O CAMINHO DA FELICIDADE

Certa vez um tal Gandhi disse que “Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”. Não sei de que forma esse simples mantra pode ecoar no seu coração mas no meu causa sempre uma profunda e positiva reflexão que me faz enxergar além da linha que beija o horizonte e suspende minha consciência ao ponto de me comungar com o divino.

Acredito no poder das palavras, na capacidade que elas têm de transformar profundamente nosso inconsciente que por muitas vezes está seco de sentimento e vida por algo magnífico como um quadro de Da Vinci, uma melodia de Paganini, um céu estrelado de verão, um álbum de fotografia da nossa infância, um passeio no parque de diversão.

Tem dias que a gente acorda com vontade de andar sem direção, apenas caminhar para frente, seguir sem olhar para atrás, divorciado da saudade, sem pensar num abraço compartilhado, num sorriso que te faz bem, um último pensamento de carinho a quem se ama antes de adormecer e se revitalizar para um novo dia, um novo sol nascente... Simplesmente caminhar sem destino, sem medo do mau, apenas ouvindo a voz do coração e conversando com o silêncio.

Há dias intensos também, que dá vontade de engolir o mundo num gole só! A ordem é fazer tudo no agora, de imediato, e pra já, sem censura ou medida de conseqüências quase sempre nocivas quando a vontade é da carne e não do coração... É uma vontade danada de respirar todo ar do mundo, de querer distribuir sorrisos, doar amor, se dividir em mil pedaços, virar luz e ainda assim continuar vivo. Uma mão dupla de ação, energia, sentimento, que nunca tem ponto de chegada. As vezes é até estranho, mas quem nunca sentiu isso um dia?

E ainda há dias de se pedir perdão, de refletir sobre os erros, de purificar o espírito, de estender a mão e se permitir outra chance. São dias de recomeço, de novos ciclos. Mas e as palavras e seus poderes místicos que citei no começo da prosa? Ah! O segredo está bem diante de nossos olhos, basta crer... Porque perder tempo reclamando da vida, quando a mesma vida te dá infinitas possibilidades? Por que lamentar o que passou e que nunca mais voltará se na próxima esquina pode estar um novo amor? Por que se entorpecer de ilusão ou fingir que está tudo bem ao invés de derramar lágrimas sem receio, apertar o travesseiro e esperar a chuva passar? Não há por que ter vergonha de nossas fraquezas.

São dias assim que percebo como sou um cara de sorte, abençoado por ter o privilégio de fazer parte desse universo, me encontrar e reencontrar infinitamente, por estar sempre buscando estabelecer laços verdadeiros e sinceros de sentimento e afeto com outras pessoas, trocar abraços, olhares de carinho, apertos de mãos, sentir o calor do espirito transcender a matéria e caminhar para frente. Eu sou mesmo um cara de sorte e eternamente grato por essa dádiva.

E o poder das palavras? Existe mesmo? Já dizia Drumond que “Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”... Ainda bem que não sou o único que pensa assim.

* Victor Matheus