Paciência: A virtude dos sábios?




De uns tempos pro agora venho me observado calculadamente no dia a dia. Analisando, se é que pode ser possível, minhas atitudes diante da vida e dos desafios gerados por minhas escolhas.

Percebi que um dos traços de minha personalidade é a urgência de querer tudo para o agora, nesse instante, sem medida de consequências ou sequelas planejadas e o inevitável sempre acontece, de ouvir das pessoas que me falta a tal da paciência, o que não deixa de ser verdade, mas então porque tanta urgência em viver a vida em sua plenitude?

Que paradoxo louco esse, afinal admiro tanto as pessoas com mais vida, com mais idade, com rugas, cabelos brancos, me projeto de tal forma, e até nisso a vontade que seja agora me persegue em vez de dar tempo ao tempo e gozar de minha juventude livre.

Seria eu um rio em corredeira, um turbilhão de emoções simultaneamente, com ondas num mar revolto castigado pelos ventos, quando na verdade, jamais parei para admirar um lago calmo e sereno? Acredito que até agora sim.

Esta realmente é uma boa metáfora para se usar quando o assunto é ter paciência. Eis a questão: Ser rio, movimento, corredeiras em direção ao mar; ou lagoa, calma e serena, esperando o tempo passar e gozar da vida sem ação alguma; Há um meio termo para este dilema existencial?

Meu coração é de certa forma os dois opostos, alternadamente, e pode-se dizer, por ciclos também. Tentando explicar, seria algo, imaginem, um belo rio selvagem descendo dos montes, desbravando as terras por cachoeiras, corredeiras, dilacerando as margens com suas correntes de água, até atingir um grande, sublime e calmo lago, que reflete o céu azul, onde o mais simples tocar de um passáro no espelho da água, pode mudar toda a rotina do lugar.

Pra deixar tudo mais preto no branco, outro exemplo seria a clássica ressaca, mesmo que seja a moral. A loucura do descontrole, as insanidades, o terremoto de emoções e distrações, e no fim de tudo, aquele silêncio ensurcededor que se faz necessário para recuperarmos nosso equilíbrio físico e mental, não é verdade?

Aonde quero chegar com todas essas filosofias baratas de mesa de botequim ordinário? A lugar nenhum. A jornada é o objetivo, Já li isso em algum lugar, por certo que sim.

Minha urgência não está em exercer a paciência, ou mandá-la a merda e retornar a ser o volátil jovem inquieto, mas sim em compreedê-la e usá-la da melhor forma possível e racional quando achar necessário.

Sim, um pouco de loucura faz bem a vida também, por que não? Já experimentou correr pelado, pular da ponte ou segurar o ar debaixo da água? Toda sua vida passa num segundo, quando a coloca em perigo, e essa mesma vida passa quando se tem a paciência de esperar que ela aconteça naturalmente, sem forçar algo ou planejá-la como um jogo de xadrez.

Antes de qualquer decisão, viva, é isso que importa. Enquanto o coração bate e o tempo passa, não tem como retornar, pois as rugas chegam ,os cabelos brancos, o espírito amadurece, e se perde somente aquilo que quiser.

Não é preciso ser nenhum sábio para entender, que para a felicidade, basta encontrar o equilíbrio de equações simples do cotidiano. As vezes se espera a vida toda para entender o que é ser feliz, ser paciente, bom pai, filho e irmão, mas se não começarmos a buscá-la agora, pode ser tarde demais.

Por isso, que se viva, na loucura ou serenidade, que se viva, na urgência ou paciência, mas que se vida, se viva e seja feliz.

* Victor Matheus