PONTO DE EQUILÍBRIO

No dicionário da língua portuguesa, a palavra “equilíbrio” é um substantivo masculino, que tem como significado “estado de repouso de um corpo solicitado por várias forças que se anulam”; porém, equilíbrio tem um significado que vai além das linhas dos livros didáticos. Na prática, quando aplicamos esse conceito em nosso cotidiano, descobrimos um mundo novo, no qual, assim como na descrição citada acima, várias forças se anulam, ou do meu ponto de vista, se complementam. Dominar essa difícil arte em nosso dia a dia requer muita paciência, tempo e sensibilidade.

Quantas vezes durante o mesmo dia perdemos o equilíbrio? O físico, o emocional, o espiritual? E vou além, quantos vezes durante a vida perdemos completamente o senso do que nos completa em vários aspectos de nossa jornada e não percebemos até a desordem e o caos tomar conta de nós? Até que ponto essas experiências são boas e ruins em nosso caminho? Como fazer para recuperá-lo?

Quando perdemos o foco por algum tropeço, um dia nublado, uma dor de dente, um amor não correspondido, mergulhamos num abismo de experiências que acreditamos ser o melhor remédio para curar as tais feridas, sem perceber que ao invés da cura, a gente expõe mais as chagas, e nos revelamos do avesso inconscientemente para o mundo. Não falo de fé e crenças no divino, pois cada um tem sua convicção e não estou aqui para convencer ninguém. Sua vida, seu caminho é você quem faz, e ninguém tem direito de controlar seus passos, apenas quando assim você desejar.

Muitas pessoas procuram uma fuga quando a desordem assume o controle. Caem na esbórnia, em aventuras arriscadas, noites de insônia, isolamento, solidão. Não que isso seja de um todo ruim, mas ativar o “foda-se” em modo constante pode provocar muitos efeitos colaterais. Aí depois dessa volatilidade emocional se armam de muros intransponíveis, acreditando que assim se fortalecem. Focam suas energias em vivências passageiras e superficiais quando poderiam na verdade estar compartilhando as fraquezas e belezas de sua jornada de forma sincera, despidas de qualquer censura. Aí nos perguntamos: Mas nos expor não nos deixa vulneráveis? Há as pessoas e momentos certos para isso.

Nessa história não há certo e errado, pois cada um com seu cada um. Acredito que em qualquer ponto de nossa caminhada, quando sentirmos que algo está errado, devemos olhar do outro lado do espelho, e perceber que as vezes nossas fraquezas demonstram nossas melhores qualidades, que pessoas que não julgamos serem essenciais em nossa vida podem ser o nosso anjo da guarda. Acredito que para todo o tropeço há uma mão estendida para te ajudar a se erguer. Quando encontramos nosso ponto de equilíbrio, nossa homeostase, o que para alguns significa a tampa da panela, para outros a realização pessoal, seja como for, passamos a enxergar o mundo de uma maneira mais ampla, conectada e harmoniosa. Equilíbrio é mais que uma palavra positiva, é um estado de espírito que nos eleva ao divino.

* Victor Matheus