O MELHOR ANO DE NOSSAS VIDAS

Chegamos ao final de mais um ano, mas não de qualquer ano. Estou falando do melhor ano de nossas vidas, 2012. A grande maioria acreditou que seria o útlimo dessa vida como conhecemos, o fim do mundo, o apocalipse, o juízo final, a abertura da caixa de Pandora, a ejeção de massa coronal do sol que aniquilaria a humanidade, a colisão do planeta X, ou planeta nibiru com o planeta terra, a anã vermelha misteriosa que limparia do sistema solar a raça humana... e tudo aconteceria no dia do meu aniversário, 21 de dezembro de 2012. Felizmente aqui estou novamente nestas linhas, o mundo não acabou e continuamos vivos, com saúde, e muita luz para compartilhar.

Dois mil e doze foi um ano que mudou profundamente minha concepção sobre muitos valores da vida. Mudei de lado, passando de filho para pai de uma linda menina que está muito próxima de andar neste mundo. Descobri, ou talvez tenha redescoberto emoções há muito tempo suprimidas no meu inconsciente. Percebi a beleza da vida em sua maior plenitude, e aprendi duramente que não é fácil ser responsável por uma nova vida, uma família que construi inesperadamente, mas que foi muito bem vinda, mudando pra melhor o sentido da minha jornada neste mundo.

Aprendi a compartilhar mais, ser menos egoísta, e enxergar a vida como um grande e interligado organismo de relações, atitudes, tato, olfato, pensamentos, sonhos, objetivos e emoções... Aprendi que muito mais que viver apenas respirando, precisamos entender que para se estar vivo não basta apenas isso, mas querer muito mais da vida, extrair dela tudo que pudermos no tempo que tempos neste mundo, pois não sabemos o dia de amanhã, e muito menos o que virá no próximo minuto.

Talvez nossa vida acabe num copo de wisky, como dizia Raul, talvez sejamos arrebatados como afirma o livro bíblico do Apocalipse, talvez nosso coração simplesmente pare de bater quando estivermos dormindo, ou talvez viveremos para sempre, pelo menos na memória daqueles que nos amam... Não sabemos ao certo, por isso não temos tempo a perder com pequenos tropeços que possam desviar o sentido de nossos passos.

A maior lição que tiro deste ano não precisa de palavras para ser descrita, e mesmo se houver não saberia quais as certas para expressar nestas linhas, porém, uma única palavra pode condensar o maior aprendizado que tive ao longo do ano, e que me fez renascer novamente para a vida como um novo homem mais seguro do que quer para seu futuro. Esta única palavra tem o poder de transformar tudo, aboslutamente tudo, se for usada com o coração, e por isso não me canso e nunca cansarei de compartilhá-la.... A palavra é AMOR! Porque quando se coloca amor em tudo que fazemos, Deus, os anjos, Gaya, independente do credo, seja lá quem nos guia e nos protege do mal, intercederá por nós e nos ajudará a superar qualquer obstáculo que porventura venha surgir em nosso caminho, e nos dará conforto nos momentos tristes, e nos transbordará de alegria em nossas conquistas e vitórias.

Chegamos ao final do melhor ano de nossas vidas, querendo mais da vida a cada dia, e mentalizando que o próximo seja melhor que esse, e que o próximo também, e assim por diante, até o infinito, até onde a luz alcançar e nossas palavras chegarem cheias de esperança, de luz e AMOR.

Feliz 2013. O melhor ano de nossas vidas.

* Victor Matheus

QUERO SABER BEM MAIS QUE MEUS VINTE E POUCOS ANOS

Hoje completo 27 anos de vida, e diga-se de passagem, 27 ciclos bem vividos intensamente consumindo essa vida até a última ponta com tudo que me é de direito. Quando olho para as páginas viradas do meu passado, uma erupção vulcânia de emoções explode no meu peito e não disfarço um sorriso.

Tive meus tropeços, meus revés, meus desabores, minhas frustações, minhas decepções como qualquer outra pessoa normal que pisa neste mundo... Mas tive muito mais a celebrar da vida e comemorar até agora. Torto ou reto, me tornei o que sou hoje, e no fim das contas, tem valido a pena a jornada para conquistar meus sonhos em vidae deixar minha marca na historia do tempo.

Nasci no ano que o Brasil deixou de ser uma ditadura militar e Cazuza cantou no Rock in Rio “Pro dia nascer feliz”... Em 87 já ensaiava em frente as câmeras, juntamente de meu pai, os primeiros acordes e cantorias... Vi a primeira copa do mundo sabendo o que é ser humano neste universo em 90, e nunca entendi a tristeza de todos pelo Brasil ter perdido, pra mim era só mais um jogo de futebol, mas vibrei como um louco quando conquistamos o Tetra em 94. Tinha a cabeça raspada igual do Ronaldinho e já era fã de ACDC e Black Sabbath.

Quando busco na memória a primeira lembrança de minha infância, ainda morando em Porto Alegre, me vêm imediatamente 3 momentos marcantes: Uma viagem de trem a Santa Maria -RS que fiz com meus pais na época de natal, aos 2 anos de idade, a ida, em pleno inverno gaúcho, agasalhado com blusão de lã, ao pequeno circo instalado na praça do bairro onde morava, e o dia que andando de bicicleta com rodinhas, caí na vala e fiquei todo coberto de … bem, imagine você uma criança de 3 anos ensopada de esgoto entrando na casa e sua mãe desesperada aos berros tentando compreender o que estava acontecendo... inesquecível e nojento! (risos) Durante minha jornada ainda contabilizei dois braços quebrados, uma hepatite que quase me ceifou a vida, 3 dengues, algumas infecções, disenterias, 4 dentes extraídos e 11 tatuagens.

Ja em Boa Vista, em 90, assisti pela primeira vez um filme no cinema, levado pelo meu pai, no Cine Roraima, localizado na Avenida Jaime Brasil (hoje sede de lojas comerciais) o filme “Gaucho Negro”, estrelado por Xuxa Menegel e Gaúcho da Fronteira. As poltronas daquele cinema hoje fazem parte das ruinas do Teatro Carlos Gomes, o mesmo que anos depois me recebeu para fazer shows com bandas de rock, sendo um desses especial e marcante em minha vida, quando, em 2003 realizei com a banda Papa Velhas – formada por amigos de escola – o Tributo ao Mamonas Assassinas. Nascia naquela experiência em 90 uma paixão insana pela sétima arte, que juntamente com a música que desde sempre fez parte do meu DNA, e a escrita que hoje me traz a estas linhas, moldou minha vida para ser o que sou hoje.

Durante a infância fui uma criança assumidamente estranha e introspectiva, pois não entendia certas coisas do mundo e porque havia tanta coisa de ruim... Perdi as contas de quantos animais de estimação tive, entre papagaios, periquitos australianos, cachorros, mata matás, e ramisters, sendo o mais especial deles meu porquinho Chico, um porco mestiço que ganhei de presente e tratava com muito amor e carinho, até que no natal de 93 meu pai e meus tios o mataram para a ceia de natal. Depois disso nunca mais comi porco e odiei papai noel! O bom velinho virou meu inimigo numero 1. Por causa dele perdi o Chico e minha inocência também. Minha revolta foi menor quando descobri que coelho da páscoa não põe ovo, e que nunca ganharia o prêmio máximo ao completar o álbum dos cavaleiros do zodíaco.

Atravessei a adolescência de forma tortuosa, até compreender que a vida não é conto de fadas que lia nos livros. Descobri a malícia do mundo, e como as pessoas podem ser egoístas e ruins. Aí veio o de sempre: primeiro beijo, primeira namorada, primeira transa, primeiro trago, primeira dor de cotovelo e por aí se foi, como todo seriado de malhação, paixões, intrigas e tristezas... Foi neste período que o rock n'roll me salvou pra sempre! Abandonei os cabelos compridos de jovem rebelde, a velha camisa verde do Che Guevara, calça jeans rasgada, o all star cano longo que não vendia em Boa Vista e resolvi me reinventar. Resolvi ser uma “pessoa normal”. Entrar pra academia, tratar das espinhas, usar gel no cabelo, ir nas festinhas descoladas, dar uns pegas nas patricinhas da cidade e me encaixar nos padrões medíocres da sociedade local.

Chegando a maior idade dos 21 anos, percebi que essa vida de “fachada” nunca foi pra mim... Recomecei tudo de novo e abracei a música por definitivo. Larguei estudos e resolvi arriscar de novo. Não estava mais satisfeito em apenas tocar minha guitarra e escrever versos, eu queria cantá-los pela minh voz. Nascia a Veludo Branco. Foi duro no começo, ainda mais para mim, uma pessoa que sempre teve medo de cantar por não ser afinado... Entre vaias, latadas e críticas, eu resisti, me esforcei, e com minha banda Veludo Branco alcancei todos os sonhos que tive na adolescencia em relação ao rock n'roll. Gravei discos, fiz turnês, toquei com meus ídolos... Resolvi também mudar de lado, e passei a escrever sobre rock n'roll, a produzir shows, festivais e eventos, e hoje tenho mais do que poderia imaginar por causa do rock, e por intermédio dele conheci o amor da minha vida, Paula Marini.

Mal sabia eu, que aquela mulher incrível que conheci em 2004 pelas salas de bate papo do IRC seria um dia minha esposa, e mais que isso, me daria o maior presente que um homem pode receber da vida: Uma filha. Meu mundo virou novamente do avesso, e quando eu pensava que já tinha sentido tudo de extremo em relação a emoções, me veio esse presente da vida, do qual me fez enxergar a beleza do mundo em outros detalhes antes despercebidos... Tudo se tornou obsoleto a partir de então, e hoje me encontro flutuando num mar de luz, e tudo que quero e desejo todos os dias é dar o melhor de mim a minha pequena Valentina, que muito em breve estará caminhando entre nós.

Hoje completo 27 anos de vida, e se o mundo não acabar hoje, lanço o 4º disco com a minha banda – Veludo Branco -, aguardando ansiosamente as últimas 6 semanas de gestação da minha filha Valentina. Estou casado, feliz e realizado, vivendo ao lado da mulher mais incrível de todas, que me faz enxergar o mundo de uma maneira que jamais pude imaginar. Chego aos 27 querendo muito mais da vida, e ao contrário dos meus ídolos que se foram com a mesma idade, eu prefiro ser uma metamorfose ambulante, tendo fé em Deus e fé na vida, sem desistir jamais dos meus sonhos, abraçando o mundo por que sei que ele vai me abraçar também, cultivando amor, luz e exercendo sempre a arte do equilíbrio e paciência... Hoje quero saber bem mais que os meus vinte e poucos anos, e que venha o dobro, o triplo, por quero tudo que me é de direito enquanto estiver caminhando neste mundo, e sabe porque? Porque eu adoro a minha vida!

* Victor Matheus

QUERER MAIS DA VIDA

Chegamos à reta final de 2012 com muito a se comemorar, e muito menos, infelizmente, a lamentar também. Ao olharmos para as águas que passaram debaixo desta ponte, percebemos que nossa mortalidade está cada vez mais próxima do seu fim, mas também reconhecemos que tem valido a pena estar nessa longa jornada em busca da iluminação.

Durante o ano, compartilhei nestas linhas muitas confidências, novas experiências da qual estou vivenciando, principalmente, a de ser pai de primeira viagem... E dividi com o leitor meus pontos de vista em relação ao comportamento e atitudes que temos com relação à vida, a nossa jornada, e principalmente, propus mudanças em nossas atitudes para gozarmos mais da dádiva de estar neste mundo.

Ao longo das semanas tive o prazer de entrar em contato com muitos desconhecidos, e descobri que o poder das palavras vai muito além do que sabemos. Dediquei horas dos meus dias a tentar transmitir nas poucas linhas desse espaço semanal o lado bom de estar vivo, de amar as grandes e pequenas coisas, de nos reconhecermos como seres imperfeitos e propor uma nova forma de solucionar as barreiras naturais que o cotidiano impõe em nossas relações em todos os sentidos.

Acredito finalmente ter compreendido as razões que a vida teve em me trazer onde estou hoje, principalmente com relação a uma das paixões da minha vida, a escrita, a prosa. Compreendi que o divino me deu uma missão que é compartilhar luz e amor através das palavras. Compreendi que não preciso santificar minhas ações para fazer o bem, apenas fazer pela vontade, de coração aberto.

Conclui que este lugar é o meu divã. Aqui é meu jardim secreto, para compartilhar minhas loucuras e desabafar meu lado sombrio. É o lugar para dizer ao mundo tudo que sinto sem ter medo de me expor. Pouco importa se no fim de tudo, nada mudará com relação aos meus devaneios. Prefiro acreditar que por mais que sejam pequenos os passos que convoco os demais a realizarem comigo, são passos firmes em direção a um lugar melhor para nossos pensamentos repousarem. Para mim, isso é querer mais da vida, dividi-la com o próximo, partilhar para somar, para receber e para sorrir.

* Victor Matheus

ESSE TAL DE PÓS-RANCOR

Já fui, tempos atrás (na época dos IRC’S, MSN’S e Orkut’s da vida) um fervoroso adepto da vida virtual dedicando várias horas do meu dia a estar imerso nesse mundo cibernético onde as trocas emocionais são nulas e o contato físico se restringe apenas a ponta dos dedos digitando os teclados de um computador.

Chegou um tempo que me cansei dessa história. Resolvi mudar de ares, e usar as redes sociais, em especial o facebook e o agora ortodoxo email apenas para uso profissional, usando blog’s pessoais para expor meus pensamentos e idéias e compartilhá-las nestes “mundos”. Exclui contas de MSN, Orkut, flicker, twitter, e outras toneladas desnecessárias que somente ocupavam tempo demais da minha vida e me deixavam cada vez mais condicionado a viver uma fantasia high-tech. Encontrei razões muito maiores e interessantes para ocupar meu tempo, ao perdê-lo modelando meu traseiro numa cadeira sentado em frente ao computador enquanto os cabelos embranquecem.

Como um vício, sofri de abstinência, mas por fim vi que foi a melhor escolha a se fazer. Percebi depois de certo tempo, que as redes sociais, na sua maioria, mais prejudicam do que beneficiam a maioria dos seus adeptos. Sim! Pode parecer pessimista essa afirmação e talvez a maioria discorde, mas pensemos: Porque tantas pessoas adoram reclamar da vida nas redes sociais, falar mal da mulher bonita, reclamar do namorado que não dá atenção, reclamar que está solitário (a), reclamar do vizinho, reclamar da unha quebrada, reclamar, reclamar... Reclamar de tudo? Qual o objetivo afinal? Parei para analisar, e vi que a cada dez publicações tanto de twitters, como de facebook’s, sites de notícia, etc, 80% são conteúdos pessimistas, negativos que demonstram claramente como as pessoas estão insatisfeitas com suas vidas.

“Batizei” essa síndrome viral de infelicidade com um termo conhecido: Pós-Rancor. A única forma de definir num termo o que vejo diariamente para o pior mal da raça humana, que leva as pessoas a atitudes medíocres e que me faz muitas vezes ter náuseas. Quando trazemos esta realidade para a vida real, é aí que a coisa piora. Posso estar enganado, mas faça a mesma análise e constará o mesmo que eu. Laço o desafio.

Enquanto esse tal de pós-rancor contamina o cotidiano das pessoas, e satura o universo ao nosso redor de energia negativa, eu me sinto cada vez mais isolado, envolto numa bolha de luz e felicidade, porque simplesmente encontro motivos fáceis para sorrir e agradecer a vida, ao invés de chorar os males e expor minhas dores para todo mundo saber. Não vivo 24h de felicidade plena, e como uma pessoa comum, também tenho os meus problemas, meus desafios, minhas angústias e tristezas, mas ao invés de ficar lamentando, aprendi há um bom tempo a bater a poeira, me levantar novamente e seguir em frente, pois vejo somente esta, a melhor maneira, de me imunizar desse mal dos tempos modernos, que anda contaminando todo mundo... Que tal tentar o mesmo também?

* Victor Matheus

ANTES QUE O MUNDO ACABE

O mundo vai acabar! Pelo menos é o que dizem as principais manchetes sensacionalistas que temos visto circulando pela mídia. O mundo vai acabar e todos morrerão. Pelo menos é o que dizem os “especialistas” do apocalipse. O mundo vai acabar em chamas! Vai acabar com um cometa que se chocará com a terra! Vai acabar em guerra por petróleo! Vai acabar no dia da final da copa do mundo!. É verdade, vai acabar mesmo, e pode ser como uma das descrições acima citadas ou completamente diferente do que imaginamos, mas prefiro acreditar que antes do fato consumado e decretado, não estaremos aqui, por hora prefiro acreditar assim.

Vivemos numa sociedade que oprime o livre arbítrio, nos condicionando a acreditar em verdades arquitetadas para instalar o medo, a insegurança, e pior, provocar o caos. Faz parte da natureza humana, mergulhar no universo obscuro que habitam as idéias apocalípticas, bastamos parar um pouco e retroceder em nossa história e confirmar o que devaneio nestas linhas. Genocídio, guerras, mais guerras, outras guerras. Conflitos ideológicos, religiosos, econômicos, filosóficos... Um verdadeiro caos apocalíptico, não é?  Penso que o principal alimento da desordem é o medo, mas também um meio catalisador de possíveis mudanças reais na consciência coletiva, para melhor.

Podemos sim, estar à porta de um grande evento que poderá mudar os rumos da nossa humanidade, ou simplesmente nada acontecerá e seguiremos nossas medíocres vidas acreditando no próximo dia do juízo final. Pode ser que o sol acorde no místico dia 21 de dezembro de mau humor e nos encha de toda sua fúria através de explosões solares que destruirão nossos satélites, interromperá nossas comunicações e quem sabe até extermine de vez qualquer tipo de vida existente aqui. Talvez retrocedam a idade das trevas e a anarquia seja instaurada, mas quem somos nós para termos certeza disso tudo? Acreditar na ciência? No divino? Deixar que sigam manipulando nosso livre arbítrio?

Antes que o mundo acabe, prefiro não perder tempo, muito menos meu sono pensando em prováveis finais catastróficos para a nossa raça e nosso planeta. Vou arrumar as malas, colocar minha filha no colo, pegar minha esposa pelo braço e devorar esse mundo ainda belo que está aí para ser consumido. Vou correr pelado na avenida sem medo de ser feliz, tomar banho de chuva com a melhor roupa do meu armário, me empanturrar de sushi, pizza, calzones e boas heinekens geladas, abraçar meus pais, amigos e dizer-lhes olhando nos seus olhos o quanto os amo e o quanto sou feliz por ter a dádiva de poder ter vivido ao seu lado.

Antes que o mundo acabe, não ficarei aqui me lamentando ou deixando a vida passar na minha frente e assisti-la de camarote, vou viver todos os dias que me é de direito, sendo feliz, fazendo o que gosto, compartilhando luz e amor. Se o mundo acabar, quem sabe eu tenha uma nova chance do outro lado dessa linha. Prefiro acreditar que seja assim, a me perder nessa ilusão que serve apenas para complicar nossa rotina... por isso lhe pergunto agora: o que pretende fazer antes do dia final? Vai esperar que tudo se exploda para depois pensar? Ou decidirá começar a viver e ser feliz a partir de agora?

* Victor Matheus

DESEJO, ESPERANÇA E PRAZER

O desejo é uma árvore com folhas; a esperança, uma árvore com flores; o prazer, árvore com frutos.” O pensamento de Guilherme Massien contrasta perfeitamente com a realidade de nossos dias.

Nossa sociedade atravessa um tempo de valores invertidos, de extremo egocentrismo, egoísmo absoluto e um falso moralismo, por hora, prefiro acreditar, que seja passageiro. Neste ambiente vampírico, presenciamos a persistência das pessoas em erros grotescos, que sucumbem ao tempo e revelam quem somos de verdade: hipócritas. Ainda assim, por mais que a frase possa soar genérica e agressiva, sei que a carapuça servirá apenas para aqueles de espírito pequeno e de pouca luz. É para estes pobres de espírito que dedico a verdade que acredito embalada nestas linhas.

Infelizmente, todos os dias, ao nos depararmos com as manchetes de jornais, encontramos notícias sensacionalistas, e na maioria das vezes, abordando temas negativos, como corrupção e violência. Creio que seja apenas reflexo do comportamento diário de nossa sociedade, mas o mundo gira apenas em torno do umbigo do torto, errado e ruim? E o lado oposto dessa história? Porque não merecer destaque também? Porque o homem insisti em superestimar o mal e apenas coexistir sem cultivar e reverberar o bem?

Há pouco tempo atrás, tive a tristeza de receber a notícia que um amigo não tão próximo de mim, mas muito querido por todos que vivem a sua volta, havia sofrido um terrível acidente, colocando em risco sua vida e podendo comprometer para sempre seus movimentos, o impedindo de fazer o que mais acentua o brilho de sua estrela: tocar guitarra. Até aí tudo bem, afinal, presenciamos fatos assim diariamente, e por muitas vezes sem causar qualquer tipo de mal estar em nossa rotina. Apenas manchetes de jornal para ampliar números, porém, quando tal manchete está relacionada a um ente querido, um amigo, familiar, conhecido, ou pessoa de bem que admiramos, um sentimento de indignação nos contamina involuntariamente. A partir de então correntes de oração são estabelecidas, atos de solidariedade em redes sociais, e alguns oportunistas sugando da tristeza do próximo o alimento para nutrir o sadismo psicológico da ganância dos espíritos pequenos se aproveitam de tal situação para fazê-lo sem pudor algum.

Passado a tempestade, os medíocres seguem sua rotina “glamourosa”. Por certo muitos daqueles voluntários nem se quer lembram do ocorrido, ou pior, não continuaram exercendo as boas ações despertas pela tragédia inaceitável e revoltante. Continuam a seguir suas medíocres vidas de pseudo status, compartilhando falsidades maquiadas em instagrans, facebook's e twitters com a estampa #felicidade, #love, e blá blá blá, enquanto o mundo a sua volta sucumbi em crise econômica, política, ambiental e social; mais vidas sem merecer são ceifadas de nosso cotidiano e servindo de lenha para alimentar as manchetes sensacionalistas de jornais. O ciclo vicioso se perpetua. A chance de mudar e fazer algo novo foi enterrada.

Felizmente, ainda há pessoas que seguem sua jornada mas não esquecem das portas paralelas que a vida nos abre diariamente, das conexões espirituais e frequências mentais que estabelecemos com outras vidas. Para estes, o alimento não vem da dor, mas da esperança. Se antes me senti impotente e acometido de uma profunda tristeza, por saber que uma pessoa querida por mim, jovem, forte, pai, músico e de bom coração, no qual enxergo muito de mim e de outras vidas que admiro, agora sinto-me com o peito cheio de alegria ao reencontrá-lo e vê-lo retomando sua jornada, mesmo que o progresso ainda seja tímido, mas que pressa em chegar ao topo da montanha?

O desejo de querer o bem o próximo, a esperança que dias melhores virão, e o prazer em ver que a união de vidas serventes ao propósito do bem ao próximo, me faz continuar a crer que vale a pena estar neste mundo e cultivar o bem. Ver a jornada de uma vida não tão próxima a minha, mas da qual tenho apreço, ser retomada e superando a lógica médica, expandi meu peito de felicidade, e me ensina mais uma vez a maior lição de todas que devemos levar desse mundo: amar ao próximo, sempre.

* Victor Matheus

FEITO DE AMOR

Desde muito pequeno a paixão pela informação e o conhecimento me arrebatara de tal maneira que só me via gente grande de duas formas até então: jornalista ou escritor. Adorava nos tempos de escola fundamental passar os intervalos na biblioteca da escola Osvaldo Cruz bisbilhotando os jornais e revistas em busca de novidades, conhecimento, entretenimento e algo “secreto” que pudesse me gabar com os colegas de aprender ou de conhecer primeiro e poder compartilhar. Na minha cabeça eu seria um oráculo do novo e desconhecido com a missão de compartilhar com todos os “segredos do mundo”. Infelizmente o jornalismo não virou minha profissão mas jamais deixei a escrita de lado. Estas linhas são a prova disso.

Herdei deste tempo de infância o hábito de buscar todos os dias novas informações, seja na TV, nos filmes, no rádio, em jornais, revistas e agora no mundo virtual que me levam cada vez mais a lugares inóspitos e interessantes, assuntos talvez pouco relevantes para a maioria das pessoas mas que me proporcionam momentos singulares de uma experiência pessoal que se torna na maioria das vezes indescritíveis em palavras. Também foi na mesa de muitos bares que cultivei amizades, confrontos ideológicos e filosóficos infindáveis e trilhei um caminho por hora volátil mas determinante para me levar ao mar de calmaria e sossego que me encontro hoje.

Passei a me questionar de onde vinha esta sede pela descoberta de novas ideias, porém, infelizmente por certo tempo não encontrei as respostas concretas e convincentes. Desenvolvi uma lógica de vida que consiste em viver cada dia de uma vez, emanando sempre mantras positivos para a vida dos quais muitos já compartilhei nestas linhas também, entre eles “abraça o mundo que o mundo te abraça”, “cultive o amor, cultive amor, só amor”, “a arte do equilíbrio”, “a arte da paciência” entre tantos outros devaneios filosóficos e espirituais que apliquei ao meu cotidiano e que realmente funcionam e do qual acredito que pode funcionar na vida de quem utilizar também. Ainda assim, um certo incomodo permanecia em meus pensamentos por não saber claramente de onde veio esse vício quase psicótico em descobrir o novo e querer o ponto de equilíbrio que possa me levar definitivamente a iluminação. Felizmente mais uma vez apliquei um dos meus mantras diários e tive as respostas aos meus questionamentos na melhor ocasião e da forma que mais aprecio: Casualmente.

Percebi o óbvio mas que insistentemente não fazia sentido até agora, e finalmente compreendi que sou fruto físico e espiritual da união de duas pessoas incríveis que são os meus pais. Descobri que este sentimento humanitário, acolhedor, justo e protetor que carrego comigo herdei de minha mãe, que a malandragem de correr dos perigos, superar os desafios, fazer de um pedaço de papel uma máquina mortífera, ou mesmo construir uma nave espacial sem nunca ter estudado formalmente física, astro física, leis universais e cálculos matemáticos complexos foram heranças cultivadas ao longo da minha vida ao observar, admirar e realizar façanhas improváveis ao lado de meu pai. Esse jeito de encarar o mundo, de apertar a bundinha da vida quando ela vira as costas pra você, e de sorrir dos próprios tropeços, bater a poeira e seguir de novo... Meus pais me ensinaram a nunca desistir dos meus sonhos, não importa o quanto difícil pode ser de realizá-los.

Se eu pudesse definir só por hoje o sentido da vida, o segredo para o sucesso, a maneira pela qual conseguimos mais rapidamente realizar nossos sonhos, ou simplesmente aprender a aceitar as coisas como elas são e extrair o leite da pedra, apenas uma frase me vêm a mente: feito de amor. Acordei com este pensamento hoje, e como a vida é feita de acasos, de surpresas e de reviravoltas, encontrei a mesma resposta num lugar pouco provável, ao ler uma notícia velha, de abril deste ano, no meio do meu exercício diário na busca pelo novo, através de um depoimento de um ator que na ocasião sofria de um câncer raro e recebeu a carta de um fã que lhe dizia o seguinte: "Sorria, brinque, chore, beije, morra de amor, sinta, sonhe, grite e, acima de tudo, viva. O fim nem sempre é o final. A vida nem sempre é real. O passado nem sempre passou. O presente nem sempre ficou e o hoje nem sempre é agora. Tudo o que vai, volta. E se voltar é porque é feito de amor." Após ler esta frase meu corpo estremeceu e mais uma vez a vida me presenteou com uma experiência incrível de perceber nos detalhes a beleza e o privilégio que é poder caminhar neste mundo. O que é feito de amor, permanece constante e indestrutível. Felizmente aprendi mais esta lição. Sigo em frente.

* Victor Matheus

JOGO DE PODER

A volatilidade que o homem tem em ser capaz de mudar a direção dos seus passos é o que trouxe a humanidade ao ponto em que se encontra hoje. Por meio da curiosidade, da auto crítica e do anseio em buscar novos horizontes, nossa espécie mistificou as estrelas e satélites, transformou homens em santos, construiu impérios, pilhou, saqueou, escravizou seus semelhantes e manipulou governos e massas a favor do próprio ego e do poder.

É bem verdade que não há somente mazelas para reconhecermos em relação ao nosso semelhante, pois há muita beleza criada pelas mãos dos filhos dos deuses e que podemos admirar a todo momento ao nosso redor e no horizonte. Mas a reflexão que indago é: Até que ponto somos capazes de sobrepor a ganância e o ego sob a honra e o bem comum?

Vejo diariamente fatos que me dão asco quanto aos jogos de poder e barganha que presencio em nossa sociedade, em todos os aspectos. Quem acompanha meus devaneios nestas linhas já sabe há um bom tempo meu posicionamento quanto a política partidária: Apenas anulei do meu cotidiano. Respeito como cidadão a didática adotada pelas lideranças políticas escolhida pelo nosso povo de forma “democrática”, concordo em partes de como desenvolvem seus planos de governos, e me abstenho desse debate simplesmente por desacreditar em mudanças reais partindo do topo desta pirâmide.

Em contrapartida, vejo na base desse sistema muitas oportunidades para realizar as mudanças utópicas que construí ao longo da minha jornada e que compartilho há um bom tempo, em especial relacionado a cultura, a força motriz e fagulha histórica que sempre estimulou as mudanças sociais e políticas do mundo como um todo, mas como um vírus mortal e imediato, esta parte “sagrada” da engrenagem da grande máquina orgânica chamada sociedade também está se corrompendo.

A cultura virou simplesmente uma moeda de troca num jogo de poder, onde apenas os barões e suas “casas reais” se beneficiam com estas articulações, utilizando um discurso falido que prega a igualdade, coletividade e solidariedade, quando na verdade, para qualquer observador mais atento, não passam de manobras articuladas na calada da noite para o benefício de uns poucos e com prejuízos imensos para muitos. Agora pergunto quem são os culpados por atravessarmos um período estagnado em nossa sociedade, especialmente relacionado a cultura de vanguarda, que vive apenas do passado e não apresenta algo realmente substancial e relevante no presente para nos orgulharmos num breve futuro? Os culpados somos todos nós que passivos, fazemos parte desse jogo de poder, sendo protagonistas e expectadores, que aceitamos calados por conveniência ou por censura a prostituição de uma parte da sociedade que tem um dos papeis fundamentais na construção de um futuro melhor para o bem comum e as futuras gerações. Ainda assim há aqueles que não se conformam com o cenário e lutam por mudanças.

Enquanto as mudanças reais não acontecem, não desistimos de gritar para o mundo nossas insatisfações, muito menos deixaremos nos corromper por um novo sistema que está contaminando uma parte essencial e norteadora das mudanças que queremos para as futuras gerações. Persistimos apontando os erros e desmascarando as artimanhas canalhas, reconhecendo os desafios e propondo ideias para as mudanças reais e positivas que almejamos. Raul Seixas disse certa vez que “sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade...”. Ainda acreditamos nesta oração profética e não desistiremos de tal sonho enquanto os podres e medíocres generais não forem destituídos e eliminados desse jogo de poder que definha as possibilidades de evoluirmos como sociedade, com senso crítico e respeito ao bem comum, a nossa história, a nossa cultura e nossa relação com o próximo. Cultura não é moeda de troca. Cultura não é produto para manobras políticas e controle social. Cultura não é meio para auto promoção. Cultura não é mercadoria descartada por conveniência. Abaixo o jogo de poder, enterro aos que usam dele para afagar o próprio ego. Devemos ser duros sim, sem perder a ternura, e sem medo de lutar pelo que acreditamos.

* Victor Matheus

AINDA HÁ ESPERANÇA

Ainda me surpreendo com a vida, naqueles dias nublados, cheio de borrões, e noutros opostos, na maioria do tempo quentes como os que temos vivido recentemente em nossa cidade. Tenho a nítida sensação de estar mergulhado numa panela de pressão a ponto de explodir em ebulição e levar junto nossos sonhos e vontade de beber a vida. Para todos os lados que meus olhos apontam vejo rachaduras na moral, na sociedade, na política, e no respeito ao próximo.

Recortando os detalhes do nosso cotidiano é que percebemos como o mundo anda insano, do avesso, e pior, na maioria das vezes provocando em nós um certo pessimismo em relação aos dias que virão. Às vezes, esquecemos de por em prática o que mentalizamos diariamente, principalmente em relação a nossa vida compartilhada com o próximo. Felizmente, ainda vejo esperança, vejo uma porta logo a frente se abrindo para novos caminhos, nem melhores e nem piores em relação ao que trilhamos hoje, apenas caminhos diferentes, mas todos eles, em direção a um lugar melhor do que estamos. Alguns chamam isso de esperança, outros de fé...

Pergunto-me com frequência em minhas alucinações existenciais porque a vida às vezes parece injusta conosco? Porque ela nos dá toda sua essência maior e nos tira, nos põe a prova, e nos coloca em situações que talvez não fossem necessárias pelas atitudes que temos em relação ao próximo e a nós mesmos? Porque, sem compreender as leis universais, simplesmente pessoas que convivemos e que compartilham boas energias e atitudes fraternais acabam mudando o curso de suas jornadas por uma decisão alheia, irresponsável e que provoca consequências irreversíveis na memória daqueles que foram prejudicados com essa atitude? 

Todos sabem do que escrevo, e se não sabem bastam ler as notícias locais do nosso dia a dia. Os acidentes de trânsitos cada vez mais cruéis, que ceifam a vida de jovens que mal começaram a sua jornada neste mundo, ou que prejudicam para sempre a vida de outros que sobrevivem mas que agora precisam vencer uma nova batalha para restabelecer suas vidas e voltar a conviver entre nós, superando possíveis sequelas físicas e emocionais... As mazelas expostas da moral comum, onde o que prevalece é o poder econômico e seu abuso, mais evidenciado nesse período eleitoral, onde a falsidade, a barganha e o jogo sujo predominam em nosso cotidiano, e as sequelas de tudo citado e jogado num liquidificador, resulta no que temos hoje para nos conformar: Uma cidade linda, promissora, mas que está doente, com tumores espalhados por todos lados. Não preciso me aprofundar quanto a estas questões e suas consequências para o convívio comum. Quem enxerga, escuta e fala verá que não estou errado. 

Não estou aqui para criticar se um grupo partidário A ou B ou um político em específico está cumprido com suas atribuições, pois a frustração é tamanha que apenas preciso reverberar minhas insatisfações como cidadão, como um futuro pai que sonha em levar sua filha para brincar numa praça pública iluminada, arborizada, com segurança, calçadas... Que sonha em destinar uma porcentagem do seu salário não para a igreja, os impostos abusivos, o flanelinha, consertos no carro porque a suspensão quebrou devido a quantidade de buracos que nossas avenidas têm hoje... Ao invés disso, ir a um supermercado, e utilizar este dinheiro para comprar uma cesta básica e fazer uma doação para alguma família mais necessitada que não teve oportunidade igual a minha, ou então juntar alguns amigos e ter uma atitude nobre em ir doar sangue, ou mesmo doar abraços no meio da multidão, não apenas quando alguém próximo necessita de sua ajuda, mas também para outros desconhecidos que precisam igualmente de atitudes assim... E há ainda mais o que gritar pro mundo, mas que por hora deixamos para um próximo momento...

Todos os dias, nos seus pequenos detalhes, o mundo se revela pra mim cada vez mais nu e do avesso, onde os pequenos fragmentos dessa aquarela em muitas dimensões têm infelizmente me frustrado, ao ponto de querer por certos momentos jogar a toalha e deixar tudo como está, porém, uma chama de luz e esperança continua viva no meu peito, e eu ainda acredito que podemos mudar o mundo ao nosso redor... Se nossa cidade está ruindo e cheio de mazelas? Tudo bem, mas ainda assim é o nosso lar e precisamos cuidar, então tomemos atitude e vamos mudar o que está errado... Se novos políticos que chegam a nossa câmara de vereadores irão continuar com os velhos vícios? Tudo bem, o povo ainda tem o poder de mudar isso, com a melhor arma, o voto e a consciência e porque não o protesto também? Se os acidentes de trânsitos e as mortes não acabarão em nossa cidade? Tudo bem, podemos começar a fazer diferente a partir de agora, educando para a vida, para o amor ao próximo... Comecemos com nossos filhos, nossa família, e esta corrente se expandirá ao ponto de quem sabe um dia essas utópicas alucinações compartilhadas aqui se tornem realidade, e mesmo que isso jamais aconteça, eu ainda tenho esperança, fé em dias melhores, pois se não for assim, qual a razão de estarmos nesse mundo, se não para nos tornarmos seres melhores uns com os outros e com nós mesmos?

*Victor Matheus

VELANDO O PRÓPRIO UMBIGO

Os tempos de agora são diferentes. O centro do universo da vida das pessoas gira em torno de assuntos realmente importantes, relevantes que podem definir o futuro social e do bem estar comum nos próximos anos, mas infelizmente levados pouco a sério pela maioria dos atores dessa trágica comédia da vida real. O egoísmo e a ganância anda controlando a mente de muitos. Nunca enxerguei tanta falsidade nos olhos das pessoas, que se vestem em pele de cordeiro e acreditam fervorosamente que apenas palavras bonitas, um tapinha nas costas e um sorriso amarelo vão me convencer de algo. Sim! Eu odeio política! Me dá asco! 

Que fique claro: Odeio política partidária! Essa balela que nos acompanha todos os biênios, com promessas ilusórias, falsidade compulsória e descarada, essa gente que mal sabe ler uma frase na TV mas acredita fielmente que tem capacidade de resolver nossos problemas... Até posso queimar minha língua, mas duvido que isso aconteça! Na real? Essa gente quer mesmo é a folga de quatro anos mamando nas tetas do poder público, usando, abusando e queimando nosso suado dinheiro comum resgatado em impostos para seus interesses próprios. Não posso generalizar, mas nunca na minha vida boto a mão no fogo por nenhum político, nenhuma farinha podre desse saco! 

Não existe gente boa na política do Brasil, os fatos, a história comprovam, e não me venha com essa história que esse ou aquele é diferente dos outros. Quer saber quem são os homens? Dê poder a eles... E pior, aqueles que buscam a transparência e o caminho reto dentro da política acabam corrompidos pelo próprio sistema ou excluído das panelas sangue sugas que escoam nossas reservas financeiras públicas para o próprio bolso. É fato. Estou errado? Me prove o contrário... Estou aberto para o debate, e quando vem algum candidato bater no meu ombro e pedindo meu voto pela “nossa amizade”, porque “pode fazer muito pela cultura” ou mesmo “se precisar dá um jeito de ajudar” não me convence mesmo! Eu dou atenção, indago, pergunto sobre as propostas, os eixos temáticos, os planos de trabalho e aí o desastre se instala: Começam a gaguejar, não respondem nada com nada de concreto e o pior, fogem com o rabo entre as pernas. Uma vergonha! 

Enquanto isso nós, cidadãos comuns sofremos. Nossa cidade está cheia de ruas esburacas, postos de saúde com falta de remédio para os pacientes e até médicos e enfermeiros para atender a população, demissões em massa, atraso de salários, um caos! Mercados públicos que mais parecem um depósito de lixo orgânico. Praças públicas sem cuidados, falta de iluminação, segurança e calçadas conservadas para as práticas esportivas... E isso só pra comentar os problemas mais gritantes... Nossa cidade realmente está enferma e precisa urgentemente sair desse estado de coma. Precisa respirar de novo... O efeito borboleta da corrupção atinge seu ápice e quem paga e muito caro somos todos nós que vivemos aqui nesse oásis (mal tratado) acima da linha do equador, mas infelizmente a maioria não dá valor a isso. 

Sonho um dia que essas promessas de campanha não fiquem só na TV, que realmente a mudança real aconteça, que as pessoas que representem o povo se preocupem mais em executar as ações e propostas que os levaram a ocupar os cargos públicos e que acima de tudo, tomem vergonha na cara e respeitem aqueles que acreditam na sua palavra.. Essa utopia ainda ecoará por muito tempo, mas precisamos plantar as sementes, mudar o mundo da gente e fazer o que estiver ao nosso alcance para amenizar as mazelas da nossa querida cidade que não aguenta mais ficar em coma. Ainda há muita jornada pela frente, poucas linhas para comentar sobre o assunto mas um sentimento imenso de mudança sendo compartilhado nestas poucas linhas. 

Precisamos acreditar em dias melhores. Depende de nós dar o primeiro passo, dando um basta a esse lixo sangue suga que corrompe os sonhos, ideias e a vontade comum de fazer daqui um lugar melhor. Faça sua parte, e pense no comum. Quem vela o próprio umbigo acaba tropeçando, cedo ou tarde... Não queira fazer parte dessa tragédia também. 

*Victor Matheus

PEQUENOS DETALHES

Andei aos cochichos, conflitos e confidencias secretas com minha existência nos últimos dias. A enfermidade inesperada que nocauteou minha saúde na semana passada me colocou em “modo de espera” por longos quatro dias, numa corrida de revezamento entre minha cama e os “aposentos reais” de uma pessoa fragilizada por uma infecção alimentar. Se não vi a luz divina com esta experiência, pelo menos tive longas horas solitárias para refletir sobre minha jornada nessa vida.

Percebi nesse exílio forçado o quanto a vida é frágil em sua matéria, e como é infinita em sua abstração. Ao passo que meu corpo se diluía em líquido descendo ralo a baixo, intercalado com dores abdominais fortes, pingos excessivos de suor e noites sem dormir, tive tempo mais que suficiente para rever meus conceitos, olhar para o passado, traçar metas, e reavaliar meu presente. Olhei o mundo ao redor, e reencontrei, mais uma vez, a beleza da vida nos pequenos detalhes.

Meu corpo fragilizado só implorava pela ausência de dor e mal estar. Meus olhos buscaram incessantemente algo que desviasse o foco da minha mente durante aquela transição de homem-rei-no-trono e cidadão-comum-saudável. Tive tempo mais que suficiente para relembrar outra vez o como é bom sentir-se amado e querido, mas também constatei uma verdade: Ao passar do tempo e de nossa vida, poucos são os verdadeiros amigos que permanecem, e muitos são aqueles que deixam de lado qualquer tipo de relação fraternal conosco por motivos alheios a nossa vontade.

Após minha recuperação dessa penitência física em forma de doença, um sentimento forte e de necessidade bateu em meu peito. Uma vontade quase infantil de rever os antigos amigos, aqueles que temos um carinho imenso mas que por circunstâncias alheias a nossa vontade, tomaram outros rumos na vida. Refiz na memória um pequeno catálogo dos grandes momentos da minha vida e desses, quais ocorreram com a presença de amigos importantes, e percebi o quanto sou privilegiado por ter na vida, experimentado histórias incríveis com amizades tão distintas, perfis tão opostos, mas todos com algo em comum: pessoas de bom coração.

Resolvi que não deixarei mais a corrida insana da vida, os compromissos, o trabalho, as obrigações e deveres sufocarem mais outros espaços dos meus dias, aqueles que dedico aos meus pais e irmão, a minha esposa e nosso bebê que está crescendo em seu ventre e muito menos aos amigos, mesmo os distantes. Comecei desde já um pequeno exercício diário, em buscar na memória aqueles que fazem parte da minha história, e resgatá-los para o meu cotidiano.

Mensagens no celular, facebook, twitter, telegramas, cartas, podem não ser o suficiente, mas já são passos importantes para essa retomada de pequenos detalhes que passam despercebidos de nosso cotidiano. É verdade que são muitas as amizades que cultivei ao longo da minha vida neste lugar, e mesmo sendo algo não tão fácil de fazer, eu procuro agora estar presente na vida de cada um que cruzou o meu caminho e mudou minha forma de ver o mundo. Como um passo de cada vez, resolvi resgatar pedaços da minha história que se espalharam por aí, e a vida já têm me retribuído. Noite passada, sem muito esforço, encontrei alguns amigos do tempo de escola num lugar pouco provável. O encontro foi breve, mas a troca de energia positiva, aquele abraço sincero, e um sentimento de saudade e conforto por reencontrá-los e vê-los tão bem seguindo suas vidas me confortou o coração. Realmente devemos olhar mais o mundo ao nosso redor, enquanto ainda há tempo. Talvez aquele amigo precise de sua mão estendida, mas você anda ocupado demais para perceber isso.

* Victor Matheus

O MUNDO DE DENTRO DA GENTE

O genial artista multifuncional André Abujamra escreveu certa vez que “o mundo de dentro da gente é maior que o mundo de fora da gente”. Quando fui apresentado ao universo abstrato da arte de Abujamra por um grande amigo meu, o poeta Rodrigo Mebs, a partida para uma revolução de conceitos  na minha vida passou acontecer de forma vulcânica. Pouco tempo depois de mergulhar no universo tropicalista marginal da música brasileira e ainda por incentivo e influência etílica de meu comparsa artístico Rodrigo Mebs, resolvi quebrar mais alguns paradigmas pessoais e embarcar em novas estradas, agora no mundo literário.

Relutante, escrevi versos confidentes pela primeira vez num concurso literário, o Compoesi, e para minha surpresa, na primeira participação como escritor um dos meus versos foi classificado. Repetindo a parceria do ano passado que nos deu vários prêmios no mesmo concurso, Rodrigo Mebs e eu defendemos os meus versos e para nossa felicidade fomos contemplados com o prêmio de segundo lugar no concurso. Foi apenas o segundo prêmio que conquistei em toda minha jornada nessa vida, (o outro foi na primeira infância, ainda em Porto Alegre, num concurso de beleza na pré escola que estudei até os quatro anos).

Descobri então um lado meu que por muito tempo reneguei inconscientemente, por medo de me expor, ou talvez por insegurança mesmo, afinal compartilho amizades com grandes artistas locais e gênios de diversos seguimentos, como a música, teatro e literatura o que as vezes me assusta um pouco mas inspira igualmente. No campo da escrita ainda me sinto um principiante, e foi preciso literalmente um empurrão no abismo pelo meu amigo Rodrigo Mebs para eu perder o medo de arriscar. O fruto de uma amizade de quase uma década foi um novo projeto, onde reunimos nosso amor pela arte em geral, misturando audiovisual, literatura, teatro e música. Assim nasceu o projeto “Se Nero Tivesse um Zippo”, hoje um espetáculo que  ensaiamos e ainda conta com a poeta e cantora Adília Quintelas para em breve nos apresentarmos Brasil a fora.

Do outro lado da avenida, vivencio dias de sol radiante e borboletas habitando meu interior. Paralelamente a todo esse mergulho intenso de entrega a arte em todas as suas formas, a paternidade provocou uma nova revolução pessoal em mim. Ainda estou absorvendo tudo que está se modificando ao meu redor em todos os sentidos. A vida de casado é algo que sempre almejei e hoje se materializou. É maravilhoso compartilhar sua vida com outra pessoa que te completa e sonha os mesmos sonhos que os seus. Encontrei meu porto seguro, e antes que pudesse me planejar para um novo passo, recebi a dádiva de ser pai. Meus instintos mais primitivos agora dominam minhas ações, planos e sonhos. Ainda continuo intenso, explosivo, apaixonado pelo meu trabalho e pela arte que crio e compartilho, mas agora uma nova face surge, um outro lado meu que não concebia até então nos meus pensamentos, simplesmente por achar que demoraria a explorar esse espaço sideral incrível da vida de pai.

Por esses dias, tive o primeiro encontro físico com meu filho (a), que ainda é protegido no caloroso ventre de sua mamãe. Acompanhar a segunda ultrassom e vê-lo pela primeira vez ao vivo na tela de tv me nocauteou. Fiquei sem palavras, sem ação, sem ar, com um nó na garganta de tanta felicidade ao vivenciar aquele momento ao lado do meu grande amor. Ver aquele pequenino ser, de pouco mais que uma centena de gramas e poucos centímetros, ainda translúcido, mas com todas as partes de sua matéria já definidas, inclusive um coração forte com sede de vida batendo freneticamente em seu ainda frágil peito, trouxe a minha memória mil lembranças. No momento de total sinestesia, simplesmente veio ao pensamento novamente aquela frase estranha que citei no início dessas confidências, e finalmente compreendi a essência daquela oração. Ver nosso neném se mexendo, mesmo que ainda movimentos involuntários de extensão e flexão de membros, em um ritmo continuo, como que embalado por uma canção doce, naquela piscina aquecida de amor e proteção incondicional de sua mamãe, fraquejou minhas pernas, orvalhou meus olhos e me deixou mais próximo de Deus. Ainda que não consiga encontrar palavras suficientes, é nessa melodia que sigo meus dias e descrevo minhas vivências.

Precisei de vinte e seis anos para encontrar o sentido da vida em sua plenitude, o caminho da felicidade. Precisei de muito tempo, e principalmente olhar para o passado para compreender o que me tornei hoje. Precisei de tropeços, vitórias, experiências e lições as vezes dolorosas da vida para dar valor a cada detalhe, a cada suspiro, a cada batida de coração e compreender que temos apenas uma chance certa de sermos felizes, porque a vida acontece agora e isso ainda não se pode mudar. O espaço sideral é infinito e atraente, o mundo abstrato mais ainda, mas ao ver pela primeira vez o universo de dentro da gente, onde habita uma nova vida que logo pisará nesse mundo, compreendi que não há nada mais sublime que poder dar ao mundo e receber dele amor. Esse ainda é o segredo da felicidade, afinal “a vida é life”, não é mesmo?

*Victor Matheus

NOSSO LAR

Tenho vivido um carrossel de emoções. Muitos sentimentos liquidificados no meu peito ao mesmo tempo. Acredito que se fosse mais avançado na vida talvez não suportaria tantas emoções me nocauteando simultaneamente. Estou realmente feliz e em paz com a vida. Há motivos transbordando para tal alegria, afinal, chego a melhor fase de minha ainda breve jornada nesse mundo celebrando muito e lamentando por quase, eu diria até, por nada que fiz. Não carrego no peito qualquer sentimento alheio que possa nublar meu coração ou daqueles que amo, e principalmente, não carrego comigo qualquer sentimento que possa me afastar do que amo, do que sonho, do que desejo e do que quero construir no meu tempo de vida nesse planeta.

Quando olho para atrás, há precisamente vinte e dois anos, percebo como é magnífico o lugar que me encontro hoje. Cheguei a esta cidade, Boa Vista – RR, com meus pais quando tinha apenas quatro anos de idade. Muito diferente do que é hoje, nossa cidade era uma terra hostil e para imigrantes do sul, praticamente outro planeta. Pura ignorância nossa, admito. Não havia energia elétrica 24h por dia, muito menos água. Voos de avião eram escassos. Estradas sem asfalto. Ir a Venezuela ou Guyana era uma verdadeira aventura cheia de imprevistos mas ainda sim divertida. Gostava de tomar banho de chafariz no lago dos americanos no Parque Anauá, ou ir aos domingos com a família na praia da polar ou do ainda distante Cauamé. A cidade tinha pouca infra estrutura em todos os campos, a universidade federal recém criada e os luxos, ainda que poucos que gozamos hoje no campo gastronômico, de entretenimento e profissional eram escassos, praticamente inexistentes. Mesmo assim persistimos em plantar nossas sementes aqui, e com muito trabalho, persistência, perseverança e paciência construímos uma nova vida partindo do ponto zero, um recomeço. Hoje gozamos de prosperidade, ainda que nos falte muito para os anseios de qualquer ser humano, mas não há do que reclamar. Temos o suficiente para vivermos bem e ainda nos dar ao luxo de poder sempre que podemos realizar nosso sonhos materiais, pois os pessoais tenho certeza que já conquistamos.

Aqui, neste lugar que não escolhi para morar mas sim me escolheu, aprendi ao longo desses vinte e dois anos a amar e defender como uma leoa protege seus filhotes. Aprendi tudo da vida que sei hoje. Aqui nessa cidade de vista linda e gente acolhedora tive meus amores e dissabores. Aqui nesse ponto no extremo norte do Brasil cresci e vi tudo ao meu redor mudar, evoluir e se ampliar para melhor, mesmo com problemas, mas ainda sim para melhor. Sou mesmo uma pessoa otimista, mas não fecho os olhos para nossas mazelas. Ainda há muito o que melhorar em nossa cidade, em nossa terra, em nosso estado, mas ora! Adianta só reclamar? A mudança deve partir de nós mesmos não é? Aqui eu também aprendi que temos que mudar primeiro  o mundo da gente, ao nosso redor, pelo menos num raio de alguns metros para então podermos dar o passo seguinte, com paciência e esforço. Se o que sou hoje é bom ou não, eu agradeço a esse lugar que me acolheu, a educação que meus pais me deram, a vida por ter me dado a chance de estar aonde estou e com quem desejo estar.

Boa Vista comemora 122 anos, e desses anos, 22 anos acolheu um filho que hoje a ama tanto quanto sua terra natal, por tudo que ela proporcionou. Há mais para se comemorar do que para reclamar, e a esperança, a chama da compaixão e do desejo de dias melhores continuam a aquecer o coração desse que vos escreve estas poucas palavras sinceras. Hoje escrevo um novo capítulo da minha vida nesse lugar. Aqui já fui criança, adolescente, e hoje adulto e um pai de uma família que nasce nesse lugar. Aqui cheguei como anônimo, e hoje escrevo meu nome na história desse lugar, seja escrevendo, seja tocando, seja ajudando meu próximo, seja contribuindo de alguma forma para fazer desse lugar melhor do que foi quando pisei pela primeira vez. Aqui é o nosso lar, um bom lar para prosperar, mas depende de cada um de nós, como pessoas, cidadãos, cuidar, protegê-lo como um filho. Eu tenho orgulho de ser parte dessa história e aqui minhas sementes hoje florescem.

* Victor Matheus

QUANDO A BANANA COME O MACACO

O sol brilha forte por esses dias em nossa cidade. Um calor quase insuportável repousa e consome vorazmente nossas energias, deixando alguns de mau humor, outros em estafa, e outros pior ainda, sem vontade de fazer nada. Estranhamente, ou não, no meio desse caos metereológico digno de um ambiente desértico, chuvas intensas são despejadas do céu para aliviar nosso sofrimento climático. E o que sobra depois de tudo isso? 

Se pararmos para ver o mundo ao nosso redor, na montanha russa desses dias inconstantes de calor e chuva, podemos perceber muita beleza e também muito de ruim por onde passamos. Se por um lado, após as chuvas fortes que beijam nossa cidade, um belo arco íris surge no horizonte, as flores desabrocham mais belas com folhas verdes intensas, o clima mais agradável e as pessoas mais sorridentes, do outro, o que sobra é ruas esburacadas, água acumulada em grande poças sujas, lixo entupindo esgoto e muitas outras feridas expostas pelo excesso de água vindo de nosso céu. 

Amo esta cidade que me acolheu ainda pequeno, e a cada dia que passa, vejo como ela está crescendo e se estruturando, mas ao mesmo tempo em que o progresso chega por aqui, muitos acabam esquecidos. É só observar ao nosso redor. Enquanto do lado “rico” da cidade, com suas casas monumentais, praças “bem cuidadas”, iluminação pública eficiente e segurança relativamente estável, do lado oposto, o caos está verdadeiramente instalado. Pergunto-me como é possível sobreviver nesses tempos inconstantes do clima em locais aonde os serviços básicos e direito de nós, cidadãos, mal chega a nossa população? 

Não sou profundo conhecedor de política pública, mas exerço meu direito de cidadão em cobrar mais igualdade entre todos. Faço minha parte, pago meus tributos, exerço o respeito ao próximo e defendo os princípios universais de amor como a única revolução verdadeira. Não fecho os olhos para as mazelas, e na minha simplicidade como um ser comum, sem poder algum, senão de usar as palavras e espaços como esses para compartilhar com outros interessados em mudar o mundo ao nosso redor, convoco aqueles que desejam ver um mundo melhor para as próximas gerações, em começar a lutar desde já para as mudanças reais que sonhamos. 

Parece repetitivo, mas é sempre bom lembrar, estamos num ano de transformações, de mudança do quadro político de nossa cidade, então já passou da hora de refletirmos o que queremos para nós e para o próximo. Pensar com menos egoísmo e interesse próprio e passar a ver o mundo de forma mais ampla e conectada é um bom caminho para começar a mudança que realmente todos querem. Pode parecer utópico, e realmente deve ser mesmo, mas eu tenho fé que se a gente começar a mudar o mundo de dentro da gente, nossas atitudes, podemos ser capazes de mudar tudo ao nosso redor, e que depois de um dia de chuva, não vejamos mais coisas ruins, apenas um belo arco íris no horizonte e as crianças felizes brincando na rua... Então, fica a reflexão disso tudo: Quando a banana come o macaco nessa história? Pense...

* Victor Matheus

ONDE ESTÁ A FELICIDADE?

Certo tempo atrás, já citei aqui nestas mesmas linhas uma frase muito significativa que uso no meu dia a dia: “ser feliz sem motivo, é a mais autêntica forma de felicidade”. Hoje me pergunto de novo se realmente o mantra citado têm significado justo e verdadeiro. A resposta é sim.


Esta semana que chega ao fim estará marcada profundamente na minha existência, por motivos bons e ruins. O começo de mais uma jornada de trabalho exaustivo mas recompensador. Novas metas estabelecidas. Objetivos reafirmados. Trabalho, mais trabalho, e tudo caminhando bem, até que três dias atrás soube do falecimento de mais um amigo, alias, amiga dos tempos de adolescência, que mesmo não sendo tão próximo ao meu convívio me causou perplexidade, tristeza e muita dor. 



Fiquei devastado com a notícia da ausência física neste mundo de mais um ser humano aparentemente de bem com a vida, por motivos que não sei ao certo e não procuro saber por respeito a sua memória. Um sentimento de revolta, misturado a indignação e angustia tomou conta de mim. É chocante acordar com um novo dia, se encher de esperança e de vontade de viver e saber “na tora” que um ente querido faleceu. Ainda não me acostumei com a ideia de morte, ainda mais a prematura como foi o caso desta vez... Então eu me pergunto novamente onde está a felicidade? Estaria a tal nas coisas materiais? No sucesso pessoal? Numa relação afetiva? Num momento gastronômico ou simplesmente nenhum desses motivos? Apenas estar vivo, se sentir vivo, e respirar o ar, ainda que não puro, desse mundo e pensar como somos privilegiados por ter a dádiva de caminhar neste planeta? Sinceramente, neste instante que escrevo não sei responder.



Me entristece, me causa dor, mais que uma ponta de faca no coração, fatos assim que acontecem em nossa vida. Transbordam perguntas, e faltam respostas pra compreender porque um ser humano resolve dar cabo de sua vida... Eu já tive meus momentos ruins, minhas dores, vontade de desistir da vida, até pensar em por fim a ela nos tempos escuros que passei na minha infância e adolescência, mas no fim do túnel, sempre havia uma luz, uma voz dentro do meu peito dizendo para seguir em frente, que logo a frente o melhor estava por vir. A natureza nos mostra todo dia que devemos persistir mesmo com os tropeços, porque sempre , sempre mesmo, depois da tempestade vem o arco íris. A felicidade está nos detalhes, no beija flor que beija a flor, no sorriso de uma criança feliz se lambuzando com sorvete, no abraço quente da nossa mãe ao final de um dia cansativo de trabalho, e acima de tudo, dentro de nós mesmos. O universo de dentro da gente é maior que o universo de fora, sendo assim, temos mais a celebrar pela vida do que a ausência dela. Seguimos em frente, apesar dos tropeços.


* Victor Matheus

DE VOLTA PARA CASA



Tem dias que a fonte seca. Falta inspiração para colar no papel nossos pensamentos. Simplesmente apertamos com força o peito para ver se escorre entre as mãos algum tipo de sentimento válido de compartilhar com o mundo, mas nada sai. Dias assim são como o silêncio... Calmos, vagarosos, mas ainda sim interessantes. Há beleza até na ausência de cor no foco dos olhos.

Suspeito que a razão de tal apatia literária seja causada pela saudade, pela ausência da presença física ao nosso lado de quem amamos, de nosso porto seguro, de nossa estrela guia, de nossa luz, a parte mais importante de nossa vida, o motivo por querermos evoluir e buscar o amanhã, de quem não está presente por questões alheias a nossa vontade... A saudade tem esses efeitos colaterais, nos deixa simplesmente sem tesão para muitas coisas da vida, principalmente as materiais, em compensação nos transporta a um estado de nostalgia e letargia... Olhamos para o passado, reafirmamos o sentimento e buscamos desesperadamente o futuro... Queremos o dia de amanhã mais que os números da loteria, mais que o diploma da faculdade, mais que o salário na conta bancária e o próximo gole de bebida... Só nos interessa estar ao lado de quem nos completa, da pessoa que sem precisar fazer nada já imprimi em nossa face um belo, largo, brilhante e sincero sorriso.

Tenho vivido dias assim. Dias de sentir o peito apertado, um espaço vazio clamando para ser preenchido rapidamente com abraços, beijos, afagos e cama... Abraço desesperadamente fotos, poemas, na esperança de trazer para perto aquela que tanto me completa... Sinto a sua presença na brisa do vento de fim de tarde, no cheiro do lençol onde foi sepultada sua fragrância natural antes da partida de volta para seu ninho natal... Por causa da saudade perdemos um pouco do foco para hábitos simples do dia a dia... Deixamos a barba por fazer, aquela caminhada à noite para cuidar da saúde, atravessamos noites mal dormidas com o pensamento inquieto e o coração suspirando carência, o recolhimento para um casulo de silêncio auto imposto... Até a chegada do dia do próximo encontro.

Então mudamos radicalmente. O tempo, que antes era contado por semanas, agora se tornam dias, e quanto mais próximo do novo encontro, horas e minutos. Aparamos o cabelo, fazemos a barba, compramos roupas novas, levantamos pesos para tonificar os músculos, compramos presentes e nos transbordamos de ansiedade. A vida retorna a sua leveza. Buscamos nas gavetas da memória os momentos e motivos pelos quais a euforia nos contamina outra vez... Não há nada mais gostoso que reencontrar seu grande amor no saguão de um aeroporto depois de semanas de exílio contra a nossa vontade... Planejamos e calculamos repetidamente os primeiros atos do encontro, mesmo sabendo que nossa reação, ao pousar nossos olhos novamente no sorriso daquela que nos completa, será tão arrebatador quanto foi da primeira e de todas as outras vezes que aconteceram... Simplesmente toda a insegurança, ansiedade, carência e desespero se exterminam. Reencontrar seu grande amor te coloca de novo nos trilhos da paz interior...

Repousar novamente nos braços do grande amor é voltar pra casa... Como um filho que passou as férias longe do lar, e busca insanamente o calor do colo dos pais, os brinquedos, o quarto, a rotina de escola, as travessuras... Simplesmente voltar ao embalo dos pedaços simples de felicidade espalhados ao nosso redor. Retornar aos braços da amada, nos deixa leves novamente, nos fortalece, e poe diante de nós, despido de qualquer sentimento impuro, as razões que realmente importam, que nos fazem suportar qualquer provação para vivermos ao lado de quem a vida elegeu para nos completar. Não há nada mais real na vida do que o amor pleno e sua recíproca, o único capaz de mudar o mundo dos sonhos e o mundo real, o universo de dentro da gente, e dar direção para nossos passos. Estou voltando pra casa outra vez.

* Victor Matheus

NUNCA DESISTA DOS SEUS SONHOS


"Nunca desista dos seus sonhos". Um dia eu ouvi essa frase como resposta de Charles Gavin (Titãs) a minha pergunta sobre como chegar ao sucesso. Tenho 26 anos vividos intensamente, e hoje vivo o melhor momento da minha ainda breve vida. Acredite, tenho muitos motivos para comemorar! Tive e ainda tenho vários sonhos na minha vida, e uma das minhas "frustações", até ontem a noite (1/6/12), era nunca ter ganhado nenhum prêmio como escritor e poeta ou mesmo ser reconhecido como tal... Não sei, talvez eu não acreditasse no meu talento, talvez não acreditasse tanto no poder das palavras, apesar de compartilhar sempre esse mantra... talvez tivesse apenas medo mesmo de expor minhas emoções para julgamento e opinião pública... Mas foi meu irmãoRodrigo Mebs o propulsor dessa loucura toda! Por sua causa Mebs, eu superei meu medo, fui convencido e inscrevi 3 poemas despretensiosos, não os melhores que acredito ter escrito, mas ainda sim poemas sinceros... Não achava que na primeira tentativa de participação num concurso de poesia classificasse um texto, mas para minha surpresa fui um dos eleitos para concorrer aos prêmios... Então veio aquele choque! Nossa, que sensação maravilhosa poder subir no palco e defender teus sentimentos, mesmo que os versos escritos tempos atrás sejam amargos, como de fato o poema DESAPEGO escancara! Mas ah!! a vida é assim mesmo, feita de sabores e dissabores... Estamos aqui para consumi-la até o último gole! E fizemos a interpretação do nosso jeito, sendo fiel aquilo que acreditamos... não somos atores e diretores profissionais, mas fazemos com amor e sentimento aquilo que nos move e alimenta nossa amizade... E ao ouvir meu nome, do meu amigo Rodrigo e o nome do meu poema sendo escolhido como vencedor do 2º prêmio de interpretação, um raio solar invadiu meu corpo da cabeça aos pés... uma sensação indescritível de felicidade tomou conta de mim! um prêmio de poesia? com meu irmão Mebs? incrível!!! Mais incrível ainda de ter por perto meus pais assistindo aquele momento, meus amigosJuliana Coelho, Edgar Borges, Zanny Adairalba, Adilia Quintelas,Roberto Mebs de Santana, Isabelinha Quintelas, e tantos outros que me falta a memória agora... Subir ao palco e receber aquele prêmio significou pra mim muita coisa! um filme passou em minha cabeça, recordar minha jornada até aquele ponto... é real! é real!!! Mais um sonho realizado! Mais um momento incrível para guardar na memória, para olhar no futuro para o meu passado e ver que vale a pena tudo quando a alma não é pequena, não é verdade? Sou mesmo um cara de sorte por estar num lugar abençoado, com amigos incríveis, com um grande amor cultivado no peito, por ter uma linda e incrível mulher ao meu lado (amo você Paula Graziela Souto Marini, minha vida, minha luz) ter pais maravilhosos que sempre estão dispostos a apoiar minhas loucuras artísticas, e por estar onde estou nesse exato momento escrevendo e descrevendo essa experiência. Eu adoro a minha vida! Adoro a minha vida, porque, afinal, a vida é life não?

DE VOLTA PRA CASA

Tem dias que a fonte seca. Falta inspiração para colar no papel nossos pensamentos. Simplesmente apertamos com força o peito para ver se escorre entre as mãos algum tipo de sentimento válido de compartilhar com o mundo, mas nada sai. Dias assim são como o silêncio... Calmos, vagarosos, mas ainda sim interessantes. Há beleza até na ausência de cor no foco dos olhos.

Suspeito que a razão de tal apatia literária seja causada pela saudade, pela ausência da presença física ao nosso lado de quem amamos, de nosso porto seguro, de nossa estrela guia, de nossa luz, a parte mais importante de nossa vida, o motivo por querermos evoluir e buscar o amanhã, de quem não está presente por questões alheias a nossa vontade... A saudade tem esses efeitos colaterais, nos deixa simplesmente sem tesão para muitas coisas da vida, principalmente as materiais, em compensação nos transporta a um estado de nostalgia e letargia... Olhamos para o passado, reafirmamos o sentimento e buscamos desesperadamente o futuro... Queremos o dia de amanhã mais que os números da loteria, mais que o diploma da faculdade, mais que o salário na conta bancária e o próximo gole de bebida... Só nos interessa estar ao lado de quem nos completa, da pessoa que sem precisar fazer nada já imprimi em nossa face um belo, largo, brilhante e sincero sorriso.

Tenho vivido dias assim. Dias de sentir o peito apertado, um espaço vazio clamando para ser preenchido rapidamente com abraços, beijos, afagos e cama... Abraço desesperadamente fotos, poemas, na esperança de trazer para perto aquela que tanto me completa... Sinto a sua presença na brisa do vento de fim de tarde, no cheiro do lençol onde foi sepultada sua fragrância natural antes da partida de volta para seu ninho natal... Por causa da saudade perdemos um pouco do foco para hábitos simples do dia a dia... Deixamos a barba por fazer, aquela caminhada a noite para cuidar da saúde, atravessamos noites mal dormidas com o pensamento inquieto e o coração suspirando carência, o recolhimento para um casulo de silêncio auto imposto... Até a chegada do dia do próximo encontro.

Então mudamos radicalmente. O tempo, que antes era contado por semanas, agora se tornam dias, e quanto mais próximo do novo encontro, horas e minutos. Aparamos o cabelo, fazemos a barba, compramos roupas novas, levantamos pesos para tonificar os músculos, compramos presentes e nos transbordamos de ansiedade. A vida retorna a sua leveza. Buscamos nas gavetas da memória os momentos e motivos pelos quais a euforia nos contamina outra vez... Não há nada mais gostoso que reencontrar seu grande amor no saguão de um aeroporto depois de semanas de exílio contra a nossa vontade... Planejamos e calculamos repetidamente os primeiros atos do encontro, mesmo sabendo que nossa reação, ao pousar nossos olhos novamente no sorriso daquela que nos completa, será tão arrebatador quanto foi da primeira e de todas as outras vezes que aconteceram... Simplesmente toda a insegurança, ansiedade, carência e desespero se exterminam. Reencontrar seu grande amor te coloca de novo nos trilhos da paz interior...

Repousar novamente nos braços do grande amor é voltar pra casa.... Como um filho que passou as férias longe do lar, e busca insanamente o calor do colo dos pais, os brinquedos, o quarto, a rotina de escola, as travessuras... Simplesmente voltar ao embalo dos pedaços simples de felicidade espalhados ao nosso redor. Retornar aos braços da amada, nos deixa leves novamente, nos fortalece, e poe diante de nós, despido de qualquer sentimento impuro, as razões que realmente importam, que nos fazem suportar qualquer provação para vivermos ao lado de quem a vida elegeu para nos completar. Não há nada mais real na vida do que o amor pleno e sua recíproca, o único capaz de mudar o mundo dos sonhos e o mundo real, o universo de dentro da gente, e dar direção para nossos passos. Estou voltando pra casa outra vez.

* Victor Matheus