“O
desejo é uma árvore com folhas; a esperança, uma árvore com
flores; o prazer, árvore com frutos.” O pensamento de Guilherme
Massien contrasta perfeitamente com a realidade de nossos dias.
Nossa
sociedade atravessa um tempo de valores invertidos, de extremo
egocentrismo, egoísmo absoluto e um falso moralismo, por hora,
prefiro acreditar, que seja passageiro. Neste ambiente vampírico,
presenciamos a persistência das pessoas em erros grotescos, que
sucumbem ao tempo e revelam quem somos de verdade: hipócritas. Ainda
assim, por mais que a frase possa soar genérica e agressiva, sei que
a carapuça servirá apenas para aqueles de espírito pequeno e de
pouca luz. É para estes pobres de espírito que dedico a verdade que
acredito embalada nestas linhas.
Infelizmente,
todos os dias, ao nos depararmos com as manchetes de jornais,
encontramos notícias sensacionalistas, e na maioria das vezes,
abordando temas negativos, como corrupção e violência. Creio que
seja apenas reflexo do comportamento diário de nossa sociedade, mas
o mundo gira apenas em torno do umbigo do torto, errado e ruim? E o
lado oposto dessa história? Porque não merecer destaque também?
Porque o homem insisti em superestimar o mal e apenas coexistir sem
cultivar e reverberar o bem?
Há
pouco tempo atrás, tive a tristeza de receber a notícia que um
amigo não tão próximo de mim, mas muito querido por todos que
vivem a sua volta, havia sofrido um terrível acidente, colocando em
risco sua vida e podendo comprometer para sempre seus movimentos, o
impedindo de fazer o que mais acentua o brilho de sua estrela: tocar
guitarra. Até aí tudo bem, afinal, presenciamos fatos assim
diariamente, e por muitas vezes sem causar qualquer tipo de mal estar
em nossa rotina. Apenas manchetes de jornal para ampliar números,
porém, quando tal manchete está relacionada a um ente querido, um
amigo, familiar, conhecido, ou pessoa de bem que admiramos, um
sentimento de indignação nos contamina involuntariamente. A partir
de então correntes de oração são estabelecidas, atos de
solidariedade em redes sociais, e alguns oportunistas sugando da
tristeza do próximo o alimento para nutrir o sadismo psicológico da
ganância dos espíritos pequenos se aproveitam de tal situação
para fazê-lo sem pudor algum.
Passado
a tempestade, os medíocres seguem sua rotina “glamourosa”. Por
certo muitos daqueles voluntários nem se quer lembram do ocorrido,
ou pior, não continuaram exercendo as boas ações despertas pela
tragédia inaceitável e revoltante. Continuam a seguir suas
medíocres vidas de pseudo status, compartilhando falsidades
maquiadas em instagrans, facebook's e twitters com a estampa
#felicidade, #love, e blá blá blá, enquanto o mundo a sua volta
sucumbi em crise econômica, política, ambiental e social; mais
vidas sem merecer são ceifadas de nosso cotidiano e servindo de
lenha para alimentar as manchetes sensacionalistas de jornais. O
ciclo vicioso se perpetua. A chance de mudar e fazer algo novo foi
enterrada.
Felizmente,
ainda há pessoas que seguem sua jornada mas não esquecem das portas
paralelas que a vida nos abre diariamente, das conexões espirituais
e frequências mentais que estabelecemos com outras vidas. Para
estes, o alimento não vem da dor, mas da esperança. Se antes me
senti impotente e acometido de uma profunda tristeza, por saber que
uma pessoa querida por mim, jovem, forte, pai, músico e de bom
coração, no qual enxergo muito de mim e de outras vidas que admiro,
agora sinto-me com o peito cheio de alegria ao reencontrá-lo e vê-lo
retomando sua jornada, mesmo que o progresso ainda seja tímido, mas
que pressa em chegar ao topo da montanha?
O
desejo de querer o bem o próximo, a esperança que dias melhores
virão, e o prazer em ver que a união de vidas serventes ao
propósito do bem ao próximo, me faz continuar a crer que vale a
pena estar neste mundo e cultivar o bem. Ver a jornada de uma vida
não tão próxima a minha, mas da qual tenho apreço, ser retomada e
superando a lógica médica, expandi meu peito de felicidade, e me
ensina mais uma vez a maior lição de todas que devemos levar desse
mundo: amar ao próximo, sempre.
* Victor Matheus