FELIZ DE HAVAIANAS

Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.” - Mahatma Gandhi

Certamente todos nós, em algum ponto de nossas vidas, já nos perguntamos: Somos felizes de verdade? Temos tudo que precisamos para gritar pro mundo que adoramos nossa vida? Ou simplesmente ignoramos o fato real que permanece constante na vida de qualquer ser humano que chega a esse planeta, aquela inquietação interna, a busca quase obsessiva pela tal felicidade, a paz de espírito, o prazer pleno, quase divino e imaculado, mas que tal qual uma longa escalada ao pico de uma imensa montanha, por vezes é difícil, tortuoso e até dolorido... Você já viu esse filme algum dia?

Conheço muitas pessoas que tem, do ponto de vista social, vidas maravilhosas, com posses, estrutura familiar, bons ofícios, capital financeiro, casa própria, carro do ano, celular bacana, que viaja quase que mensalmente para lugares maravilhosos ao redor do mundo, mas ainda assim “reclamam” de suas vidas, e deixam transparecer que apesar de tudo que tem, em termos materiais e de status, não são felizes de verdade, o que me faz pensar que inversamente proporcional é a felicidade plena quando o indivíduo menos tem com o que se preocupar, e isso inclui menos apego ao material, a opinião alheia, a necessidade de encontrar em algo inorgânico, o prazer verdadeiro de estar por aí, caminhando nesse mundo.

Em contra partida, também conheço muitas pessoas que, apesar das dificuldades da vida, a falta de dinheiro no bolso, a contra atrasada da parcela do carro, etcétera e tal, não se deixam abalar, e emanam mais luz e felicidade do que muitos bem sucedidos financeiro, social, e profissionalmente, simplesmente porque essas pessoas acabam descobrindo que a felicidade não está ligada a coisas materiais... Se o coração está aquecido de amor e de boas energias, todo o resto acaba se tornando secundário, e o mundo, a vida, Deus, ou o destino, como prefira definir, acaba conspirando ao seu favor, abrindo caminhos antes difíceis, e os problemas de outrora, quando menos se percebe, já foram superados.

Por um bom tempo, tive um hábito pitoresco que devo compartilhar: Adorava andar com um par de sandalhas “sustentáveis”. Deixe-me explicar melhor: Usava um “pé” de uma marca, e “outro pé” de outra marca. Do ponto de vista estético não era nada bonito, mas para mim pouco importava. Sempre me agradou esquisitices, e o “par híbrido” de sandalhas atendeu perfeitamente as minhas necessidades por um longo tempo. Eu poderia a qualquer momento comprar um par de sandálias novas, pois recurso financeiro nunca me faltou, mas acabei me apegando aquele par de sandálias de tal maneira que foi difícil praticar o desapego e subistui-los por um par novo. Assim o tempo passou, até que um dia percebi que até o par de sandálias sustentáveis estava desgastado demais para continuar sendo usado. Resolvi então aposentá-los e adquirir novas sandálias.

Percebi algo diferente dentro de mim quando realizei a compra das novas sandálias... Senti um imenso prazer no meu coração ao concretizar aquele desejo banal e fútil, quase sempre ignorado por muitas pessoas, afinal quem sente prazer em comprar sandalias? A lógica seria nos emocionarmos ao comprar uma casa nova, um carro do ano, ou aquele celular de última geração que só vende nos Estados Unidos... Naquele instante, percebi que não preciso de muito para ser feliz nessa vida. Encontrei prazer e satisfação tanto material como espiritual num pequeno gesto... Compreendi que nessa vida, feliz são aqueles que não precisam de posses para alimentar seus sentimentos, mas sim aqueles, que de desprendem de tudo, e ainda assim são felizes, apenas pela razão de ser. Talvez, somente com essa experiência, pude dar razão as palavras do grande sábio Gandhi: “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.” Por fim a lição que compartilho é: Quando praticamos o desapego, ou encontramos o prazer nos pequenos detalhes da vida, encontramos verdadeiramente o sentido para sorrir, ser feliz, e compartilhar amor... Eu sou feliz, com muito ou pouco no bolso, não importa, eu continuo feliz, de havaianas, sorrindo pra vida!

* Victor Matheus