportar sofrer mais ou por não saber lidar com a dor da ausência do que tanto me completava e necessitava desesperadamente ter colado em mim.

Procurei projetar em outra pessoa a ilusão daquilo que precisava para suprir a falta do que me completava. Pensava eu que minha escolha não seria nociva, por querer por vontade própria que ela fosse passageira, e foi aí que cometi o maior erro até então de minha vida: Acreditar que segredos jamais serão descobertos.

Quando se ama verdadeiramente e se erra, você se revela, por culpa, por remorso, por medo de perder o que tanto zela e tanto ama desesperadamente. Diferente da grande maioria das pessoas, que cometem seus erros e oculta projetando a culpa em circunstâncias chulas, eu não conseguia deitar a noite na cama e ter um sono tranqüilo. Traí não apenas a quem tanto amava, mas aos meus princípios, a tudo aquilo que sempre tive orgulho de sustentar.

Por querer negar o que a vida me dera com tanto carinho, joguei no precipício toda uma possibilidade de uma história que só lia em contos de amor. Joguei fora um motivo pelo qual acordar todos os dias, por lutar para que o hoje fosse mágico, o amanhã sonhado entusiasmadamente e o ontem guardado com carinho.

Fidelidade é mais do que apenas estar disposto unicamente para uma pessoa. Têm haver com princípios, com planos, com sonhos, com o amor próprio e universal. A fidelidade amorosa vai mais além, pois mexe com seu interior e te coloca a prova, ainda mais quando se está distante. É provação pior que tortura física, pois machuca o coração lá no fundo onde só quem passa por isso sabe do que escrevo.

Como um ciclo, a vida me deu outra chance, numa nova história de não cometer os mesmos erros. Agora, com o espírito mais forte e sereno, posso compreender melhor as provações que passamos para ter aquilo que mais desejamos no mundo, e entender que para amar e ser fiel a um sentimento basta apenas desejarmos e cultivarmos aquilo no que acreditamos e nos completa verdadeiramente.

* Victor Matheus