A MEDIDA DE AMAR


Minha existência nesse mundo contabiliza um breve tempo até agora. Pouco mais de 24 anos, quase 25 completos, de muitas histórias, experiências, decepções, alegrias e momentos inesquecíveis, duros, sublimes, melancólicos e surreais.

Aos 14 anos descobri como expressar minhas emoções através das palavras, de rimas, de textos, e desde então não parei de escrever mais. Com 14 anos também tive uma experiência que me fez ver além das palavras como forma de me comungar com o mundo: a música.

Nesses tempos já tinha meu violão, mas o sonho de ter uma guitarra nascera; nesse tempo já ensaiava com banda, mas o sonho era fazer um grande show, gravar um disco e viver de música; nesse tempo já tocava canções dos meus ídolos, e compunha minhas próprias canções; nesse tempo descobri o rock nacional, Engenheiros do Hawai, e a trilha sonora de minha primeira experiência com um sentimento até então desconhecido: o amor.

Tudo ao mesmo tempo , aos 14 anos. A primeira paixão de escola; o primeiro poema escrito declarando estar apaixonado; a primeira decepção amorosa; o primeiro beijo; o braço quebrado; a solidão; a descoberta que para viver nesse mundo, é preciso sobreviver a provações dolorosas; tudo aos 14 anos.

Uma música em especial marcou essa época, chamada Números, da banda gaúcha Engenheiros do Hawai. Uma das frases incluídas nela diz assim: "A medida de amar é amar sem medida". Até hoje essa pequena frase ventila nos meus pensamentos, e há uns dias atrás mais forte do que nunca.

Com 14 anos eu estava descobrindo o que é o amor e suas reações e relações com o mundo e as pessoas, hoje consigo decifrar o que é o amor, e gozá-lo de sua plenitude sem medir até que ponto ir, porque simplismente amo infinitamente, saltando num precipício de felicidade e num mar de carinho, abraços, beijos, fidelidade, confidência, olhares, silêncio e juras que jamais alcancei até então, por medo, por imaturidade, ou por não estar disposto a tal situação.

E nesse instante, com o peito sendo um lugar tão pequeno para guardar tal sentimento, e me faltando palavras para continuar escrevendo nestas linhas,porque obviamente estou emocionado, só posso terminar dizendo que o bom mesmo da vida é amar e ser feliz, em todas as formas, e que dádiva é para aqueles que descobrem isso cedo, como eu pude descobrir, que pra ser feliz se precisa de pouco, muito pouco, o suficiente para caber em uma palavra, num instante do tempo, capaz de mudar todo o sentido da sua vida, e a forma de vivê-la.

Amar é bom, simplesmente bom. Por isso ame, sem medo de sofrer ou se decepcionar. Se for verdadeiro, tudo ao seu tempo acontece, e tenho certeza que será uma experiência inesquecível para sua vida, bela e inspiradora. O amor é um presente de Deus, e se buscá-lo, será retribuido, da mesma forma e com a mesma intensidade, hoje tenho certeza disso.

Agora entendo que a medida de amar, é amar sem medida.
Amor e luz para todos hoje e sempre.

* Victor Matheus

BEIJAR A FLOR, SER A FLOR




Acordar com o dia chegando pelos raios de sol no horizonte realmente é uma dádiva que poucos gozam, por escolha ou necessidade. Aplausos aos que dão conta do prazer de comtemplar tal momento, e lamento aos "cegos" que deixam de flertar com as belezas desses sublimes instantes de vida plena pulsando ao seu redor.

Por algum tempo de minha vida, cerca de 1 ano, tive um trabalho que me exigia um esforço acima da minha capacidade física e mental, que consistia em acordar as 4:30 da manhã de segunda a sexta feira, incluindo feriados, que me forçava a ter um ritmo de vida pessoal e social diferente do que realmente me deixa livre pra ser quem sou sem as pressões da vida adulta.

Realmente admiro ainda hoje saber que há tantas pessoas felizes, levando suas vidas simples, acordando cedinho de manhã para realizarem suas caminhadas matinais e exercícios físicos, ou simplesmente comtemplar o dia se achegando e aquecendo o coração e fazendo a vida pulsar novamente.

Hoje, novamente retorno a esta rotina, digamos, exigente e disciplinar, por escolha própria e necessidade, mas com uma consciência que outrora não tinha. Comparando com a primeira vez, na qual fazia um esforço enorme para sair da cama, já de mau humor, com o céu ainda escuro, os galos cantando, a água fria do chuveiro e um cansaço físico enorme pelas poucas horas de sono, agora tudo acontece de forma diferente e interessante. Sim, ainda tem o céu escuro, os galos cantando, a água fria do chuveiro, mas também não há mais mau humor, cansaço físico e a vontade de voltar para cama (só quando está chuvendo).

Salta aos meus ouvidos e olhos velhas novidades. Me pergunto como não percebia antes a beleza de contemplar o sol nascendo no horizonte, os pássaros despertando com cantos que mais parecem músicas celestiais, a cidade despertando, os carros circulando pelas ruas, a rotina do dia a dia recomeçando e pulsando como um coração de beija flor acelerado suspendendo o corpo no ar como que levitando, e a beleza de saber que você faz parte de toda essa valsa e está vivo. Como eu não percebia isso antes?

As vezes ficamos tão cegos e programados as nossas rotinas diárias que esquecemos de contemplar o que há de belo ao nosso redor, e quando o tempo passa e não percebemos, pode ser tarde demais. Outros tempos minha rua não tinha asfalto, eu era moleque, jogava bola descalso, machucava o dedão do pé chutando pedra por engano, me divertia e era feliz, simplesmente feliz por que tinha tudo que precisava naquele momento, mas não percebia a beleza de estar pisando descalso na terra batida, sentindo nosso planeta pulsar e me energizando. Hoje minha rua tem asfalto, mas agora sinto saudade do chão batido, dos tempos de moleque que jogava bola.

De certa forma, mesmo atrasado, pude perceber a beleza de pequenas coisas que já se passaram em minha vida, e poderia citar tantos outros exemplos, todos tão sublimes e casuais que seria nostalgico e delicioso compartilhar nessas linhas.

Já não tenho mais a rua de barro, a bicicleta sem freio e as bolas de gude, mas para sempre terei as lembranças guardadas com carinho de tudo que vivi e não percebi estar vivendo, mas que o tempo me ensinou a amar e admirar, mesmo não podendo percorrer novamente o mesmo caminho, ainda que as cicatrizes me lembrem como podem ser dolorosos estes caminhos.

Nem tudo parece perdido no entando. Ainda tenho tempo do agora para frente de gozar com consciência de novas experiências, e dar valor a cada detalhe e segundo que estar por vir. A vida é tão sábia em sua forma de evoluir que realmente só agora entendo que é preciso dar tempo ao tempo para compreender onde estamos e o que somos nesse mundo.

Há amor em pequenas coisas, há felicidade em momentos simples, e há lições valiosas para se aprender com o mundo a nossa volta, só basta observarmos o que há ao nosso redor e compreender os sinais que estão escancarados aos nossos olhos, para então seguirmos em frente com mais sabedoria e equilíbrio.

Imagine só que momentos mágicos você está deixando escapar por estar triste, sofrendo, ou mesmo emburrado ou com sono? O mundo é grande demais para uma vida só, mas é esta que temos para viver, portanto goze de todos os segundos, saboreie cada respiração, sinta teu coração batendo forte e o sangue correndo pelos músculos, ouça mais seus pensamentos, e acima de tudo, tenha fé que sempre haverá dias melhores e novas histórias inesquecíveis para se escrever.

O sabor da vida está nos detalhes, nas pequenas conquistas, na forma como lidar com os problemas sem causar algo ruim para sí ou o próximo. Quando se aprende a desgustá-los, saberá que nada mais pode te fazer esquecer ou deixá-lo cego para o que há de bom no mundo lá fora.

Perceber a beleza do beija-flor suspenso sugando o néctar de uma flor é algo comum e lógico, mas perceber a beleza da flor, que espera pacientemente a visita do beijador de flores, é algo que poucos conseguem fazer.

Seja a flor, e o beija-flor, sem medo da escolha que fizer, e não deixe nunca de perceber a beleza das diferentes formas de viver cada instante que se passa em sua vida.

Luz, amor e positividade para todos.

* Victor Matheus

Paciência: A virtude dos sábios?




De uns tempos pro agora venho me observado calculadamente no dia a dia. Analisando, se é que pode ser possível, minhas atitudes diante da vida e dos desafios gerados por minhas escolhas.

Percebi que um dos traços de minha personalidade é a urgência de querer tudo para o agora, nesse instante, sem medida de consequências ou sequelas planejadas e o inevitável sempre acontece, de ouvir das pessoas que me falta a tal da paciência, o que não deixa de ser verdade, mas então porque tanta urgência em viver a vida em sua plenitude?

Que paradoxo louco esse, afinal admiro tanto as pessoas com mais vida, com mais idade, com rugas, cabelos brancos, me projeto de tal forma, e até nisso a vontade que seja agora me persegue em vez de dar tempo ao tempo e gozar de minha juventude livre.

Seria eu um rio em corredeira, um turbilhão de emoções simultaneamente, com ondas num mar revolto castigado pelos ventos, quando na verdade, jamais parei para admirar um lago calmo e sereno? Acredito que até agora sim.

Esta realmente é uma boa metáfora para se usar quando o assunto é ter paciência. Eis a questão: Ser rio, movimento, corredeiras em direção ao mar; ou lagoa, calma e serena, esperando o tempo passar e gozar da vida sem ação alguma; Há um meio termo para este dilema existencial?

Meu coração é de certa forma os dois opostos, alternadamente, e pode-se dizer, por ciclos também. Tentando explicar, seria algo, imaginem, um belo rio selvagem descendo dos montes, desbravando as terras por cachoeiras, corredeiras, dilacerando as margens com suas correntes de água, até atingir um grande, sublime e calmo lago, que reflete o céu azul, onde o mais simples tocar de um passáro no espelho da água, pode mudar toda a rotina do lugar.

Pra deixar tudo mais preto no branco, outro exemplo seria a clássica ressaca, mesmo que seja a moral. A loucura do descontrole, as insanidades, o terremoto de emoções e distrações, e no fim de tudo, aquele silêncio ensurcededor que se faz necessário para recuperarmos nosso equilíbrio físico e mental, não é verdade?

Aonde quero chegar com todas essas filosofias baratas de mesa de botequim ordinário? A lugar nenhum. A jornada é o objetivo, Já li isso em algum lugar, por certo que sim.

Minha urgência não está em exercer a paciência, ou mandá-la a merda e retornar a ser o volátil jovem inquieto, mas sim em compreedê-la e usá-la da melhor forma possível e racional quando achar necessário.

Sim, um pouco de loucura faz bem a vida também, por que não? Já experimentou correr pelado, pular da ponte ou segurar o ar debaixo da água? Toda sua vida passa num segundo, quando a coloca em perigo, e essa mesma vida passa quando se tem a paciência de esperar que ela aconteça naturalmente, sem forçar algo ou planejá-la como um jogo de xadrez.

Antes de qualquer decisão, viva, é isso que importa. Enquanto o coração bate e o tempo passa, não tem como retornar, pois as rugas chegam ,os cabelos brancos, o espírito amadurece, e se perde somente aquilo que quiser.

Não é preciso ser nenhum sábio para entender, que para a felicidade, basta encontrar o equilíbrio de equações simples do cotidiano. As vezes se espera a vida toda para entender o que é ser feliz, ser paciente, bom pai, filho e irmão, mas se não começarmos a buscá-la agora, pode ser tarde demais.

Por isso, que se viva, na loucura ou serenidade, que se viva, na urgência ou paciência, mas que se vida, se viva e seja feliz.

* Victor Matheus

A ARTE DO EQUILÍBRIO




Hoje me questionei porque (ou por que, porquê, ou por quê, mas pouco importa o jeito correto) falo tanto pelos cotovelos sem parar.

É fato que há pessoas falantes, outras ouvintes, outras surdas, e outras mudas, mas como equilibrar tal equação para não se tornar desagradável, exagerado, ou prepotente?

Percebi também que questionar e duvidar é algo incosciente na minha forma de viver nesse mundo. Pergunto, desafio, experimento, me arrependo, mas não deixo nunca de buscar respostas para minhas inquietações mentais e espirituais.

Já tentei meditação, budismo, misticismo, bebidas e até abstinência, sem ter sucesso algum pra achar tal respostas. Tudo que meu coração, de porta aberta, clamou, jamais as teve, porém no fim do túnel uma luz surgiu em meu caminho.

Não estou aqui, pra pegar uma doutrina, dar testemunho ou algo assim, pois cada um sabe da sua vida, e a real e que ninguém dá a minima pra você ou eu, mas o fato é que escrever é bom, alivia a alma e me faz ter uma comunhão com o mundo de certa forma.

Gosto de palavras, tanto quanto a abelha do néctar, e sendo assim porque esconder o que sinto para as pessoas, mesmo elas não dando a mínima pro que escrevo? É simples, por que me faz bem.

Estou aqui, catalizando por outros caminhos, dessa vez usando o oposto dos versos, pela necessidade de escrever mais, e falar menos. Um simples exercício na busca do equilíbrio.

Com a edução que me foi dada, termino essas pequenas linhas sem sentindo desejando boas vindas a este espaço onde o que importa é escrever o que pensa e sente, sem medo de parecer ridículo ou sonhador.

Por certo tempo amei mais o mundo e as pessoas do que a mim e ao que realmente importa, a vida eterna e nosso Deus, mas agora, algo especial vem me transformando por dentro, e me dando clareza ao que antes estava tão borrado em meus pensamentos e no coração, dando as respostas e soluções para minhas inquietações e medos.

Enfim, estou aprendendo a arte do equilíbrio, e desejo de coração um dia poder atingi-lo em sua plenitude.

"Amar ao próximo, amar a sí mesmo, e acima de tudo amar a Deus, pois ele te amou primeiro." - esse é o mantra.

* Victor Matheus