“Não tenha medo de crescer lentamente.
Tenha medo apenas de ficar parado.”
Saudade é uma palavra tão diminuta e inversamente
proporcional ao que representa que fica difícil defini-la... Para uns, um
sentimento inerente a natureza humana, saudável, necessário, inspirador... Para
outros, um martírio, um catalisador de angustias, desespero, e principalmente dor.
Vejo a Saudade como um sentimento de conexão entre o
velho e o novo, uma janela aberta revelando nosso passado que jamais retornará
ao agora, materializado em fotos, músicas, roupas, filmes, livros, pensamentos
e sonhos... Ao transpor esta janela, muitas vezes, revemos o que ficou para
trás de óticas diferentes, principalmente com o distanciamento maior do agora
com o que foi escrito em nossa jornada há algum tempo... Sinto que a cada passo
dado a frente, o passado, outrora tão vívido na memória, fica cada vez distante
e borrado, guardado no fundo do baú do nosso coração...
Às vezes, em momentos intensos de nossa vida, ficamos
perdidos, sem rumo, sem tomar a decisão correta e sadia... Outras vezes,
sentimos certo arrependimento por certas escolhas, que a princípio parecem ter
sido feitas com convicção mesmo sendo precipitada ou por um impulso momentâneo,
ignorando o que há de mais sincero e prudente em cada um de nós: A voz do
coração. Então, inevitavelmente acabamos sempre a nos questionar, quase sempre
de forma acusadora e penitente, o porquê de termos feito ou agido de tal forma...
Será que fizemos o certo? No que se baseou nossa decisão? Porque a tomamos, sem
antes dar tempo para concretizar as idéias? Realmente é o caminho certo a
tomarmos? E principalmente, perguntamos a nós mesmos, diante do espelho, para o
nosso coração se o que desejamos realmente é sadio para a nossa caminhada nesse
mundo?
Há em nosso dia a dia, uma urgência muito grande das
pessoas em preservar o que já não soma a nossa vida, em persistir em alimentar
o que já foi escrito e não pode se apagar... Nada errado em cultivar
lembranças, em permitir nos inebriar de sentimentos tênues e latentes, desde
que não percamos o foco, e não deixemos nos entorpecer por algo ou alguém que
por razões não faz mais parte do nosso presente...
A natureza, em sua sabedoria, sempre dá razão e
justificativa para tirar o velho e dar lugar ao novo, e na sua dádiva, ainda
nos dá ferramentas para termos lucidez diante do que está batendo a nossa
porta... Por isso sejamos atentos ao que o mundo ao nosso redor nos diz, e se
ainda assim sentirmos a vista turva diante de decisões, não esqueça jamais que
a sabedoria está dentro de cada um de nós. Apenas ouça a voz do coração, sem
medo, sem receio, e saberá que fez a escolha certa. Não duvide. Evoluir é se
permitir dar um passo de cada vez.
* Victor Matheus