MERGULHO INFINITO

Um mergulho rápido e certeiro na era balzaquiana de um homem, enxerga seus nervos conectados umbilicalmente com as energias da nova Era, mas nada desse papo bicho grilo, tipo ativista pelos direitos a ter direitos a ter defeitos ou não, um lance distante da engenharia social já ultrapassado e démodé no mundo real. 

As experiências imprimem um mosaico de retalhos fotográficos imaginários, registrados em uma conexão diferente, sutil, saudosamente oposta ao que foi um dia, calibradas em ondas quatrocentas e trinta e duas frequências mais elevadas, degustadas e ejaculadas mentalmente nas pequenas e grandes emoções e ereções, engolidas com doce, amargo, azedo, salgado, quente, frio, vivo... Quase iluminado.

Passa o balzaquiano a respirar mais lentamente, conversando internamente com o zumbido da mosca outrora ignorado, ouvindo mais, falando menos, seguindo firmemente os ensinamentos dos mestres antigos, há anos devorados aos litros de vinho e livros, absorvendo ideias e ideais solitariamente, até um start existencial despertá-lo para a sua ascensão libertadora.

Queimam-se velhos papéis, leitos de poemas imaturos, versos de um coração ainda puro, imaculado sem saber. Desapega-se do que não mais agrega, compreende que a Vida, esta ávida Vida com suas dores e sabores, é tão somente uma longa, imprevisível, edificante jornada, e sente-se feliz por reconhecer a sua dádiva de ser, apenas ser, respirar e viver aqui.

Os sonhos, sentidos, desejos e espírito balzaquiano sabem, ainda um saber bebê, que as tormentas, dias cinzas, lua cheia e girassol pertencem e existem somente dentro você. Não há nada e ninguém para mudar isso. Seu destino está escrito na sua coragem de seguir em frente. 

O balzaquiano agora sabe, e por isso vai, passo a passo, dia a dia, respiração após a outra, passando os olhos no retrovisor de si mesmo, sorrindo sozinho, sendo grato ao divino, por ter lhe dado tudo que foi pedido, com amor, tesão, até em delírio. Lá vai um homem forte, dentro de si mesmo, cicatrizes, troféus e histórias, seguindo a música, abraçando seu destino, infinito.

Victor Matheus