SOMOS UM EM MULTIDIMENSÕES

Quando tinha 6 anos e recém chegado ao Roraima, meu único amigo era um garoto humilde chamado pelo apelido de Neneco, que morava na mesma rua que Eu, duas quadras de distância, de nome Uraricoera, no Bairro São Vicente.

Com o Neneco aprendi a jogar peteca, construir e soltar papagaio, atirar de baladeira nos calangos (sempre fui ruim de mira) e quando faltava luz, juntava outros vizinhos da rua pra brincar de bandeirinha e manja-esconde.

Também criávamos brinquedos artesanais juntos no quintal da casa dele, e quando ganhei meu primeiro violão, em 1993, e ele do irmão mais velho, aprendemos a tocar juntos.

Mais que amigos de infância e brincadeiras, Neneco e Eu compartilhávamos de muitos sonhos e ideias. Sua família era muito humilde na época, e a minha, recém chegada aqui, também batalhava para conquistar seus objetivos com dignidade.

Certo dia, estávamos brincando com "arma de pincha", tentando acertar alvos de lata com uma arma caseira feita com pedaços de tábua, uma tira de câmara de pneu e tampinhas de garrafa como munição.

Entre um "tiro e outro" lembro-me de nossa conversa ter caminhado para o lado "filosófico", e Eu, sem conhecimento teórico, filosófico e espiritual algum (era apenas um garotinho de 6 anos) comecei a divagar para Ele a existência de outros mundos, planetas, e realidades, onde nós mesmos habitávamos simultaneamente enquanto estávamos lá tentando acertar nossos alvos.

Falava com entusiasmo ao Neneco: "imagina que lá no céu existe outros planetas onde também há pessoas iguais a nós, falando de lá que existem outros planetas com pessoas iguais a elas, falando delas também."

Essa conversa, entre tantas, marcou-me de tal forma que nunca esqueci e hoje, quase 25 anos depois, ainda provoca em mim uma erupção de emoções e boas lembranças.

Quando descobri e aprendi a meditação, compreendi que aquela "viagem" minha de viver em outros planetas não era fantasia da minha cabeça, mas sim uma mensagem superior enviada até mim para ser compartilhada.

Hoje sou um adepto esporádico da Meditação, e quando vejo minha jornada seguindo por caminhos que possam gerar conflitos, me recolho ao meu Universo para encontrar respostas as minhas angústias emocionais.

Penso que todos nós, seres humanos, temos uma missão e um propósito quando aterrizamos neste planeta. Todos nós, bons, ou ainda adormecidos para a Luz, chegamos a esta dimensão para aprender e ensinar a outras consciências o caminho para o auto conhecimento e a iluminação.

É por isso que hoje, todo o trabalho que realizo no âmbito cultural, não se resume apenas ao entretenimento, mas sim conectar-se a outras ideias, e propor ferramentas para que todos que almejam evoluir como seres conscientes, possam desfrutar desse conhecimento livre e milenar que é propagado por muitos iluminados que aqui já viveram, Jesus, Buda, Osho, Chico Xavier, entre outros.

O auto conhecimento é uma ferramenta preciosa que se usada com sabedoria nos permitir desapegar dessa realidade 3D e nos levar ao infinito.

No Festival Canto das Árvores podemos oferecer e compartilhar este conhecimento através da Meditação em Grupo no Pôr do Sol, e quando estava contemplando aquele momento, recordei-me do meu amigo, da minha infância, da minha jornada e de tudo que vivi e experimentei até aquele momento de contemplação sublime.

Sou muito grato a Vida por ser parte desse Planeta, desse Universo, e poder compartilhar um pouco do que aprendi na minha jornada com outras pessoas.

A mudança começa em você. É por isso que sigo em frente, e não importa os desafios que apareçam, se tivermos amor e gratidão, o Universo conspira a nosso favor.

Gratidão a todos que estiveram no Festival Canto das Árvores, participando das atividades e me proporcionando momentos de iluminação e paz plena. Por experiências assim que jamais desanimo de fazer cultura.

Que o Universo abrace cada um que esteve lá compartilhando comigo o mesmo pensamento.

E sobre o Neneco? Ainda somos amigos. Ele venceu na Vida, e sempre que nos encontramos, recordamos nossa infância de pés descalços e muitas alegrias. Namastê.

Victor Matheus.