VIDA DI PAI

Hoje é dia de celebrar a vida. Dia de celebrar a melhor composição que já escrevi. Hoje comemoro o primeiro mês de nascimento da minha filha Alessa Valentina, e estranhamente é a primeira vez que escrevo sobre o carrossel incrível que embarquei há algumas semanas atrás, e enfim, compreendi definitivamente o significado de todos os conselhos diários que recebi dos meus pais ao longo dos meus vinte e já tantos anos... É, chegou a minha hora, o momento que mais desejei por toda a minha vida: Enfim sou pai.

Por muito tempo, desde a descoberta da vinda da nossa Manga Rosa, acreditei que pouco da minha vida mudaria com a chegada de uma nova vida ao meu convívio... Que ilusão! Ou seria melhor dizer que tentei me enganar, mas saberia que tudo mudaria afinal e jamais voltaria a ser como antes... Já havia me acostumado com a vida de casado, deliciosa e surpreendente da qual só mudou meu caminho para melhor, mas agora, com a chegada de nosso presente divino, tudo, absolutamente tudo em minha vida mudou de sentido. Acontece o mesmo com a sua vida? Então você se depara com muralhas quase impossíveis de serem vencidas, por imaturidade mesmo, ou talvez por receio... Responsabilidade? Infinita. Ansiedade? Diária. Medo? Porque não? Felicidade? Plena. Sinto-me assim, num caldeirão de emoções intercaladas sem deixar aviso prévio... Quando você pisca tudo está flutuando a sua frente, e você precisa agarrar essas partículas, antes que o tempo passe e você se perca no caminho.

Faz sentido todos os ditados populares, fazem sentido todos os conselhos, dos tios, dos amigos, do vizinho, dos pais, dos avôs... Faz sentido tudo! Só quem é pai ou mãe entende o que é ver sua vida transformar volatilmente quando em teus braços está um pequeno ser que depende totalmente de você... E lá se vão noites e mais noites em claro, a mesma melodia diariamente de comunicação do bebê com os pais, o temível, quase insuportável e angustiante choro de fome, choro de cólica, choro de manha, choro de sono, choro de saudade, e por que não o choro de desespero dos pais que não sabem mais o que fazer para calar a sensível boca do seu filho que está aos berros em plena quatro horas da madrugada tentando lhe falar algo? Aprende-se a ter mais paciência ainda, a ter mais humildade em reconhecer seus limites, a ter mais a aprender do que ensinar nesse começo de história... Que loucura a vida de pai!

Hoje nossa Manga Rosa completa o primeiro mês de vida, e percebi que não há mais cabimento em minha vida seguir sem a presença dela e de minha esposa Paula ao meu lado... É como se ao me olhar no espelho, vendo aquela face cansada, abatida pelas noites mal dormidas, enxergasse perfeitamente no fundo dos olhos a essência do que me tornei hoje... Descobri há pouco tempo que vim ao mundo com a dádiva dada por Deus não para ser um bom escritor, um bom músico, um bom professor, um bom filho, um bom esposo... Talvez eu seja mesmo tudo isso e não enxergue por agora, mas uma certeza latente está definitivamente enraizada no meu peito: Eu nasci pra ser pai. Eu nasci pra prover e para amar incondicionalmente um ser para todo o sempre. Minha filha me mostrou o caminho. Obrigado Vida.

* Victor Matheus