EU ADORO A MINHA VIDA

“Muitos dizem que sou apenas mais um a tentar. Eu digo que sou menos um a desistir.” - Diego Marchi 

Quando olhamos para o passado, que lembranças resgatamos da gaveta da memória? Boas? Ruins? Saudosas? Dolorosas? Aquelas que insistem em nos transportar de volta no tempo? Ou apenas lembranças, simples, deliciosas e sinestésicas? 

Amanhã, celebro mais um ano de vida nesse planeta. Diferente de todas as outras celebrações, o dia de amanhã guarda algo especial: O fim de mais um ciclo de saturno em minha vida e o recomeço de outro... Atravessei os 27 anos de jornada neste mundo como jamais sonhara outrora, e sem ter expectativas de estar onde me encontro neste exato momento: Mergulhado num mar de tranquilidade, segurança, felicidade e realização espiritual, material, profissional, financeira e transcendental. Não poderia ser mais grato ao que tem acontecido em minha vida, simplesmente porque tudo passou a fluir tão naturalmente como as folhas que beijam o chão após o abraço de uma brisa no amanhecer de um novo dia. 

Meus 27 anos foi realmente inesquecível... Um ano de muitos sonhos realizados, inclusive aqueles que nem pensava em ter há 12 meses atrás... Casei, tornei-me pai de uma linda e iluminada bebezinha, conclui meu curso de ensino superior, viajei por muitos lugares, e expandi meus empreendimentos para além das fronteiras que outrora pareciam intransponíveis, apenas sonhos loucos de um jovem sonhador... Pois é, eu ainda não cheguei no topo da montanha, mas já vejo lá do alto a linha de chegada, e tudo isso aos 27... Obrigado Vida!!! 

O que esperar agora que embarco em mais um ciclo de saturno? Sinceramente, não desejo mesmo saber, afinal, a vida é isso que abraçamos todos os dias, um filme sem replay, uma peça de teatro sem ensaios, uma caravana passando diante dos olhos com gente bonita, alegre, compartilhando luz e amor, e acima de tudo, compartilhando vida... Eu me sinto assim, um ser humano abençoado por Deus, pela Vida, pela Luz, pelo Universo, rodeado de amigos, de saúde, de felicidade, de anjos interestelares, e seguro o suficiente para suportar qualquer provação e tribulação que ainda está por vir... 

Enfim, amanhã celebro os sonhos realizados, celebro a vida, a minha história, ao que ainda acontecerá e que eu nem mesmo sei, pois o futuro pouco me interessa de fato. A vida que tenho é o agora, e esta é a que eu amo e jamais trocaria por outra... Aos que compartilham comigo os mesmos sonhos que tenho deixo minha gratidão, aqueles que mesmo de longe torcem pelo meu sucesso, saibam que estamos unidos em pensamento e energia, e aqueles que eu amo mas certamente jamais encontrarão estas linhas, darei um jeito de dizer pessoalmente que os amo e que sou grato por tê-los no meu mundo... 

Bem vindo saturno, estou de braços abertos e de peito nu, pronto para recebê-lo e fazê-lo tão especial quanto foi o passado... Sucesso na vida é abraçar o mundo, sucesso na vida é ser grato a Deus, ter fé em dias melhores, sucesso na vida é ser feliz. Por isso eu adoro a minha vida, por isso eu amo o mundo, por isso eu estou aqui! \o/ 

* Victor Matheus 
20 de dezembro de 2013 

ACREDITE EM VOCÊ

“Quer você acredite que consiga fazer uma coisa ou não, você está certo.” - Henry Ford

Raul Seixas certa vez cantou “sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade...” Isso foi há mais de três décadas atrás... Quando ouvi essa pequena canção de menos de dois minutos de duração pela primeira vez, fui literalmente nocauteado pela sua mensagem, e mesmo ainda sendo um jovem garoto que mal compreendia muitas coisas desse mundo, guardei as palavras na melhor gaveta dos meus pensamentos pois sabia que aquele simples mantra guardava em sua essência algo além do que eu poderia compreender naquela época.

Anos depois, já homem feito, calejado pelos tropeços da vida, e mais ainda evoluído pelas experiências incríveis que já tive ao longo da minha jornada nesse planeta, eis que novamente surge a mesma canção nos meus pensamentos,  ecoando incansavelmente na memória, trazendo à tona o seu real significado, que só pude compreender após vivenciar nas últimas semanas  emoções, provações, desafios e também sonhos outrora jamais imagináveis de realizar...

Há cerca de quase uma década atrás, embarquei numa jornada comum a todos os jovens que concluem o ensino médio. Passei em cinco vestibulares, para diversas profissões, menos a que mais desejava: A música. Mesmo assim, escolhi outra profissão da qual sou apaixonado tanto quanto pela música, pelas letras, pelos versos, pelo rádio e pela produção cultural, a Educação Física... Ainda muito jovem e ávido por devorar o mundo, ao longo desse período deixei de lado este sonho, chegando a desistir dele por acreditar que não seria feliz fazendo aquilo que sempre fiz desde os meus dezoito anos de vida: Transformar corpos sedentários e inertes em músculos e saúde, e propor às pessoas uma forma diferente de ver e viver neste mundo, afinal, o nosso lema é “mente sã, corpo são”. Nada mais justo e correto certo?

Hoje, enfim chego ao final desta jornada, concluindo meu curso de nível superior, e quer saber a verdade? Não me arrependo nenhum segundo de ter feito da forma que foi, mesmo que para isso eu tenha aberto mão de muitas coisas, inclusive do próprio sonho...Foi uma longa jornada, por vezes cheia de tribulações, incertezas e imprevistos, mas no final de tudo valeu a pena cada segundo, cada experiência vivida e acima de tudo cada oportunidade de recomeço e de conhecer pessoas incríveis que hoje posso chamar de amigos...

Concluir um curso superior parece tarefa fácil, e realmente é, mas quando suas escolhas lhe tiram do foco momentaneamente, os desafios surgem e muitos desistem, mas eu não! Felizmente fui forte e focado o bastante para superá-los e hoje posso bater no peito com orgulho e dizer que sou um profissional graduado em Educação Física!! A lição que fica é: Acredite sempre em você, e acima de tudo tenha fé na vida... Uma hora as coisas se acertam, as oportunidades aparecem e cabe somente a nós agarrá-las com unhas e dentes e seguir em frente... Eu consegui, realizei mais este sonho, e você, o que está esperando para realizar os seus também?

* Victor Matheus

ACREDITE NOS SEUS SONHOS - PADICOIZA

"Hoje realizei mais um de inúmeros sonhos que tenho nessa vida: estreei meu projeto poético com meu irmão, o poeta Rodrigo Mebs e minha amiga iluminada Adília Quintelas, com o nosso primeiro espetáculo guitar-poético da Companhia Padicoiza, intitulado Se Nero Tivesse um Zippo. Foram longos 8 anos de gestação de um sonho que nasceu na Serra de Pacaraima, onde a Venezuela abraça o Brasil, parido das entranhas artísticas de dois turistas espaciais, pelo nome de Caxiri Atômico. Acredite! Todos os sonhos na vida são possíveis, basta querer, acreditar e seguir em frente... Só precisamos de um bom motivo e isso eu tenho e muito mais: amigos, poesia, arte, felicidade, amor, luz, o céu lindo estrelado de Roraima, a beira do Rio Branco, pessoas para nos aplaudir e o desejo infinito de realizá-lo...  Eu consegui! Todos nós podemos, não duvide... Eu adoro a minha vida! \o/


Victor Matheus.

* O Grupo Padicoiza no espetáculo "Se Nero Tivesse um Zippo" é formado pelos poetas Rodrigo Mebs, Adília Quintelas e Victor Matheus e sua estréia aconteceu no dia 06 de dezembro de 2013 no Anfiteatro da Orla Taumanan na cidade de Boa Vista - RR.

AMAR A VIDA

“Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.” - Dalai Lama 

Durante nossa jornada nesse planeta, muitas vezes nos deparamos com situações difíceis, dolorosas, confusas e até mesmo desafiadoras, levando nossa mente, corpo e espírito ao seu limite, chegando muitas vezes a nos esgotar por inteiro. 

Diante dos desafios que a vida nos dá dia após dia, acabamos por nos tornarmos cegos há muitas coisas envolta de nós, de importância imensa, mas que acabam sendo colocadas de lado sem notarmos de imediato. Então, inexplicavelmente, a Vida se encarrega de resgatar aquilo que outrora fora deixado de lado por nós, mas infelizmente, nem sempre a forma de fazê-lo é simples e fácil, provocando imensa dor e tristeza em nós. 

Esta semana, perdi um grande amigo, daqueles poucos que contamos nos dedos par a vida inteira, em decorrência de uma doença devastadora e mortal, conhecida como câncer. Até aí tudo bem, afinal morrer de câncer tornou-se hoje algo tão comum como falecer de gripe séculos atrás... O problema é que na maioria dos casos relacionados ao câncer, a doença geralmente apresenta os primeiros sintomas em estágios avançados da vida do ser humano, porém não foi este o caso. Meu amigo tinha 27 anos, e completaria mês que vem aniversário. Tinha a mesma idade que tenho hoje. 

A notícia de sua partida prematura foi devastadora para mim, ainda mais por ter acompanhado toda a jornada que Ele passou desde a descoberta da doença até seus últimos dias de vida. Felizmente, tive tempo de me despedir dele, mesmo sem sabermos, num encontro familiar. Pude estar ao seu lado, e até fiz brincadeiras, como dizer que ele já estava com mais cabelos que minha filha, uma bebezinha de nove meses... Sorrimos bastante, pois ele, apesar de estar enfrentando o maior desafio da sua vida, jamais perdeu o humor característico de sua personalidade, e nunca perdeu o brilho nos olhos e a vontade de viver... Talvez seja por isso que sua partida prematura tenha causado tanta dor em todos nós que fomos cultivados pela sua presença, sua amizade, seu afeto, sua companhia e sua forma de lidar com os problemas da vida. 

Na época em que nos conhecemos, éramos jovens adolescentes ávidos pela vida, mas eu, diferentemente dele, não tinha tantos compromissos e obrigações no meu cotidiano.. Era apenas um jovem aventureiro em busca de emoções passageiras e mundanas... Já Ele, assumira a responsabilidade de cuidar de uma família órfã de um pai, morto tragicamente... Tínhamos pouco mais de 18 anos, mas Ele parecia ser um gigante homem determinado em trabalhar e dar o melhor aos seus irmãos e sua mãe... 

Hoje, ainda de luto, reflito sobre sua passagem latente e breve do nosso convívio, e percebo que fui um dos muitos privilegiados de estar ao seu lado, de ter aprendido com Ele muito mais que aprendi com outras pessoas ou mesmo nos bancos de escolas e afins... Pude ser testemunha da sua luta em abraçar a vida e degustá-la, mesmo sabendo que seu final seria breve... Presenciei suas pequenas conquistas, as superações que toda pessoa acometida de câncer passa, e durante toda essa jornada, jamais ouvi dele um lamento, um remorso, ou qualquer frase de tristeza ou desmotivação... 

A imagem que guardo do meu irmão será para sempre a de um homem determinado em vencer na vida, de suportar as provações e ainda assim nos dar alegria e continuar sorrindo, mesmo diante das provações dolorosas que passou... Vi sua imagem serena descansar em paz, pronta para seguir seu caminho para a Luz, e mesmo com o coração sofrido e em prantos pela sua ausência física, agora eterna, entre nós, tive a dádiva de receber dele uma última e valorosa lição antes de sua partida: Amar a vida, todos os dias, sempre, e fazer da cada dia o melhor de todos... 

Vai na paz, vai na Luz meu amigo, meu irmão Rubem Jr. Cuide da gente de onde estiver, pois te guardaremos pra sempre no lado esquerdo do peito. “Pois seja o que vier, venha o que vier, qualquer dia amigo, eu volto a te encontrar...” #luto 

* Victor Matheus

A VOZ DO CORAÇÃO

“Não tenha medo de crescer lentamente.
Tenha medo apenas de ficar parado.”

Saudade é uma palavra tão diminuta e inversamente proporcional ao que representa que fica difícil defini-la... Para uns, um sentimento inerente a natureza humana, saudável, necessário, inspirador... Para outros, um martírio, um catalisador de angustias, desespero, e principalmente dor.

Vejo a Saudade como um sentimento de conexão entre o velho e o novo, uma janela aberta revelando nosso passado que jamais retornará ao agora, materializado em fotos, músicas, roupas, filmes, livros, pensamentos e sonhos... Ao transpor esta janela, muitas vezes, revemos o que ficou para trás de óticas diferentes, principalmente com o distanciamento maior do agora com o que foi escrito em nossa jornada há algum tempo... Sinto que a cada passo dado a frente, o passado, outrora tão vívido na memória, fica cada vez distante e borrado, guardado no fundo do baú do nosso coração...

Às vezes, em momentos intensos de nossa vida, ficamos perdidos, sem rumo, sem tomar a decisão correta e sadia... Outras vezes, sentimos certo arrependimento por certas escolhas, que a princípio parecem ter sido feitas com convicção mesmo sendo precipitada ou por um impulso momentâneo, ignorando o que há de mais sincero e prudente em cada um de nós: A voz do coração. Então, inevitavelmente acabamos sempre a nos questionar, quase sempre de forma acusadora e penitente, o porquê de termos feito ou agido de tal forma... Será que fizemos o certo? No que se baseou nossa decisão? Porque a tomamos, sem antes dar tempo para concretizar as idéias? Realmente é o caminho certo a tomarmos? E principalmente, perguntamos a nós mesmos, diante do espelho, para o nosso coração se o que desejamos realmente é sadio para a nossa caminhada nesse mundo?

Há em nosso dia a dia, uma urgência muito grande das pessoas em preservar o que já não soma a nossa vida, em persistir em alimentar o que já foi escrito e não pode se apagar... Nada errado em cultivar lembranças, em permitir nos inebriar de sentimentos tênues e latentes, desde que não percamos o foco, e não deixemos nos entorpecer por algo ou alguém que por razões não faz mais parte do nosso presente...

A natureza, em sua sabedoria, sempre dá razão e justificativa para tirar o velho e dar lugar ao novo, e na sua dádiva, ainda nos dá ferramentas para termos lucidez diante do que está batendo a nossa porta... Por isso sejamos atentos ao que o mundo ao nosso redor nos diz, e se ainda assim sentirmos a vista turva diante de decisões, não esqueça jamais que a sabedoria está dentro de cada um de nós. Apenas ouça a voz do coração, sem medo, sem receio, e saberá que fez a escolha certa. Não duvide. Evoluir é se permitir dar um passo de cada vez.

Victor Matheus

BONS TEMPOS

“Quando somos bons para os outros, somos ainda melhores para nós.” - Benjamin Franklin


A Vida é uma das fórmulas mais simples que a natureza criou para dar a nós, espíritos aprendizes desse planeta, de evoluirmos e compreendermos que estar caminhando nesse mundo é apenas uma das janelas de possibilidades para nossa existência e entendimento do que é Ser Humano.

Certa vez (aqui mesmo compartilhando em textos anteriores) já tive o privilégio de vivenciar experiências divinas, humanas, terrenas e espirituais... Presenciei milagres, como o renascimento de um cachorro atropelado que se ergueu novamente diante dos meus olhos sem qualquer ferimento... Outra vez, numa certa manhã sentado numa cadeira a contemplar os primeiros raios de Sol, dedilhando qualquer melodia ao violão, senti repousar no meu braço um pequeno e barulhento passarinho colorido que ali ficou a me acompanhar com seu cântico as minhas notas musicais... E pude, pela dádiva divina, vivenciar a experiência mais indescritível de todas que a Vida me permitiu: O nascimento de minha filha.

A cada experiência por nós vivida, quando a mente se permite, podemos entender como uma aula prática inundada de ensinamentos profundos, filosóficos e extremamente práticos como devemos guiar nossos passos em nossa jornada em busca da Luz... Mas para isso acontecer temos de querer verdadeiramente, se permitir, e deixar nossa mente e coração livres para aprender o que a Vida nos agracia todos os dias por meio do acaso... Veja bem, o que é a Vida senão uma eterna soma de ciclos alternados? Se não acredita, feche os olhos, concentre-se em si mesmo e deixe os pensamentos fluírem... O que chega aos teus ouvidos? O que seu corpo entende que acontece do lado de fora? Seu coração se acalma? Sente saudade de algo do passado? Alguma ideia chegou a sua consciência? Ou simplesmente nada demais acontece? No fim, pouco importa o efeito de sua atitude, pois se a causa for vazia, o reflexo certamente será o mesmo, e este é um ensinamento básico e prático para aplicarmos ao nosso dia a dia, no qual passei a exercer há um bom tempo e me ajudou e ainda ajuda a elucidar minha mente nos momentos de tribulação e provações que todos nós um dia passamos por razões avulsas... Não tenho o hábito de orar conforme os dogmas religiosos comuns e tradicionais, mas se o tivesse que descrever de alguma forma, esta seria... 

Quando voltamos nossos olhos para dentro de nós, como se colocássemos um espelho diante de nossa face refletindo nossa mente e coração, passamos a perceber a Vida de uma ótica diferente daquela pré determinada pela sociedade que vivemos. Às vezes precisamos nos desligar do mundo de fora e navegar por mais tempo dentro de nós mesmos, afinal, “o mundo de dentro da gente é maior que o mundo de fora da gente”. Aquele que é capaz de transitar entre estes dois caminhos, certamente colherá durante sua jornada bons frutos e muita Luz, pois a Vida está diante de nós, para nos ensinar que os bons tempos, ainda que passageiros, existem, cabendo somente a nós semearmos dentro de nossos corações a árvore da bonança, da paz, do amor e da Luz. Sejamos sempre bons para nós, para o próximo, e acima de tudo, para o mundo. 


* Victor Matheus

DO ZERO AO INFINITO

Um bebê representa a decisão de Deus de que o mundo deve seguir.”

Certa vez escrevi uma canção na qual o refrão diz “Quando abro a porta nada mais importa / quando abro a porta e te vejo sorrindo”. A canção, escrita na tarde de vinte e nove de janeiro de dois mil e treze, em meio a lágrimas de alegria e ansiedade, foi inspirada na chegada do maior presente divino que recebi: Minha filha Alessa Valentina. Naquela noite eu descobriria um sentimento até então jamais palpável: O amor verdadeiro.

Este verso foi escrito há pouco mais de 8 meses atrás e hoje, ao reler, cada palavra ecoa na minha mente como um quadro surrealista de Salvador Dalí, mas incrementado de descobertas que vão além da percepção visual. Desde a chegada da Manga Rosa (apelido carinhoso que dei a minha filha) até os dias de hoje, temos vivido uma jornada intensa, iluminada e e surpreendente, medida por dias e semanas, como capítulos curtos de uma grande enciclopédia do livro da vida, do livro da vida da família que nasceu com a chegada dela, da nossa família.

Se no começo de sua jornada nesse planeta, esse pequenino e frágil ser vivo precisava de cuidados, amor, atenção, leite materno, e noites quase sempre em claro fazendo vigília pelo seu bem estar, agora, passados oito meses, a realidade é outra e mais intensa: Ainda há noites em claro, mas em menor quantidade, mas também há novas descobertas que geralmente são percebidas apenas por nós, pais e mães, que convivem diariamente com nossos filhos. Como descrever a sensação de um pai ao ver pela primeira vez sua filha se por de pé sozinha, apoiando apenas suas diminutas mãos no canto da cama, ou na gaveta aberta do armário, ou mesmo na caixa de brinquedos no meio do quarto? Como descrever a alegria de presenciar o sorriso largo e brilhante de sua filha enfeitado com oito “dentinhos de leite” que mais parecem ter sido esculpidos cuidadosamente em sua boca? Como lidar com as travessuras interpretadas por uma bebezinha curiosa em morder, tocar, puxar, apertar e jogar absolutamente tudo que está a sua frente, acima, abaixo, ou mesmo em seu corpo? E quando você começa a se acostumar com as novas descobertas de seu bebê, na semana seguinte muda tudo de novo.

No começo, éramos acordados de manhã cedo com um choro manhoso de uma bebê faminta pelo leite da mamãe... Um choro traduzido em pedido de acolhimento. Hoje raramente ouvimos este choro, mas sim o chamado pela “mamãe” (isso mesmo, “mamãe, e não “mámá”) de uma bebê que ao acordar, prontamente escala a guarda do berço, se põe de pé e começa a chamar pela mãe... Não há prazer maior nessa vida do que despertar ao chamado de seu filho, e vê-lo sorrindo no berço esperando ser tomado pelos braços é como entrar em comunhão com o amor supremo e universal...

Sentar, engatinhar, subir nos móveis, ficar de pé, morder tudo que pega com as mãos, comer papinha, brincar com objetivos movendo-os atentamente como se quisesse descobrir sua função, bater palminhas enquanto ouve um novo vídeo da galinha pintadinha, pedir colo da mamãe, do papai, do vovô e da vovó, pôr a mão na orelha e dizer “ô!”, utilizar os dedos das mãos como pinça e fuçar um objeto qualquer, interagir com desconhecidos, saber que a palavra “não” serve de limite para algo que está fazendo de errado, mas que não reprime ou magoa (mesmo que segundos depois Ela tente fazer o mesmo de novo), amar as plantas e os animais, e tratá-los com carinho, se divertir no balanço dado de presente pelo avô, enlouquecer nos passeios de carrinho pelos bosques e parques da cidade, brincar com o priminho da mesma idade e descobrir que o “anda já” é o poder supremo da liberdade para um bebê (risos), descobrir novos sabores do mundo, como degustar pela primeira vez um sorvete num domingo de verão, ter a franjinha do cabelo cortada pela primeira vez pela mamãe, surpreender os pais com um carinho, um olhar profundo nos teus olhos, uma conversa em “bebenês”, ou simplesmente sorrir ao rever o papai adentrar o quarto depois de um longo e exaustivo dia de trabalho... São tantos detalhes para descrever nesses oito meses que não haveria linhas suficientes para tal.

Ao pegarmos o número oito e “deitá-lo” o que teremos? O símbolo do “infinito”. Ao contemplar minha filha brincando, interagindo com o mundo ao seu redor, e sendo testemunha de sua maturação cognitiva, motora, sua clara e já latente luz divina e suas formas de expressar sentimentos, desde afeto, amor, até mesmo incomodo e impaciência por não querer ficar sentada no carrinho na hora da papinha me faz perceber que as possibilidades são infinitas quando se trata de filhos, e pouco importa se a vida que temos seja dura as vezes, com provações, tribulações, dias extenuantes de trabalho, estudos, desgaste físico e emocional por conta das obrigações que temos com a sociedade e com nós mesmos... Quando abro a porta da minha casa após mais um dia de trabalho, nada mais importa, porque sei que do outro lado haverá uma bebê, um pequeno ser divino, que ao me ver, compartilhará um sorriso, estenderá os braços, pedirá o meu colo, e eu a tomarei nos braços, lhe abraçarei, sentirei seu cheiro angelical e lhe direi o quanto a amo... Ela certamente, como sempre faz, retribuirá com um sorriso, e mesmo ainda sem pronunciar palavras da nossa língua, me dirá com os olhos e um afago de sua pequenina mão em minha face, que me ama também. Por isso e por tudo que há de bom na minha vida desde sua chegada é que lhe desejo feliz oito meses de vida Manga Rosa, e que do zero ao infinito eu possa estar sempre ao seu lado para te ver sorrindo, e me ensinando que amar está além de palavras e atitudes, mas tão simples e indispensável como tê-la em meus braços.

MUDE A ESTAÇÃO

Assim como há flores em todas as estações, também há loucuras em todas as idades...”

O tempo nos ensina pacientemente que a Vida é um eterno ciclo de estações. Há tempos bons, tempos ruins, tempos de refletir e comer brigadeiro... Há tempo para tudo na Vida, mas realmente há tempo para tudo que desejamos fazer?

Tenho em mim um hábito que adquiri como resultado dos tropeços que tive em minha existência nesse planeta... Fui curando todas as feridas, uma a uma, até me olhar no espelho e perceber que da janela da minha alma, não há mais algo dolorido que devo dar atenção... Enfim descobri a fonte da imunidade para todo o mal que há em volta de nós.... A fonte? Simplesmente mudei a estação.

Troquei livros velhos do peito por outros novos, e tal qual uma roupa suja, lavei da alma tudo que nada mais somava ao meu mundo, segui em frente e como resultado um novo horizonte de possibilidades surgiu diante dos meus olhos. Seguindo esse farol da felicidade eu levo meus dias, passo a passo, um de cada vez, degustando pacientemente cada sublime momento que posso gozar agora, e que orgasmos estou tendo ultimamente!

Ao longo dessa jornada descobri também que podemos ser, cada um de nós, sementes nessa Vida capazes de transformar, transmutar e porque não proporcionar um novo recomeço a muitas pessoas? Basta querer, e chega a ser simples, quase bobo de tão fácil... Comecemos com sorrisos, abraços, um bom dia, um aperto de mão, uma carta, ou simplesmente um “olá”... Nossa alma não precisa de remédios, muito menos de roupas de marca ou o celular de última geração para sorrir... O que faz nosso peito se encher de luz é afeto, amor, atenção e calor humano!

Por isso, em vez de ficarmos preso a uma vida condicionada a lamentos, frustrações e angústias, por que não começar a mudar a estação? Talvez seja apenas preciso deixar as flores brotarem no peito, sentir o calor do sol beijar a face e nos despertar para um mundo cheio de possibilidades diante de nós... É bem verdade que dias frios naturalmente deixam nossa alma mais calma, até tímida e retraída, mas lembre-se que assim como há flores, calor e frio em todas as estações, também há loucuras em todas as idades.

* Victor Matheus

VIDA É O PRESENTE

Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.” – Oscar Wilde

O mundo anda mesmo do avesso. Impressiona-me por demais ver pessoas a cada dia deixando a vida passar despercebida e sem graça por se apegarem a dogmas, leis arcaicas e devoção exagerada por religiões e redutores de celulite... Se prendem ao futuro, a expectativa do que está por vir, a promessas “divinas” e deixam de viver o agora e realmente gozar de fato e de direito tudo que temos pela dádiva de caminharmos nesse planeta.

Sou descrente há bastante tempo de tudo que envolva devoção. Em vários aspectos. Não importa se a lobotomização cognitiva é direcionada para a fé, para o futebol, para a política, a violência, ou qualquer aspecto que limite a mente humana, ao ser humano em si, a buscar o seu conforto material e espiritual... De uns tempos pra cá, minha ojeriza aos dogmas extremistas, principalmente os religiosos, transbordaram, e decretei por definitivo, para mim mesmo, que igreja, seja ela qual for, é apenas mais um ambiente para alienar o homem. Nossa fé não diz direito a ninguém, portanto ninguém pode nos dizer como e por onde cultivá-la. Eu vou pro céu, pra luz, pro paraíso, para as estrelas e nenhum pastor, padre, guru, ou espírito tem o direito ou poder de julgar se vou ou não. Meu coração diz isso e nada mudará.

Sempre deixei claro que sou fervorosamente a favor do livre arbítrio, mas nem por isso não creio em Deus, apesar de que o meu Deus muito se difere dos fanáticos que vemos aos montes por aí... A fé está dentro de nós, e nossa relação com o divino cabe somente a nós julgar se é certa, sadia e sincera... Deus no deu a consciência para fazermos nossas escolhas e não serão mandamentos, versículos, parábolas que vão me convencer do oposto.

Infelizmente nem todas as pessoas tem a sensibilidade de perceber que a vida é muito mais que se expor para a sociedade uma vida “ilusória”, tipo comercial de margarina. Está além, muito além de atitudes, frases bonitinhas em redes sociais... Se encontra dentro de nós... Quando as pessoas deixam de viver o presente, na expectativa de sempre colocar suas mentes no futuro, aguardando as promessas “divinas” e renegam seu passado “pecador”, esquecem que o maior presente de Deus não está no futuro, muito menos no que ficou para trás, mas sim no agora. Enquanto uns deixam de viver o agora, presos a dogmas arcaicos que fazem parte de uma sociedade de milênios atrás, a vida passa, e talvez seja tarde demais para perceberem que o agora é a única certeza, divina e real que temos, do contrário, por que razão chegamos até aqui?

* Victor Matheus

DEUS EXISTE


Há quem acredite que milagres acontecem. Há quem diga que Deus é apenas uma alegoria da mente humana para suprir nossos medos e dúvidas. Há quem diga que Deus é tudo que está em volta de nós. Há quem diga que Deus é o universo. Eu acredito que Deus é a própria vida em si, tudo que está em volta e dentro de nós, a própria luz, o caminho, o presente, o início, o meio e o fim.

Certo dia minha esposa, minha filha e eu fomos até uma pizzaria para jantar. Nada demais. Um passeio numa noite de sexta-feira quente do norte do Brasil. Um ambiente compartilhado com outras famílias, todas felizes, em ceia. Conversas paralelas. Sorrisos. Fome, espera, e uma atmosfera agradável. Era apenas mais uma noite qualquer em minha vida. Aguardava pacientemente numa conversa animada com minha esposa o nosso pedido do cardápio chegar, até que ouvi aquele som impactante! Bum! Minha visão correu para a avenida a frente de onde estávamos a tempo de presenciar uma cena dolorida: Um carro vindo em alta velocidade acertando em cheio um cachorro de rua qualquer, que ao receber o impacto deu uns 4 rodopios no próprio eixo e caiu aos grunhidos de dor! O carro não parou para socorrer o animal, e prontamente, com o som impressionante do impacto do automóvel no cachorro, todos tiveram subitamente suas atenções voltadas para a rua...

Pelo som do impacto do carro com o cachorro e a angústia que o animal emitia com seus grunhidos, era fácil concluir que tão logo aquela vida estava se esvaindo, e não tardaria muito a deixar este planeta... Um sentimento de revolta ficou latente na face de todos que presenciaram aquela cena... Prontamente um rapaz levantou-se de uma das mesas e foi em direção ao cachorro que estava no meio da avenida, em agonia, com as pernas tortas e movimentos espasmáticos... Era dolorido demais ouvir aquele cachorro clamando por socorro e não poder fazer nada... Sentimos no ar uma certa melancolia, um aperto no peito... Neste instante Me perguntei porque alguém faria um mal tão grande à um ser vivo e o deixaria ali, para morrer, ou novamente atropelado por outro veículo, ou mesmo por conta dos ferimentos causados pela colisão. Me indignei! Não aceitava aquela situação! Tentei distrair minha atenção numa conversa qualquer com minha esposa, uma brincadeira com minha filha, mas não conseguia me desligar daquela cena...

Segundos após a colisão, um rapaz levantou-se de uma das mesas da pizzaria e foi em direção ao animal agonizante... Prontamente se pôs a frente dele, gesticulando para os carros diminuirem a velocidade... Muitos curiosos levantaram-se das mesas para observar aquela cena melancólica, como uma platéia assistindo o desfecho trágico da vida de um ser. Ao mesmo tempo, uma dor lascinante brotava no meu peito a tal ponto que pensei em deixar o local por não suportar presenciar aquela cena até que algo inesperado aconteceu: Subitamente os grunhidos de dor do animal sumiram! Não mais que num piscar de olhos o animal levantou-se do asfalto e saiu caminhando calmamente pelas ruas! Todos, inclusive eu, ficaram de queixo caído com aquela cena! Como pode um animal atropelado por um carro em alta velocidade, estar ali, deitado praticamente em seu leito de morte, agonizante, com as pernas visivelmente quebradas simplesmente levantar-se e sair andando? Ao presenciar aquele verdadeiro milagre da vida, não exitei em dizer a minha esposa: “Deus existe”.

O cachorro deu mais alguns passos, emitiu alguns latidos, as pessoas sentaram-se em suas mesas, e o clima palpável de dor deu lugar a uma atmosfera de felicidade. Fiquei simplesmente entorpecido com o que acabara de assistir e também feliz por ver aquele cachorro em pé, intacto, caminhando novamente... Algum tempo depois, ainda aguardando o meu pedido ser entregue, o mesmo cachorro passou ao meu lado, parou, me fitou com os olhos brilhantes da cor caramelo e seguiu sua caminhada por uma outra rua até sumir da minha visão.

Há alguns dias atrás, para minha surpresa encontrei novamente o mesmo cachorro perambulando por uma rua qualquer. Desci do carro e corri em sua direção para tirar uma foto. Precisava registrar aquele ser para comprovar meu testemunho. Novamente ele me fitou com seus olhos caramelos, eu afaguei sua cabeça, ele olhou para mim por alguns segundos, abanou o rabo e seguiu novamente. Fiquei literalmente congelado, contemplando aquele cachorro seguir seu caminho, sozinho, livre. Pensei em resgatá-lo e adotá-lo, mas uma voz dentro de mim insistiu para deixá-lo partir... Se o cachorro é real eu não sei, mas tenho certeza que Deus, ou seja lá o que há acima de nós e que rege esse universo, mostrou seu poder diante dos meus olhos, e reafirmou mais uma vez para mim e todos que testemunharam o mesmo que eu que nada nessa vida é impossível, inclusive para um cachorro, ser atropelado e levantar-se para uma nova vida, dada por milagre, por Deus, ou simplesmente pelo acaso. Não importa. Ele está vivo, e isso basta.

Victor Matheus


A INVEJA TEM FACEBOOK

“Cuidado! A inveja tem facebook”.

Com o surgimento das redes sociais a partir do novo milênio, as relações pessoais, interpessoais e sociais minguaram da vida real e migraram para o mundo cibernético. Hoje, é praticamente obrigatório, além de termos os registros civis tradicionais (carteira de identidade, cpf, e afins) também contas em diversas redes, principalmente no twitter e facebook. Vivemos os tempos do ciber-universo-ilusório, onde o que importa agora é o número de seguidores, de curtidas das postagens, e não mais o que realmente temos de dar valor nessa vida: as relações verdadeiras, humanas, reais e palpáveis.

Por conta desse fenônemo, novos hábitos passaram a fazer parte do dia a dia em nossa sociedade. Opiniões são expostas publicamente a torto e direito, onde todos se acham com a razão, com o direito de julgar o próximo, surgindo discussões e debates acalorados, ofensas, revolta, repúdio, indignação, sarcasmo, provocações, críticas e principalmente muita asneira! Após quase 20 anos da revolução tecnologica que nasceu da necessidade do homem em aproximar as pessoas, hoje a internet, em especial as redes sociais, distanciam e até sepultam amizades outrora verdadeiras e desprovidas de vaidades e status por conta desse espírito latente de egocentrismo que contamina o mundo virtual.

Vejo, dia após dia, principalmente no facebook, um universo totalmente diferente do que é a vida real,  na qual tudo realmente acontece pra valer. Enquanto no facebook, as pessoas se preocupam quase que paranoicamente em retrucar os comentários alheios, de outras pessoas que nem se quer tem alguma relação com os seus detradores, a vida real continua, e esta vida é a que temos que dar foco, pois é no mundo real onde tudo que alguns pensam que no mundo virtual faz sentido, realmente é posto a prova. Aqui, do lado de fora do computador, não há espaço para a dissimulação. Você é o que sua essência demonstra, mesmo contra a vontade.

As redes sociais acabam sendo apenas um reflexo do que as pessoas são no mundo real, o que me faz chegar a uma conclusão: A inveja tem facebook! Há muitas pessoas que dedicam suas vidas a se preocupar com o que você pensa, o que você compartilha, o que você comenta, e busca sempre retrucar, se opor, provocar, e se esquecem que isso apenas afetará a si mesmo, afinal, qual o sentido de tomar as dores de alguém ou de algo por conta de um comentário alheio? Incomoda tanto você compartilhar ideias que muitos  agregam, ou simplesmente discordam, mas respeitam? Aí, o efeito dominó começa, e quando menos se espera, as máscaras caem, as verdades se revelam, e no pior dos casos, acompanhado de ameaças públicas embebidas de escandalosos erros de gramática... Isso me dá pena!

Por isso, a cada dia que passa, me distancio mais do mundo virtual, por estar se tornando  sem graça, repetitivo, sem algo a acrescentar de fato a minha vida. Não é no facebook que encontro a paz interior. Ele não me da uma manhã de sol ao lado da minha filha, um abraço apertado e acolhedor da minha mulher... Não encontro em redes sociais algo que me desperte tanta alegria como compartilhar com os amigos um pôr do sol na beira do rio.  O que recebemos da vida é apenas o que damos para ela. As vezes compartilhamos amor, tanto na vida real como no cyber mundo, mas nem sempre recebemos o mesmo, talvez porque estes espaços, principalmente os virtuais, estão cheio de pessoas sem mais nada de importante para fazer na vida, e que tomam a vida dos outros como um motivo para ocupar as suas, e fazem de tudo para tornar a vida de quem inveja algo ruim, mas esquecem que  não importa como ou quanto tente incomodar aqueles livres e imunizados desse mal... Um dia apenas abrirão os olhos , se enchergarão nos espelho e perceberão o quanto foram medíocres em perder o tempo de suas vidas se preocupando em fingir ser o que não são, ou pior, invejando a felicidade alheia. Enquanto alguns finge uma vida de comercial de margarina nas redes social, eu vivo de verdade, feliz, em paz comigo, e com o meu mundo.

* Victor Matheus

ASSEPSIA DO MAL

Deletei do meu coração aquela parte que diz que ajudar as pessoas lhe traz coisas boas... Só tenho recebido o oposto, o que me faz concluir que: Ou sou um cara muito ingênuo ou as pessoas nesse mundo são mesmo egoístas.

Cheguei a esta conclusão após atravessar uma longa jornada em que me propus a mudar o meu mundo, fazendo dele um ambiente melhor, mais legal, mais divertido, mais interessante, mais bonito, e porque não mais supimpa para viver? Infelizmente, a vida arrancou o véu que ludibriava meu coração e me fez perceber que nem sempre que se planta amor, colhe-se amor. Também não quer dizer que devemos jogar a toalha quando nem sempre aquilo que planejamos para nossa vida, nossos sonhos e objetivos acabam por se desfazer... Apenas temos que deixar nossa mente, espírito e coração livres e abertos para reconhecer que mesmo com nossos esforços para tentar mudar o que há de ruim a nossa volta, nem sempre podemos fazê-lo, e não por falta de vontade, mas simplesmente porque há mais energia negativa para “combater”, do que energia para somar, e mais agravante ainda, quando sua “luta” é solitária tudo se torna mais desgastante...

Sempre acreditei que todos os sonhos nesta vida são possíveis, basta querer. Há quase dois anos compartilho nestas linhas determinadas filosofias de vida que sigo, por acreditar que ao multiplicar esse conhecimento, esses princípios, levá-los ao maior número de pessoas possíveis, realmente posso fazer a diferença, mas tal qual a estrela que brilha muito, acaba incomodando os buracos negros... Infelizmente a vida é assim, quanto mais felicidade compartilhamos, mais incomodamos o seu oposto, e se não tivermos equilíbrio emocional e espiritual para lidar com as adversidades, podemos acabar sendo consumidos pelo mal que também habita o nosso mundo.

Hoje tenho a serenidade de compreender que a vida tem seus altos e baixos, e aprendi a me imunizar de tudo que não soma mais a minha vida, mesmo as vezes tendo que me divorciar de muitos sonhos e desejos que tenho, por necessidade, por ser a melhor escolha a se fazer, para evitar possíveis carmas ruins, e mais, apagar por definitivo qualquer vestígio ou fagulha que possa desencadear energias ruins para a minha vida. Apesar disso, nem sempre foi fácil lidar com os momentos amargos de nossa jornada...

Decidi deixar de lado velhos sonhos contaminandos do mal alheio, colocá-los na gaveta do esquecimento, até quem sabe um dia, através das sementes do amor que cultivei, enfim brotem, pois é necessário que isso aconteça para que um dia eu possa resgatá-los de novo para o meu presente. Enquanto isso, eu sigo em frente, buscando novos desafios que me proporcionem prazer, que possa afagar meu coração e me distanciar cada vez mais daquilo que não soma mais a minha vida.

As vezes precisamos passar a borracha no que não te faz mais sorrir, mesmo você acreditando que um dia possa mudar o que hoje é nocivo para a sua evolução, por isso pratique a assepsia do mal, e se imunize de tudo aquilo que apenas te puxa para baixo. A vida é linda, a vida é life.


* Victor Matheus

PRIMAVERA TROPICAL

“Quem sabe faz agora, não espera amanhecer...”

Sou filho de uma geração que foi as ruas nos tempos de repressão, inflação exorbitante, abuso de poder, censura, tortura, quando a liberdade de ir e vir, de opinar, de compartilhar ideias, sonhos e vontades com os demais não tinha vez... Sou cria da geração que mostrou a bunda para o falso moralismo e o militarismo autoritário, foi para as ruas, uniu força com seus iguais e como uma massa compacta e rolo compressor enterrou por definitivo longas duas décadas de ditadura militar. Geração esta que trouxe de volta o poder ao povo e para o povo. O ano era 1985, o mesmo ano em que cheguei a este planeta... Infelizmente menos de uma década depois, a mesma geração que clamava por liberdade tomou de conta do poder político de nosso país e quase o levou a total ruína... Jovens foram as ruas, pintaram as caras, até nome de canção receberam em sua homenagem e protestaram incansavelmente, lutaram pelos seus direitos, exclamaram palavras de ordem, invadiram o congresso nacional, enfiaram o dedo na cara do presidente e o mandaram catar coquinho... O final dessa história todos já sabem.

Passados quase vinte anos, duas gerações, guerras, atentados terroristas, tetra e penta campeonato mundial da seleção, fome, miséria, bolsa família, bolsa educação, cueca cheio de dinheiro encontrada por aí, roubo em licitações e contratos, desvio de verbas, corrupção, mensalão, mensalinho, “lulinha lá”, crise energética, plano real, dívida externa, devastação da Amazônia, roubo de material genético de indios yanomamis, hidrelétrica de Belo Monte, lei da “cura gay”, Feliciano, Rena Calheiros, etcétera e tal, o povo brasileiro enfim acordou de um longo e inquietante período de passividade quanto aos males e literal estupro dos nosso cofres públicos por parte da grande maioria de nossos representantes políticos... Chegou enfim a hora do basta pra tudo que por anos habitou apenas o inconsciente da sociedade, mas que nunca tinha voz e vez, e de fato, poder de mudar... Agora os tempos mudaram, e como diz a máxima popular, “o gigante acordou”, e ao que tudo indica para uma longa vigília em prol do bem comum de toda a nação.

O que mais me agrada com relação as manifestações que temos acompanhado diariamente nos noticiários é que esta revolução iminente que está a ponto de atingir seu ápice nasceu da vontade uma geração que “nunca antes na história do Brasil” havia passado por um período de recessão, uma geração que não tem líderes eleitos, é apartidária e pauta diversos assuntos essenciais e relevantes para o nosso país... A mesma geração da qual faço parte e que não sabia até então o que nossos pais e avós, livros de história, canções e testemunhas anônimas da história real enfrentaram até conquistar as mudanças e quebras de paradigmas que sempre combateram, seja por ideias, seja por revolta, seja por incomodo de não compactuar com o sistema político vigente... O povo está cuspindo na cara de quem merece e dizendo aos nossos políticos como eles devem fazer o seu dever de casa, e mais ainda, dizendo que a partir de agora, o parque de diversão e torneira da roubalheira do nosso dinheiro público está com os dias contatos, e vai além, não tratando apenas da corrupção que assola há décadas, ou melhor, séculos o nosso país, mas também cobrando mais do que sempre o povo teve direito, mas apaticamente preferiu “ignorar” por conveniência, manipulação, desconhecimento ou medo mesmo.

Portanto, não há muito mais a divagar sobre o momento de transformação que nosso país vive, mas cabe aqui um pequeno manifesto: “Senhor futuro do Brasil, peço encarecidamente que nos próximos anos o nosso país saia desse estado de letargia, comodismo e manipulação política, e se transforme de fato numa nação que se orgulhe não apenas pelas aparências e mentiras televisivas que ouvimos diariamente, mas que seja de fato um país de todos, e para todos, e que minha filha Valentina possa crescer numa nação próspera, justa, digna, com toda a infra estrutura que reivindicamos há décadas, que não tenha vergonha do passado medíocre de 500 anos de roubo e inverdades que fomos um dia obrigados a engolir e sermos condicionados, mas que faça disso uma inspiração para a mudança real que almejamos, e que caminhe para frente mudando o que está de errado, pelas mãos do seu povo, os donos de fato e de direito de todas as nossas riquezas e os catalisadores da mudança real que queremos para todos... E que sejamos fortes para percorrer este período latente de mudanças que estão por vir, e tal qual foi quando eu era apenas um garoto de 7 anos e vi o mesmo povo tirar do poder um presidente corrupto, agora, quase duas décadas depois, já homem feito, possa também fazer parte dessa mudança e quebra de paradigmas, e que possamos celebrar juntos um novo recomeço na história do gigante da América do Sul. Querer é poder! Para mudar o mundo, primeiro devemos mudar a nós mesmos.” Enfim chegou a Primavera Tropical, cheia de flores, mas não menos importante que de outrora. Vamos pra rua. Vamos em busca do melhor para todos.

FELIZ DE HAVAIANAS

Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.” - Mahatma Gandhi

Certamente todos nós, em algum ponto de nossas vidas, já nos perguntamos: Somos felizes de verdade? Temos tudo que precisamos para gritar pro mundo que adoramos nossa vida? Ou simplesmente ignoramos o fato real que permanece constante na vida de qualquer ser humano que chega a esse planeta, aquela inquietação interna, a busca quase obsessiva pela tal felicidade, a paz de espírito, o prazer pleno, quase divino e imaculado, mas que tal qual uma longa escalada ao pico de uma imensa montanha, por vezes é difícil, tortuoso e até dolorido... Você já viu esse filme algum dia?

Conheço muitas pessoas que tem, do ponto de vista social, vidas maravilhosas, com posses, estrutura familiar, bons ofícios, capital financeiro, casa própria, carro do ano, celular bacana, que viaja quase que mensalmente para lugares maravilhosos ao redor do mundo, mas ainda assim “reclamam” de suas vidas, e deixam transparecer que apesar de tudo que tem, em termos materiais e de status, não são felizes de verdade, o que me faz pensar que inversamente proporcional é a felicidade plena quando o indivíduo menos tem com o que se preocupar, e isso inclui menos apego ao material, a opinião alheia, a necessidade de encontrar em algo inorgânico, o prazer verdadeiro de estar por aí, caminhando nesse mundo.

Em contra partida, também conheço muitas pessoas que, apesar das dificuldades da vida, a falta de dinheiro no bolso, a contra atrasada da parcela do carro, etcétera e tal, não se deixam abalar, e emanam mais luz e felicidade do que muitos bem sucedidos financeiro, social, e profissionalmente, simplesmente porque essas pessoas acabam descobrindo que a felicidade não está ligada a coisas materiais... Se o coração está aquecido de amor e de boas energias, todo o resto acaba se tornando secundário, e o mundo, a vida, Deus, ou o destino, como prefira definir, acaba conspirando ao seu favor, abrindo caminhos antes difíceis, e os problemas de outrora, quando menos se percebe, já foram superados.

Por um bom tempo, tive um hábito pitoresco que devo compartilhar: Adorava andar com um par de sandalhas “sustentáveis”. Deixe-me explicar melhor: Usava um “pé” de uma marca, e “outro pé” de outra marca. Do ponto de vista estético não era nada bonito, mas para mim pouco importava. Sempre me agradou esquisitices, e o “par híbrido” de sandalhas atendeu perfeitamente as minhas necessidades por um longo tempo. Eu poderia a qualquer momento comprar um par de sandálias novas, pois recurso financeiro nunca me faltou, mas acabei me apegando aquele par de sandálias de tal maneira que foi difícil praticar o desapego e subistui-los por um par novo. Assim o tempo passou, até que um dia percebi que até o par de sandálias sustentáveis estava desgastado demais para continuar sendo usado. Resolvi então aposentá-los e adquirir novas sandálias.

Percebi algo diferente dentro de mim quando realizei a compra das novas sandálias... Senti um imenso prazer no meu coração ao concretizar aquele desejo banal e fútil, quase sempre ignorado por muitas pessoas, afinal quem sente prazer em comprar sandalias? A lógica seria nos emocionarmos ao comprar uma casa nova, um carro do ano, ou aquele celular de última geração que só vende nos Estados Unidos... Naquele instante, percebi que não preciso de muito para ser feliz nessa vida. Encontrei prazer e satisfação tanto material como espiritual num pequeno gesto... Compreendi que nessa vida, feliz são aqueles que não precisam de posses para alimentar seus sentimentos, mas sim aqueles, que de desprendem de tudo, e ainda assim são felizes, apenas pela razão de ser. Talvez, somente com essa experiência, pude dar razão as palavras do grande sábio Gandhi: “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.” Por fim a lição que compartilho é: Quando praticamos o desapego, ou encontramos o prazer nos pequenos detalhes da vida, encontramos verdadeiramente o sentido para sorrir, ser feliz, e compartilhar amor... Eu sou feliz, com muito ou pouco no bolso, não importa, eu continuo feliz, de havaianas, sorrindo pra vida!

* Victor Matheus

MISS UMBIGO

No final, bunda cai, peito cai, e o que fica é o coração e o amor”

Todo mundo nasce, todo mundo cresce, todo mundo come, todo mundo dorme, todo mundo morre... Infelizmente, a cada dia, mais e mais pessoas se esquecem que do avesso, das tripas ao fio de cabelo, somos todos iguais, que diante da imensidão desse universo, somos um minúsculo grão de areia, provavelmente pó de estrela, escremento de dinossauro reciclado que anda e fala, as vezes asneiras, mas fala e pensa, as vezes besteira, mas pensa e acha, acha que é o centro do universo.

A beleza de ser não está apenas num sorriso maquiado com quilos de corretivo facial, ensaiado no espelho do banheiro do trabalho para aquela foto sensacional e super modernosa cheia de legendas com #... Ou as vezes num lugar super bacana, durante aquela férias de carnaval, de fim de ano, ou do intercâmbio do curso de inglês, a fim de mostrar para todo mundo como a vida é bela, como é bom ser lindo e super pop, e que futilidades como biquinhos, caras e bocas, etcéteras e tal, determina o quão popular e relevante a pessoa é para... Ela mesma! Acha que o centro do universo é seu mundinho super bacana, mas esquece do principal: Ser você mesmo, sem filtros, sem frescura, e não se importar apenas em parecer legal...

Não há nada de errado em querer compartilhar momentos legais da sua vida em redes sociais, afinal, a intenção delas é essa mesmo, aproximar as pessoas, e eu mesmo sou um adepto delas, mas há muita gente por aí que usa este universo virtual para cometer verdadeiros sacrilégios visuais que beiram o ridículo, simplesmente porque é forçado, é falso, é escroto, é totalmente não condizente com a sua realidade, que só engana a sí mesmo. Que mundo é esse que estamos vivendo? A vida é mesmo esse mar de rosas que vemos nas redes sociais todos os dias?

As pessoas, na ânsia de auto masturbar seus egos, esquecem de abrir sua visão para o mundo real, e enxergar há poucos metros a sua frente as imperfeições da vida, que também tem sua beleza e nos ensina muito mais... Esquecem que alimentam um ciclo vicioso onde o ego e a futilidade norteiam seus passos, acabando por perder muito tempo habitando nesse sistema egocêntrico e superficial de promoção da auto imagem “feliz” e viver realmente a vida em sua plenitude.

Infelizmente nossa sociedade está, a cada dia mais, valorizando apenas a imagem, as aparências, alimentando uma mentira que desvia o foco de nossas mentes para o que devemos de verdade dar atenção... Enquanto alimentamos esse ciclo de ilusões, condicionamos cada vez mais nossa existência a mediocridade e nos tornamos seres tão insignificantes como as baratas do ralo do banheiro. Lembre-se: “No final, bunda cai, peito cai, e o que fica é o coração e o amor”. Que tal (re) começar a viver no mundo real verdadeiramente agora?

* Victor Matheus